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CNA promove Workshop Nacional do Trigo
Entidade reuniu especialistas do setor para construir um plano de ação para o desenvolvimento da cadeia produtiva
Brasília (24/11/2023) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reuniu entidades do setor produtivo no Workshop Nacional do Trigo, na quinta (23), com o objetivo de construir um plano estratégico para estruturação e desenvolvimento do trigo no Brasil.
Na abertura do evento, o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, afirmou que o País ainda é dependente da importação, mas que caminha para a autossuficiência.
“Podemos nos tornar autossuficientes e até exportar, por isso a ideia é construir algo que possa se transformar em um plano nacional e, através de uma política mais eficiente do setor, melhorar nossa condição enquanto produtores de trigo”, disse.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e Pecuária, Carlos Goulart, destacou que apesar de ser importador, o Brasil cresceu vertiginosamente nos últimos cinco anos.
“Em curto prazo, continuaremos importando devido às inúmeras variedades que existem de trigo, mas o Brasil vai se tornar autossuficiente na produção nos próximos anos no desenvolvimento e pesquisa de novas tecnologias que melhorem o processo produtivo.”
De acordo com o diretor-geral da Embrapa Trigo, Jorge Leminski, o Brasil já tem estrutura tecnológica para produzir trigo em outras regiões do País, além da região Sul.
“A agricultura brasileira é movida pela ciência e o trigo vai fazer o mesmo caminho que a soja e o milho. É uma cultura descarbonizante (capaz de sequestrar mais carbono do que emite para a atmosfera) e é produzida de forma sustentável.”
O workshop ainda contou com palestras sobre as perspectivas para o mercado mundial e competitividade na produção de trigo e discutiu em quatro grupos de trabalho temas como pesquisa e produção, processos industriais e comerciais, legislação, infraestrutura e logística.
Na palestra sobre ‘Cenários para o mercado mundial de trigo’, o especialista da empresa StoneX, Jonathan Pinheiro, afirmou que a redução nos estoques mundiais do cereal devido às questões climáticas e à guerra Rússia/Ucrânia, principais produtores, podem estimular a produção nacional, visto que grandes compradores buscam melhores ofertas em países como Brasil e Argentina.
Pinheiro falou ainda dos desafios brasileiros para produzir mais trigo e das estimativas para a produção na safra 2023/2024, que deve ser de 9,2 milhões de toneladas, 16,7% menor que na safra anterior devido aos impactos do El Niño na lavoura. “Temos trigo de qualidade, área e tecnologia para produzir em outras regiões, mas a capacidade de armazenagem ainda é um problema.
Mauro Osaki, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea)/Esalq/USP, abordou a ‘Competitividade e os custos de produção’ do trigo a partir do levantamento de custos feitos pelo projeto Campo Futuro, parceria da CNA com o Cepea. “Produtores de poucas regiões do Brasil conseguiram pagar as contas em 2022, ano que a margem bruta recuou 55%, maior recuo da história,” disse.
O especialista mostrou também o levantamento em algumas regiões produtoras como Guarapuava (PR) e Carazinho (RS), onde corretivos e fertilizantes apareceram como os itens que mais impactaram nos rendimentos dos produtores, representando 25,2% dos custos de produção.
Segundo Osaki, outro ponto que pesa na produção brasileira de trigo são as sementes, que representam o maior custo se comparado à produção mundial. "Então, itens como competitividade e logística de exportação devem ser pontos de atenção para o crescimento da cultura no país.”
Durante o workshop foram debatidos temas considerados fundamentais para a estruturação da cadeia. Os participantes elencaram ações prioritárias relacionadas à pesquisa e produção, processos industriais e comerciais, legislação e infraestrutura e logística, que serão consolidadas em um plano estratégico e divulgado posteriormente.
“A CNA tem expertise no levantamento de demandas e no protagonismo em temas estruturantes para diversas cadeias. Nossa atuação é na defesa dos produtores rurais brasileiros e essa sinalização de organização da cadeia do trigo é importante e será coordenada de perto pelo Sistema”, afirmou o diretor técnico da Confederação, Bruno Lucchi.
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