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Campo Futuro levanta custos de produção em quatro estados
Grãos, aves e suínos, frutas, cana, café e hortaliças foram as cadeias analisadas
Brasília (02/08/2024) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), por meio do projeto Campo Futuro, realizou nesta semana cerca de 20 painéis para levantamento de custos de produção das cadeias produtivas de grãos, aves e suínos, frutas, cana-de-açúcar, café e hortaliças, em quatro estados brasileiros.
A partir dos resultados levantados nos encontros, a CNA alia a capacitação do produtor à geração de informações estratégicas do setor rural, contribuindo para as tomadas de decisão no campo. O projeto também possibilita o gerenciamento de preços e do comportamento da produção.
Confira os principais dados dos painéis dessa semana:
Cana-de-açúcar (São Paulo) – Em Novo Horizonte, produtores e técnicos definiram para a safra 2024/2025 uma propriedade modal de 200 hectares de produção, com produtividade média de 70 toneladas por hectare, qualidade de matéria-prima de cerca de 135 quilogramas de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana e 5 cortes por ciclo produtivo. Para o modelo, o plantio é realizado de forma 100% manual, enquanto a colheita é totalmente mecanizada.
Já em Penápolis, a propriedade possui 150 hectares, produtividade de 70 ton/ha, 110 kg de ATR/t de cana e 5 cortes. Nesse modal, 10% do plantio é realizado de forma mecanizada. Em Morro Agudo, a propriedade modal de 250 hectares tem estimativa de produtividade de 90 toneladas por hectare e 135 kg de ATR/t. O plantio mecanizado tem crescido no município, correspondendo a 30% do total, até o momento.
A assessora técnica da CNA, Eduarda Lee, que acompanhou os painéis, afirmou que em todas as regiões, os produtores relataram problemas severos com seca na atual safra, que vão impactar a produtividade e causar queda em relação à safra 2023/2024, e dificuldades na contratação de mão de obra, que já vêm de ciclos anteriores.
Aves e Suínos (Santa Catarina) – Levantamentos de custos de produção de avicultura e suinocultura integrada foram realizados em Santa Catarina. O painel de aves de corte aconteceu em Itapiranga, onde a propriedade modal considerada possui dois galpões (aviários) e produção de 43,2 mil aves (frango pesado) por lote. Nesse sistema, o Custo Operacional Efetivo (COE) totalizou R$ 1,97 por ave.
Em Ipumirim, a propriedade definida conta com um aviário e alojamento de 15,6 mil aves por lote, em 6 lotes anuais. Segundo o assessor técnico da CNA, Rafael Ribeiro, nesse sistema, o COE ficou em R$1,57 por ave. Já em Chapecó, a propriedade modal possui aviário e alojamento de 33,5 mil aves por lote, em 5,9 lotes por ano. O COE fechou em R$1,50 por animal.
O painel de custos de produção de leitões desmamados (UPD) foi realizado em Seara, para uma propriedade com 1,5 mil matrizes. O COE da UPD ficou em R$ 31,31 por leitão. Ainda em Seara, foram levantados os custos das unidades de terminação de suínos (UT), considerando uma propriedade que termina 1,3 mil suínos por lote, em 2,92 lotes por ano. O COE ficou em R$46,95 por suíno terminado.
Grãos (Mato Grosso) – Nesta semana, os custos de produção de grãos foram analisados em Mato Grosso. No município de Campo Novo do Parecis, os produtores relataram falta de chuvas durante o plantio e desenvolvimento da soja, resultando em uma média de produtividade de 45 sacas por hectare, quebra de 15 sacas em relação a 2023.
Segundo o assessor técnico Tiago Pereira, diante das baixas rentabilidades do milho segunda safra, os produtores investiram no milho pipoca, que também sofreu com o clima, colhendo em média 70 sacas/ha, 20 sacas a menos que o planejado.
Em Sorriso e em Sinop, o clima seco também impactou na produtividade da soja, que fechou com média de produtividade de 55 sacas por hectare, total de 10 sacas a menos que a safra anterior. Por outro lado, o milho segunda safra se desenvolveu dentro do esperado, colhendo em média 120 sacas/ha.
Na região de Querência, o clima quente e seco também afetou as produtividades médias da região. A soja fechou com média de 50 sacas e o milho com 105 sacas/ha. “No geral, com as produtividades e preços recebidos, os produtores tiveram dificuldades para saldar os desembolsos da safra, devido à queda dos preços”, explicou Tiago.
Frutas e Hortaliças (Bahia) – Durante a semana, a CNA levantou os custos de produção de frutas e hortaliças na Bahia. No painel de laranja em Rio Real, foi definida uma propriedade modal com 10 hectares cultivados com a fruta, em sistema não irrigado e semimecanizado. A título de construção dos custos e receitas, considerou-se um pomar já estabilizado, em 5º ano de cultivo. O plantio é realizado utilizando mudas enxertadas, e embora sejam utilizadas também outras variedades como porta-enxerto, o limão cravo predomina.
Letícia Barony, assessora técnica da CNA, usualmente são conduzidas duas safras ao ano na região, com produtividade de 40 toneladas ao ano. A comercialização é realizada com intermediários e a laranja destinada ao mercado de mesa ou indústria. A região possui grande potencial de expansão, mas há um alerta em relação a prevenção doenças e pragas na região, em especial o greening .
Em Inhambupe, foram levantados os custos de produção de lima ácida tahiti. O modal da região possui uma área de cultivo de 4 hectares cultivados com a fruta, em sistema semimecanizado, não irrigado. O número de safras por ano é variável, a depender do clima e condições propícias para poda e indução floral. Para o painel também foi definido um pomar estabilizado, em 5º ano de cultivo, com produtividade 5 caixas de 25 quilogramas por planta, 69 toneladas/hectare ao ano.
Já em Ibicoara, na Chapada Diamantina, o painel foi realizado com produtores de morango. Foi definido uma propriedade modal com 0,5 hectares cultivados com a fruta, em sistema de cultivo irrigado, semimecanizado. A atividade é conduzida por mão-de-obra familiar, sendo contratada mão-de-obra terceirizada para condução de alguns tratos culturais, como plantio e limpeza de folhas velhas.
“Cabe destacar que, além de precificação diferenciada, há também variação nos custos. Para os morangos premium e especial, por exemplo, há custo com embalagem, item que já representa cerca de 25% dos Custos Operacionais Efetivos (COE)”, disse Letícia.
Café (Bahia) – O levantamento de custos de produção do café arábica ocorreu no município baiano Piatã. A cafeicultura da região é predominantemente de agricultura familiar, havendo auxilio de mão-de-obra externa em algumas etapas, principalmente na colheita. A propriedade modal possui 3 hectares cultivados, em sistema não irrigado e manejo manual, sendo a variedade Catuai 144 a de maior expressividade na região.