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Goiás

Que tal fazer uma ‘vaquinha’?

23 de maio 2019

Por: Comunicação Sistema Faeg/Senar


Projeto é uma alternativa ao financiamento tradicional de inovação tecnológica na agricultura e meio ambiente

Com o intuito de alavancar novos projetos do agronegócio brasileiro, foi lançado o projeto Vaquinha do Campo, plataforma online de captação de recursos para projetos de startups, pesquisadores, empreendedores já consolidados no mercado e produtores rurais.

Desenvolvida pela empresa de inteligência digital Aurora Empreendimentos, em parceria com o Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), a Vaquinha do Campo foi apresentada oficialmente durante a Tecnoshow Comigo 2019, em Rio Verde (GO), evento que ocorreu de 8 a12 de abril e reuniu mais de 118 mil pessoas, gerando R$ 3,4 bi em negócios.

O que é

É uma plataforma de financiamento colaborativo específico para o agro, dentro do conceito de crowdfunding, mas com ajustes e incrementos para atender às demandas específicas do agronegócio brasileiro.

Como funciona

As pessoas que tenham ideias ou projetos inovadores para o agronegócio e estejam em busca de recursos financeiros para executá-los, poderão se cadastrar online e descrever seus produtos ou serviços nessa plataforma digital web por meio de formulários padronizados. Se forem selecionados, terão visibilidade de diversos tipos de financiadores, desde cidadãos comuns que tenham interesse em adquirir o que se propõe desenvolver até grandes empresas que estejam procurando soluções de melhorias dos seus processos, serviços ou equipamentos.

Quem são os beneficiários

Os beneficiários da Vaquinha do Campo são empreendedores, de startups, do meio acadêmico, do meio industrial e produtores rurais que tenham projetos ou ideias que precisem de recursos financeiros para o seu desenvolvimento.

Como faz para participar

O primeiro passo é se cadastrar no site www.vaquinhadocampo.com.br . Após passar por uma primeira avaliação, o usuário receberá uma resposta com os próximos passos para completar as informações para finalização do projeto. Do outro lado, investidores, pessoas interessadas em inovação, produção de alimentos e meio ambiente e produtores rurais demandantes das tecnologias propostas, podem apoiar os projetos cadastrados na plataforma.

Escolha

De acordo com o coordenador técnico do Ifag, Fernando Borges, o instituto será responsável pela curadoria dos projetos cadastrados na plataforma. Com uma visão técnica e de acordo com as demandas do setor agropecuário, cada projeto será avaliado e ajustado juntamente com o idealizador, para que, ao ser lançado, esteja de fácil compreensão para o público em geral. “Se forem selecionados, os projetos terão visibilidade de diversos tipos de financiadores, desde cidadãos comuns até grandes empresas e produtores rurais que estejam procurando soluções para demandas de melhoria dos seus processos. É uma estratégia sofisticada na solução dos problemas de captação e gestão dos recursos financeiros, necessários para que os empreendedores tenham condições de trazer soluções para as demandas de inovação e tecnologia do setor agropecuário”, enfatiza Borges.

Avaliação

O idealizador e diretor da Aurora, Hélcio Botelho, acredita que boas ideias e projetos têm o potencial de trazer benefícios para o agronegócio brasileiro. “Muitas vezes, as ideias ficam paradas ou são deixadas de lado por conta da falta de recursos e pela burocracia das vias tradicionais. Por isso, em parceria com o Ifag, a Vaquinha do Campo é onde as inovações vão encontrar quem vai se beneficiar diretamente delas,” ressalta. A ideia é que se tenham projetos voltados para temas como sustentabilidade, irrigação, biofertilizantes, logística, segurança, georreferenciamento, certificação, rastreabilidade, agroecologia, energia, capacitação, orgânicos e hardwares. “O meio digital possibilita que inovações desenvolvidas em qualquer parte ganhem o mundo, conseguindo apoio e recursos necessários para revolucionar a atuação no campo”, ressalta o diretor da Aurora Empreendimentos, Tiago Falqueiro.

Experiência

O Sebrae entrevistou dois brasileiros responsáveis por plataformas que auxiliaram projetos a saírem do papel, motivados por este tipo de financiamento. Dorly Neto e Diego Reeberg explicam que é preciso engajamento coletivo para que tudo flua com eficácia. “O crowdfunding segue a dinâmica da vaquinha, desde que as pessoas colaborem juntas. O que faz a diferença é a potencialização da internet. Não existe magia nesse processo, apenas é uma forma poderosa de realização e de engajamento de pessoas,” conta Neto. Reeberg afirma que, o termo crowdfunding existe há mais de 13 anos, e o objetivo do projeto extrapola o simples porque o retorno segundo ele não é para um grupo específico, e sim, para a sociedade.

Correlata

Laudos de Fertilidade

A bióloga e médica veterinária, Marília Gomes Ismar, em parceria com o publicitário Ivan Lucas Nascimento de Paula, a advogada e designer Camila Borges de Oliveira e o desenvolvedor Ronisson Salles Cabral criaram o LeSolo Produtividade, que é um protótipo que começará a ser utilizado em julho deste ano. “A ideia de trabalhar laudos de fertilidade de solo e melhorar a produtividade do produtor rural surgiu durante a minha pesquisa de Mestrado. Como havia participado da 1ª edição do Desafio Agro Startup, e gostado do desafio de pensar em algo inovador para o agro, tive um insight para o segundo evento, e apresentei uma proposta associando meus resultados da dissertação aos dados apresentados pela pesquisa do Ifag,” conta Marília.

De acordo com a profissional, o LeSolo fornecerá ao produtor, seja agricultor ou pecuarista, laudo de análise de solo georreferenciada, além de assistência técnica e gerencial de maneira remota, visando principalmente a produtividade e a diminuição de erros de manejo e os custos dos processos de formação, manutenção e recuperação de áreas agricultáveis. “Já conseguimos bons aliados que abraçaram a causa e apostaram na ideia. O plano é lançá-lo oficialmente na Tecnoshow de 2020 após alguns ajustes que serão feitos durante a fase de teste. Ainda não fomos beneficiados com recursos financeiros por conta do protótipo ainda não estar pronto. Conheci a Vaquinha do Campo durante a feira e é uma boa ideia para nosso projeto,” informa Marília.

Os desafios apontados pela empreendedora são de chegar ao produtor como uma ferramenta que garantirá o aumento dessa produtividade, otimizar o sistema de coleta de solo para diminuir os erros de amostragem por consequência de laudos, realizar parcerias com laboratórios de análises de solo em todo o país e criar uma rede de engenheiros agrônomos habilitados e capacitados para elaborar o laudo de maneira confiável. “Percebemos, de acordo com a pesquisa divulgada pelo Ifag, que o produtor rural reclama da falta de laudos técnicos de fertilidade de solo. No Brasil, 80% de áreas agricultáveis estão em algum estágio de degradação. O foco atual das empresas rurais está voltado para a sustentabilidade da produção agropecuária. São realizadas 4 milhões de análises de solo por ano no país, mas a maioria não sai dos laboratórios com laudos técnicos,” diz Marília.

Geração de negócios no agro

Rafael Ferreira, Rodrigo Florêncio, Eldon Clayton e Guilherme Cunha se uniram para apresentar aos visitantes da Tecnoshow o Avant Agro - Drones e Agricultura. A startup, que tem dois anos de existência, surgiu para realizar mapeamento aéreo de drones, monitoramento de precisão, além de habilitar seus usuários com cursos e treinamentos. A equipe multidisciplinar tem como foco principal o trabalho com os grãos e o segundo ponto é acompanhar as produções de cana-de-açúcar, café e tomate. O diferencial da empresa é atender o produtor na desmistificação do uso do drone. A demanda para o futuro é conectar os consultores aos bons prestadores de serviços com os drones e players desta área pela Avant Conect.

Outra apresentação foi feita pela Bristom, que surgiu em julho de 2018 e foi consolidada em janeiro deste ano após o Desafio AgroStartup. Juliano Peroto, Daniel Gasparini e Cláudio Ávila contam que os principais objetivos da startup são as soluções de automação e monitoramento, como foco em produtores que utilizem dados meteorológicos e/ou irrigação para suas atividades rurais, além do desenvolvimento de solução para demanda específica de um produtor rural. Esta tecnologia segue a proposta de inovação e desenvolvimento do agro levando ao produtor tranquilidade para reduzir sua operacionalidade, tornando o sistema mais autônomo visando a redução de custos. A expectativa da startup é lançar a segunda arquitetura de soluções que está em desenvolvimento com foco na integração e solução de demandas ao produtor.

A Stay Safe de Gustavo Batista, Rafael Jardim, Gabriel Azevedo e Lucas Pereira tem como proposta o armazenamento dos dados colhidos no dia a dia do agronegócio, sempre migrando com cautela para as nuvens e servidores específicos que alinhem sua gestão. Assim, o produtor tem acesso aos seus dados de produção de diferentes dispositivos para monitorar tudo que for atraente e abordar potencialidades da produção. Eles informam que a próxima melhoria é escutar o produtor para solucionar qualquer questão dos dados de forma assertiva.

Texto: Caroline Santana

Comunicação Sistema Faeg/ Senar

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