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Agro que transforma, impulsiona e promove
Artigo: Sueme Mori*
Com uma extensão um pouco menor do que Portugal, Santa Catarina ocupa apenas 1,12% do território nacional. Muito conhecido pela beleza das suas praias, o Estado também possui posição de destaque em termos de produção e exportação de produtos agropecuários, especialmente de proteína animal. Detentor do maior rebanho de suínos do Brasil e ocupando o segundo lugar nas exportações de carne de frango, Santa Catarina foi responsável por quase 5% de tudo o que o agro brasileiro vendeu ao exterior em 2022, US$ 7,85 bilhões.
Em função da sua relevância no cenário agropecuário nacional, o Estado foi escolhido para receber a 8ª edição do projeto AgroBrazil, uma iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que leva diplomatas estrangeiros para conhecer a realidade da produção agropecuária do País.
Durante uma semana, representantes de embaixadas conheceram a diversidade da produção de Santa Catarina e puderam conversar pessoalmente com quem trabalha no campo. Maricultura, vitivinicultura, produção de frutas, lácteos e grãos. Esses foram alguns dos setores contemplados durante a visita, que iniciou em Florianópolis e percorreu todo o Estado, até Chapecó, no extremo oeste. Já no primeiro dia, a visita a uma fazenda marinha que produz ostras foi uma das que mais chamou a atenção dos diplomatas, tanto pela forma de cultivo quanto pela história de como o Estado se tornou o responsável por 95% da produção brasileira de mexilhões e ostras.
A trajetória de sucesso do desenvolvimento da ostreicultura em Santa Catarina é resultado de um esforço conjunto de organizações de pesquisa e apoio à atividade agropecuária, como a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), e os pescadores da região
Atualmente, a UFSC possui o único laboratório de sementes de ostra do Brasil com produção regular, que fornece o insumo para todo o Brasil. Há, em curso, algumas iniciativas privadas para implantação de outros laboratórios.
O Estado produz aproximadamente 2 mil toneladas de ostras por ano. Em 2018, o valor estimado da produção foi de cerca de R$ 19 milhões. Apesar do montante ser bem inferior ao de outras cadeias, como suínos e aves, a produção de ostras e outros moluscos gera renda ao longo da sua cadeia e movimenta a economia local, seja pelo estabelecimento de restaurantes especializados ou pela criação de empregos nas fases de processamento, distribuição e comercialização da iguaria. Quem visita o bairro do Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, consegue perceber a importância da ostreicultura para a região.
Esse efeito positivo que a produção agropecuária gera no seu entorno, de impulsionar o desenvolvimento de outras atividades econômicas, também acontece na serra catarinense, em razão da vitivinicultura. A poucos quilômetros de Florianópolis, a região de Bom Retiro abriga uma série de propriedades voltadas à produção de uvas e vinhos.
Por causa das características únicas da região, os Vinhos de Altitude de Santa Catarina conquistaram, em 2021, o selo de Indicação Geográfica (IG), concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A Rota dos Vinhos do estado surpreende pela qualidade da produção e pela excelente estrutura criada para estimular o enoturismo e, consequentemente, o desenvolvimento econômico.
Ainda na serra catarinense, próximo a São Joaquim, que além de ser famosa pela ocorrência de geadas no inverno, também é conhecida como a capital nacional da maçã, os diplomatas visitaram uma cooperativa que produz e comercializa a fruta, a Cooperserra. Fundada em 1977, a Cooperativa congrega 111 cooperados e produz anualmente 18 mil toneladas de frutas.
O Estado é o segundo maior produtor de maçãs do Brasil e, assim como acontece no setor de fruticultura nacional, as exportações catarinenses ainda são muito baixas. Apesar de o Brasil ser o terceiro maior produtor mundial de frutas, menos de 3% é exportado, o que coloca o País na 26ª posição na lista dos principais exportadores.
Após uma semana de visitas a propriedades rurais de diferentes cadeias, trocando impressões com os diplomatas estrangeiros, duas foram unânimes entre os participantes: como o Brasil possui uma produção agropecuária diversa e a importância de iniciativas como o AgroBrazil, que não só promovem a imagem do setor, mas estabelecem um diálogo direto entre o setor produtivo e a comunidade internacional.
*Sueme Mori é diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
Artigo publicado originalmente na Broadcast