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Goiás

Quando as ferraduras dão muito mais que sorte
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5 de abril 2019

Por: Revana Oliveira I revana@faeg.com.br

Ainda menino, Fagner Chaveiro ganhou o apelido de Major. Isso por parecer com um personagem de novela que gostava muito de dinheiro. Mas ter uma boa condição financeira era algo distante para o garoto que morava em fazendas do município de Ituaçu, com a família. Na época, o pai trabalhava no campo como vaqueiro.

Quando Fagner estava se tornando um rapaz, ele, o irmão mais velho e os pais se mudaram para a cidade. Ele gostava muito de gado e resolveu tentar a carreira de peão de rodeio. Montava só em bois. Cavalos não eram sua praia. Major ficou conhecido em toda a região, mas dinheiro que é bom, nada. Logo a carreira no lombo dos touros e garrotes acabou. Com apenas o 1º ano do ensino médio, a alternativa foi trabalhar como carregador num frigorífico das redondezas. “Eu passava a noite carregando caminhão. No outro dia seguia direto pra Fazenda Mato Dentro, que é do pai de um amigo meu. Lá eu ajudava com os cavalos e mesmo nunca tendo me interessado antes, eu passei a gostar dos bichos. Foi um tempo difícil, em que em eu ganhava pouco mais de um salário e dormia no máximo duas, três horas por noite”, relembra.

Um dia na fazenda, Major viu uma movimentação diferente. Era um homem ajeitando os cascos e colocando ferraduras nos cavalos. Curioso, ele esticou os olhos em cada detalhe. Só não sabia que também estava sendo observado. O dono da propriedade, Vilobaldo Júnior, viu o interesse do rapaz e se propôs a ajudá-lo a atuar na profissão. “Ele me perguntou por que eu não aprendia a ferrar cavalo e disse que dava dinheiro. Mas eu nem sabia onde fazia curso disso. Ele falou que ia ajeitar pra mim. Foi lá no Sindicato Rural de Ituaçu e me inscreveu no curso de Ferrageamento de Equinos, que é oferecido pelo Senar Goiás,”conta.

No dia do curso, Fagner ajeitou cascos e colocou ferraduras na maioria dos cavalos. Ele que só gostava de bois, tinha jeito mesmo era com cavalos. Mas para seguir a nova profissão tinha outro entrave. Ele não tinha um centavo para comprar as ferramentas. Foi aí que mais uma vez, Vilobaldo entrou em cena. “Ele me levou em Goiânia e comprou todas as ferramentas. Depois eu pagaria fazendo o serviço nos cavalos dele”, lembra agradecido. Major começou ali a montar seu exército de clientes. Hoje, é chamado para ferrar cavalos no estado todo, animais de raça e bem caros. Ele garante pelo menos 80 animais para fazer serviço todos os meses. “Eu já tenho uma agenda. Posso me dar ao luxo de não trabalhar todos os dias. Com esse trabalho eu já comprei carro bom, cavalo caro e tenho uma vida confortável. E além do Vilobaldo, que acreditou em mim, eu agradeço demais ao Senar Goiás por levar esses cursos pra gente. Eu já fiz todos dessa área que eu trabalho e estou sempre buscando conhecimento, porque é isso que transforma a vida da gente”, afirma. Por causa do treinamento do Senar, Major hoje pode até juntar dinheiro, como o personagem da novela que lhe rendeu o apelido.

Segundo o coordenador técnico do Senar Goiás, Marcelo Penha, para ferrar um cavalo se cobra em média R$ 150,00 e dá para fazer o serviço em cinco a dez animais por dia, dependendo da habilidade e do material. “Esse treinamento de Casqueamento e Ferrageamento de equinos é muito importante, porque o casco do animal precisa ser tratado por quem entende. O casco tem muito a ver com a vida dele. Então se a pessoa não tiver o mínimo de conhecimento da anatomia do casco, pode promover uma lesão e esse animal passar a mancar. Pode também abrir uma porta para infecção bacteriana e esse animal entra num processo de dor e pode perder até o casco. Portanto é importante passar pelo treinamento para que o equino possa ser ferrado da forma correta, sem causar dano”, explica Penha.

O presidente do Sindicato Rural de Itauçu, Marcus Vinícius Lino, leva esse curso não só para a cidade, mas também para outros sete municípios da região e muita gente já melhorou de vida depois do treinamento. “A história do Major é só um exemplo de vários Casos de Sucesso que nós temos aqui, com treinamentos nessa área e de muitas outras. O conhecimento transforma mesmo. Nós estamos atendendo onde precisa. Onde tem a demanda, a gente leva a bandeira do Senar com a maior satisfação do mundo”, conta Lino. Os interessados em fazer esse e outros cursos podem procurar o Sindicato Rural da região ou ter mais informações no Senar Goiás através do telefone: (62) 3412-2700.

Fotos: Fredox Carvalho

Comunicação Sistema Faeg/ Senar

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