CNA debate erradicação da febre aftosa e ações de vigilância na Cosalfa

Eventos ocorrem até 4 de abril, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia
Brasília (03/04/2025) – A Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou do Seminário Internacional e da 51ª Reunião da Cosalfa (Comissão Sul-americana para a Luta Contra a Febre Aftosa), realizados nesta semana, em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.
Em maio deste ano, o Brasil e a Bolívia devem ser reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) como países livres de febre aftosa sem vacinação.
A CNA integra a equipe gestora do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA) e acompanhou o início das discussões sobre o tema, que resultaram na retirada gradual da vacina no país e, agora, no reconhecimento internacional.
Na segunda (31), o presidente da comissão, Francisco Olavo de Castro, que é delegado do setor privado, e o assessor técnico Rafael Lima Filho participaram das discussões do seminário, que foi realizado dentro da feira Fexpocruz. O diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Marcelo Mota, é o delegado do setor público.

Francisco fez uma apresentação sobre a CNA e o setor privado no Brasil, destacando o papel dos produtores na vigilância contra a doença. “A participação da CNA na Cosalfa tem sido fundamental para mostrar o trabalho que os produtores brasileiros vêm fazendo para contribuir com a retirada da vacina. O primeiro e mais importante momento de vigilância é dentro da propriedade e o produtor precisa estar sempre amparado e bem esclarecido”.
Para Rafael Filho, o seminário representa um momento importante no compromisso coletivo para a erradicação da enfermidade na América do Sul e Panamá. “É uma oportunidade também para os países compartilharem as ações e desafios regionais para fortalecer a preparação frente a uma emergência (ocorrência de caso)”, disse.

Na terça (1º), a comissão esteve presente no XXV Simpósio Latino-americano da Associação Boliviana de Criadores de Zebu (Asocebu), que abordou temas técnicos, como qualidade de carne, nutrição animal e genética. Essa foi uma ação conjunta de integração do setor privado.

No mesmo dia, a CNA participou da II Reunião do Comitê Veterinário Permanente do Cine Sul (CVP) e XXXVI do Comitê de Saúde Animal. A CNA, como presidente da Federação das Associações Rurais do Mercosul (Farm), foi convidada para participar da reunião, que discutiu as ações dos serviços veterinários oficiais (SVO) dos países membros com relação à vigilância para a febre aftosa e capacitação de profissionais para a atuação frente a emergência.

Já na quarta (2), Francisco de Casto e Rafael Filho visitaram a Fexpocruz, a segunda feira agropecuária mais importante de Santa Cruz de la Sierra. Eles acompanharam julgamentos de bovinos de algumas raças, como Nelore, Gir, Brahman, e conheceram estandes de expositores.
No primeiro dia da 51ª Reunião Ordinária da Cosalfa, na quinta (3), ocorreu a eleição do presidente e relator da reunião e debates sobre as resoluções referentes ao último encontro, realizado no ano passado.
Na sequência, foram abordadas as situações dos programas nacionais de erradicação da febre aftosa. De acordo com o assessor Rafael Filho, no caso do Brasil, o PNEFA previa o reconhecimento internacional de país livre de aftosa em 2026, no entanto, foi antecipada pela OMSA para maio de 2025, assim como a Bolívia.

Ele explicou que países com status livre de febre aftosa com vacinação (e territórios sem vacinação), como Colômbia e Equador, seguem com as ações para a retirada da vacina e reconhecimento internacional.
“Peru, Chile, Guiana, Suriname e Panamá mantêm o status de países livres de febre aftosa sem a vacina e reforçam as ações de vigilância sanitária para manutenção desse status. Argentina, Uruguai e Paraguai seguem com o status de livre, com vacinação, mantendo a vacinação sistemática contra febre aftosa. O processo de retirada da vacina nesses países está sendo discutido internamente e não há data definida para a retirada”, esclareceu o assessor da CNA.
Durante a discussão, foi destacada a importância de uma boa estratégia de notificação como ferramenta para a retirada da vacina e agilidade nas respostas. Também foi abordada a relevância da análise de riscos não só em nível regional (América do Sul e Panamá), mas também em países como Alemanha, Hungria e Eslováquia, que neste ano registraram casos de febre aftosa.

A reunião da Cosalfa continua na sexta (4), com discussões acerca dos mecanismos de respostas aos surtos, Banco Regional de Antígenos (Banvaco) e laboratórios nacionais para a febre aftosa e seus diferenciais, incluindo uma mesa redonda para debate sobre as atividades regionais em apoio ao PHEFA (Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa – 2021-2025.
O presidente da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte, Francisco de Castro, destacou o papel do setor privado, incluindo a CNA, na cobrança de um banco de antígenos para o Brasil e de fundos emergenciais robustos, que sejam capazes de amparar os produtores em casos de emergência sanitária. “É importante que essas ferramentas estejam operantes o mais rápido possível”.