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Brasil deve superar EUA em agricultura de precisão
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17 de março 2017
Por CNA

Por: Revista Globo Rural

O uso de ferramentas de agricultura de precisão deve crescer no Brasil a ponto de reduzir a defasagem em relação a países onde esse tipo de tecnologia é aplicada há mais tempo, caso dos Estados Unidos. É o que acredita o presidente mundial da John Deere, Sam Allen.

“Estaria desapontado se em três ou quatro anos essa região já não superasse os Estado Unidos”, estimou, em entrevista concedida, nesta quinta-feira (16/3), na unidade da companhia, no município de Campinas (SP).

O executivo está no Brasil, onde vem participando de eventos de inauguração de instalações da John Deere. Ele acredita que o fato de ter propriedades maiores e a possibilidade de fazer pelo menos duas culturas anuais são fatores que favorecem o agricultor brasileiro.

“Produzir desta forma permite que o agricultor brasileiro assuma mais risco de tentar algo novo. A penalidade por experimentar é menor”, pontuou.

Allen lembrou que, nos Estados Unidos, onde a empresa baseia seu desenvolvimento tecnológico, iniciativas de agricultura de precisão vêm sendo colocadas em prática desde 2013. Desta forma, a defasagem brasileira em relação ao mercado norte-americano é de quatro anos.

O executivo garantiu, no entanto, que isso não faz do mercado brasileiro menos importante. Primeiro, disse ele, era preciso validar as tecnologias desenvolvidas na matriz para depois levar as ferramentas para serem ajustadas de acordo com os mercados locais.

“Nossos principais centros de desenvolvimento tecnológico estão nos Estados Unidos e continuarão a ser. Desenvolvemos a tecnologia aplicável a qualquer mercado e, depois, são feitas as adaptações para mercados locais”, disse Allen.

É desta forma que deve funcionar também o Centro de Agricultura de Precisão e Inovação da empresa, inaugurado oficialmente nesta quinta-feira (16/3). O local integra um complexo onde já funcionam também o Centro de Distribuição de Peças e o Centro de Treinamento.

Sistemas e equipamentos desenvolvidos inicialmente nos Estados Unidos serão trazidos para o Brasil, onde serão adaptados às condições da agricultura que se pratica aqui. Exceção a ser feita para o setor de cana-de-açúcar onde, pela importância do mercado brasileiro, o complexo em Campinas será a referência em desenvolvimento tecnológico.

“Queremos ser tão conhecidos em agricultura de precisão como somos em máquinas agrícolas. Começamos esse trabalho há alguns anos nos Estados Unidos e estamos prontos para expandir esse conhecimento na América do Sul”, disse Allen.

O novo centro de pesquisas integra uma série de investimentos que vêm sendo feitos pela empresa e que, nos últimos dez anos, somam US$ 550 milhões de dólares.

Mais eficiência
Com o novo centro de pesquisa, a John Deere reforça sua estratégia de agregar a agricultura de precisão às máquinas que fabrica. Para o presidente da empresa no Brasil, Paulo Herrmann, é a área onde ainda há mais espaço para avançar.

Ele acreditar que, em termos de tamanho e velocidade das máquinas, há pouco o que evoluir daqui para frente. A necessidade maior é possibilitar que esses equipamentos ganhem em eficiência e performance, otimizando o trabalho no campo.

“Temos produtos maiores que os atuais no pipeline, mas tem um limite. Não é infinito. O que nós estamos dizendo é que há muita oportunidade em termos de eficiência para se explorar porque aí é que nós vamos concentrar o nosso esforço”, disse o executivo brasileiro.

Como a agricultura de precisão vem sendo desenvolvida por empresas de outros segmentos, os sistemas de informação devem trabalhar em conjunto, disseram os executivos da John Deere. Empresas de sementes e defensivos trabalham na parte agronômica enquanto a indústria de máquinas pensa em como otimizar o trabalho de campo.

Segundo eles, a montadora já tem acordo com empresas como Monsanto, Bayer e Syngenta para possibilitar a integração dos dados de sementes e químicos com os de desempenho das máquinas. Essa integração tende a melhorar a capacidade de decisão do produtor rural.

“Quem manda no sistema é o agricultor. A base de dados é dele e ele é que vai decidir o que quer utilizar”, disse Sam Allen.

Apesar da visão otimista para a agricultura de precisão no Brasil, os executivos reconheceram que os problemas de conectividade, que atingem regiões agrícolas, são uma preocupação. Sem dar detalhes, informaram que uma solução deve ser colocada no mercado até o fim do ano.

Otimismo
Durante a entrevista, os executivos da John Deere reafirmaram o otimismo para o mercado de máquinas agrícolas na América Latina neste ano. A expectativa da companhia é elevar as vendas entre 15% e 20% em comparação com o ano passado. Bem mais que a média global, projetada em 4% de aumento nas vendas de máquinas agrícolas.

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