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Campo Futuro: CNA divulga custos de produção do café em Caconde (SP)
Encontro foi realizado na quarta (20)
Caconde, SP (21/09/2023) – O último evento do Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro apresentou os custos de produção do café, na quarta (20), em Caconde (SP). A reunião foi realizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e o Sindicato Rural do município.
O evento, que reuniu cerca de 300 pessoas, abordou os custos de produção da cafeicultura, a importância da gestão comercial, as perspectivas para o mercado, a produção sustentável e o crescimento dos bioinsumos na cadeia produtiva.
A abertura do encontro foi feita pela coordenadora do Núcleo de Inteligência de Mercado, Natália Fernandes, pelo gerente do Departamento Técnico e Econômico da Faesp, Cláudio Brisolara, e do presidente do Sindicato Rural de Caconde, Ademar Pereira.
Natália explicou que o projeto Campo Futuro está complementado 16 anos, ouvindo os produtores rurais de diversas atividades agrícolas e da pecuária. “Hoje a gente tem segurança para dizer que o projeto Campo Futuro gera o maior banco de dados de custo de produção que temos no Brasil”, afirmou.
Segundo ela, é com base nesses dados que o Sistema CNA/Senar consegue fazer análises, comparativos com outras cadeias, regiões, além de identificar novas tecnologias e desafios relacionados às atividades.
“E assim elaboramos proposições que contribuem para políticas públicas e iniciativa privada. As análises têm sido direcionadas para vocês, produtores rurais, para auxiliá-los no processo de decisão para melhoria do processo gerencial”, destacou Natália.
Brisolara também destacou a importância do projeto. “Aqui em Caconde, os painéis de custos de produção do café são feitos desde 2016. Esse é um projeto para produtores rurais, sindicatos e associações. É um projeto muito importante de longa data e que vamos dar continuidade em eventos futuros, sempre pensando na defesa dos interesses do setor”, disse o representante da Faesp.
O presidente do Sindicato de Caconde agradeceu pela realização do projeto Campo Futuro em sua região. “Reunimos hoje aqui toda a cadeia da cafeicultura do estado de São Paulo. Quero saudar também todos os presidentes de sindicatos que estão hoje representando pequenos, médios e grandes produtores em busca de conhecimento e da união do nosso setor”, enfatizou Pereira.
Apresentação de dados – A assessora técnica da CNA, Raquel Miranda, apresentou a iniciativa do Projeto Campo Futuro e fez um panorama da atual situação do setor. Ela falou sobre as novidades que surgiram durante o levantamento de custos de produção de café pelo Projeto Campo Futuro.
“Para Caconde (SP) o destaque foi a melhoria da qualidade do café pelos produtores, o que gera mais rentabilidade. Observamos também áreas de renovação com cultivares residentes a doenças, maior tolerância à seca e aumento na utilização dos bioinsumos”, explicou Raquel.
Os técnicos do Projeto realizaram 15 painéis em 6 estados. Os encontros reuniram produtores, pesquisadores e representantes de sindicatos rurais, de federações de agricultura e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
Durante o evento, os custos de produção de café da safra de 2022/2023 foram apresentados pelo pesquisador do Centro de Inteligência de Mercado da Universidade Federal de Lavras, Luiz Gonzaga.
Os resultados mostraram que, na maioria das localizações, ocorreu a queda da receita bruta da atividade. "Mesmo que alguns modais tenham apresentado margens positivas, observa-se o encolhimento dessas margens na comparação com 2022. E também conseguimos analisar que as principais variáveis que impactam no retorno do café é o preço, a produtividade, fertilizante e mão de obra, então são esses quatro fatores que precisam ser trabalhados com muita intensidade para que o produtor consiga ter um retorno em cima da produção de café”, disse Gonzaga.
O Campo Futuro de Caconde realizou, ainda, um painel sobre a importância da gestão comercial e as perspectivas para o mercado de café, com a presença do presidente da Comissão Nacional de Café da CNA, Fabrício Andrade, e do especialista da Safras e Mercados, Gil Barabach.
Fabricio apresentou aos participantes perspectivas de gestão e também dicas práticas de produção visando melhores resultados. “Um evento como esse, trabalhando custo de produção, produtividade, rentabilidade, é de fundamental importância para que possamos gerar conscientização entre os produtores, compartilhar conhecimento e, com isso, permitir que os produtores atuem de forma mais eficaz no seu dia a dia, obtendo resultados de modo mais sustentável e gerando todos os benefícios que a cadeia produtiva proporciona aos municípios que produzem o café”.
Barabach fez uma análise detalhada sobre o mercado nacional e internacional do café. “A gente está passando por uma transição. Vivemos dois anos de produtividade baixa e preço alto. Nossa memória é daquele preço de dois anos atrás e aquilo lá acabou, estamos entrando em um novo ciclo diferente do outro. Os altos preços do café, pode até vir a se repetir, eventualmente, mas estarão diretamente relacionados a problemas na oferta, no volume de café produzido principalmente no Brasil, ou a uma demanda mais aquecida principalmente nos estados unidos, Europa e China", disse.
O especialista fez, ainda, um análise para os cafeicultores. "Então, o primeiro ponto que eu acho que para ajudar vocês na tomada de decisão da comercialização é compreender que o cenário atual, nos aponta para um período de acomodação dos preços, voltando à normalidade da série histórica que é algo em torno de 150 cents de dólar por libra peso para o café arábica. ”, explicou.
O painel “Produção sustentável e o boom dos bioinsumos na cafeicultura”, foi apresentado pelo representante da Illy Café Brasil, César Candiano. A empresa tem reconhecimento por fomentar a sustentabilidade no mercado mundial de café.
“O Brasil já tem um reconhecimento pela sustentabilidade na produção de café e a agricultura regenerativa vem para ajudar ainda mais. Estamos falando de enriquecer o solo em carbono orgânico que nutre a microbiota do solo, trabalhando nas mesmas áreas de cultivares, melhorando a capacidade de fixar os minerais, produzindo defesas naturais e retendo a água, com eficiência. Precisamos estar preparados para toda essa tendência de produção e consumo”, disse Candiano.
Confira os principais componentes para os custos de produção
Café Arábica
· 32% Mão de obra
· 25% Fertilizante
· 20% Gastos Gerais
· 2% Corretivos
· 0% Irrigação
· 3% Juros de Custeio
· 8% Mecanização
· 9% Produtos Fitossanitários
Café Conilon
· 41% Mão de obra
· 20% Fertilizantes
· 19% Gastos Gerais
· 2% Corretivos
· 2% Irrigação
· 4% Juros de Custeio
· 3% Mecanização
· 9% Produtos Fitossanitários
Visita técnica – Após a apresentação dos custos de produção do café e de palestras do setor, os participantes do Campo Futuro realizaram uma visita a campo em uma propriedade cafeicultora da região para conhecer estações de apresentações técnicas de produção, pulverização com drones na cafeteira de montanha e pós-colheita com foco em qualidade.
Além da demonstração sobre a pulverização com o drone em uma plantação, o Engenheiro Agrônomo da Coopercitrus, Paulo Bucci, explicou aos participantes do encontro do projeto Campo Futuro, toda a parte legislativa dos órgãos de controle. A região de Caconde é muito montanhosa, sendo de grande utilidade o uso dos drones pelos produtores rurais de café.
Os produtores – De acordo com Raquel Miranda, o perfil da cafeicultura de Caconde é caracterizado por propriedades familiares com cerca de 5 hectares de área produtiva, envolvimento dos filhos e da família no processo produtivo, além da contratação de trabalhadores eventuais para realizar tratos culturais eventuais.
“Sou agricultor familiar e estou aqui no evento com a minha esposa e o meu filho. Vim aqui para ter mais informação porque sei que vai nos ajudar muito. Estou bastante satisfeito de participar desse evento, tão importante para todos nós”, afirmou o cafeicultor Claudio Donizetti Pereira.
Os dados sobre custos de produção levantados pelo projeto Campo Futuro auxiliam no processo decisório do pequeno ao grande proprietário rural. A produtora e presidente do Sindicato de Pardinho, Daniella Pelosini, destacou a relevância dos projetos.
“O circuito é de suma importância para todos os pequenos produtores da cadeia. A nossa grande função, enquanto sindicato, é trazer a informação para os produtores e ter acesso a essas informações e conhecimento divulgados aqui é fundamental para o nosso dia a dia”, pontuou Daniella.
O produtor, coordenador da Comissão Técnica de Cafeicultura e presidente do Sindicato Rural de Altinópolis, Guilherme Vicentini, enfatizou a relevância do evento. “É a oportunidade de conhecermos toda essa parte de custos e produção, que vem sendo feito há tantos anos pela CNA, com muita credibilidade, viabilizando o setor produtivo e dando respaldo para que o pequeno produtor controle melhor suas finanças e o custo de produção”, explicou Vicentini.
Sobre o Projeto Campo Futuro - A iniciativa é realizada pela CNA e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), em parceria com universidades e centros de pesquisa para levantamento dos custos de produção da agropecuária e geração de informação para o gerenciamento rural.
Neste ano, foram levantados os custos de produção de 34 atividades, divididas entre cereais, fibras e oleaginosas (soja, milho, arroz, algodão, trigo, aveia, feijão e sorgo), frutas (mamão, cacau e banana), hortaliças (alface, cebola, batata e pimentão), silvicultura (pinus, eucalipto e borracha), café (arábica e conilon), pecuária de leite, avicultura (corte e postura), suinocultura (independente e integrado – UT e UPL), aquicultura (tilápia, pangassius e camarão) e pecuária de corte (sistemas de cria, recria, recria e engorda e confinamento).
Veja como foram os outros eventos do Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro:
- Cana-de-açúcar em São Miguel dos Campos (AL)
- Pecuária de corte e leite em Goiânia (GO)
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