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ATeG: o campo do Paraná em uma nova era
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Programa do Sistema Faep/Senar-PR promove eficiência financeira e aumento da produtividade nas propriedades rurais, contribuindo para a melhoria da agropecuária estadual

24 de julho 2024

Por: Comunicação Sistema Faep/Senar-PR

Fonte: Comunicação Sistema Faep/Senar-PR

Com o objetivo de fortalecer ainda mais o desenvolvimento e a capacitação dos produtores rurais do Paraná, a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) passa a integrar a lista de serviços gratuitos ofertados pelo Sistema Faep/Senar-PR. Por meio do recém-incorporado programa, a entidade vai aprimorar as competências dos agricultores e pecuaristas, ampliando oportunidades e potencializando os resultados dentro da porteira.

A partir de 2025, a ATeG será desenvolvida em dez municípios de diferentes regiões do Paraná, ainda em formato piloto. Uma turma por cidade será formada com até 30 produtores rurais. As visitas técnicas serão mensais, com atendimento planejado e individual, com duração de dois anos.

Em 2023, quatro turmas na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) deram início à fase de testes, com foco nas cadeias produtivas da olericultura. A partir deste ano, o projeto vai abranger outras atividades agropecuárias de importância socioeconômica para o Estado. O objetivo é que, com a contratação de novos técnicos de campo ao longo dos próximos meses, futuramente a ATeG do Sistema Faep/Senar-PR esteja disponível para todos os municípios do Paraná.

A metodologia da ATeG envolve o conhecimento da realidade produtiva e gerencial de cada propriedade rural. O serviço oferecido pelos técnicos de campo é individualizado, respeitando as particularidades de cada produtor para a construção de um negócio rentável e sustentável.

“A ATeG possibilita um modelo de assistência técnica associado à consultoria gerencial, que estará sempre em consonância com as demais ações de Formação Profissional Rural [FPR] e Promoção Social [PS] do Sistema FAEP/SENAR-PR . Dessa forma, vamos capacitar o produtor rural para a gestão eficiente do negócio, elevando a produtividade, ampliando a rentabilidade e promovendo práticas sustentáveis para o desenvolvimento da agropecuária paranaense”, destaca o presidente interino da entidade, Ágide Eduardo Meneguette.

Resultados

As quatro primeiras turmas-piloto da ATeG, em andamento, estão situadas em São José dos Pinhais, Mandirituba, Rio Branco do Sul e Cerro Azul para a cadeia da olericultura. Até o momento, 105 propriedades rurais estão recebendo atendimento personalizado, com mais de mil visitas técnicas realizadas.

Produtora de morangos Marcia Vailati

Márcia Vailati otimizou a gestão da propriedade, com apoio da ATeG

Desde o início do projeto-piloto, o casal Márcia e José Vailati, de São José do Pinhais, conta com a ATeG em sua propriedade, voltada ao turismo rural. Com a orientação técnica, os produtores otimizaram o cultivo nas estufas de morangos – destinadas a receber visitantes, que podem colher as frutas para consumo no local ou para levar para a casa. Eles reduziram em mais de 60% os gastos com adubação, aprendendo a preparar a solução com a mistura dos sais.

“Antes, nós ficávamos nas mãos dos vendedores. Agora, o conhecimento é libertador, tanto que estamos economizando”, comemora Márcia. Os quatro galões de adubo consumidos por mês custavam, em média, R$ 1,4 mil ao casal.

As orientações técnicas da ATeG também contemplam aspectos estruturais da propriedade, determinantes para a instalação da segunda estufa de morangos. A primeira havia sido construída seguindo instruções de um vendedor de insumos agropecuários, resultando em uma estrutura com espaço inadequado entre as fileiras de plantas e o sistema de irrigação abaixo do nível considerado ideal. Com a orientação da ATeG, a nova estufa foi instalada corretamente, de acordo com especificações técnicas, facilitando o manejo e otimizando a irrigação.

A profissionalização do negócio é outro impacto positivo da ATeG, que também foca no acompanhamento gerencial da propriedade como um dos diferenciais. A técnica de campo Eneida Maria Dolci, que atende os produtores de morango em São José dos Pinhais, destaca os resultados alcançados pelos participantes, principalmente em relação à aplicação de novas técnicas no cultivo, redução dos custos de produção e melhorias na gestão do negócio.

“Além da Márcia, tenho outros dois produtores que trocaram a adubação pronta e tiveram ótimos resultados. Uma produtora criou um calendário das pulverizações para não perder as datas, outra já fez análise foliar e tem trabalhado melhor as questões nutricionais. Tenho também um produtor que diminuiu os controles químicos, está usando biológicos e alternativos na maioria das pulverizações, além de estar anotando tudo em detalhes”, enumera Eneida.

Há mais de 20 anos atuando na produção de morango, a produtora Katia Matsui, de Mandirituba, na RMC, consegue observar com clareza as melhorias na propriedade após ingressar no programa de ATeG do Sistema FAEP/SENAR-PR. Ela faz parte de um grupo de 28 produtores do município, que também vem recebendo assistência personalizada desde maio do ano passado.

Todos os meses, o técnico de campo da ATeG passa duas horas tratando da parte gerencial do negócio e outras duas visitando os canteiros de morangos, com orientações técnicas para melhorar a produção. “Melhorou muito com a ATeG. Antes eu queria até parar com o negócio. Agora temos um incentivo, um objetivo para alcançar”, revela Katia.

Katia Matsui, de Mandirituba, também recebe ATeG em sua propriedade

Essa meta já tem formato definido. Com a depuração da parte gerencial, a produtora descobriu que o seu negócio dá lucro, o que permite tirar da gaveta um antigo sonho: a construção da casa própria. “Com o planejamento que aprendemos, tiramos esse plano do papel e, até o começo do ano que vem, já devemos estar de casa nova”, comemora a produtora de Mandirituba.

Segundo Kátia, antes da ATeG, seu controle gerencial limitava-se a anotar as entradas e saídas financeiras mensais. “Conseguia manter as contas, mas não encontrava os gargalos, muito menos fazia um planejamento futuro”, adianta. Mesmo a mão de obra da família (além de Kátia, o marido Celso e o filho Thiago atuam na produção) não entrava nas planilhas. “O que sobrava no fim das contas era a nossa parte”, recorda. Atualmente, com a ATeG do Sistema Faep/Senar-PR, a produtora passou a detalhar os dados da propriedade, planejar a produção e os investimentos futuros.

Segundo a diretora técnica do Sistema Faep/Senar-PR, Débora Grimm, a ATeG tem proporcionado aos produtores atendidos uma guinada rumo à profissionalização do negócio. “Eles estão deixando de ser plantadores de morango para se tornar empreendedores do morango, encarando a propriedade como verdadeiro empreendimento rural”, avalia.

Além da gestão da propriedade, a ATeG trouxe mudanças no próprio sistema produtivo do negócio da família Matsui. Após uma análise minuciosa, Katia percebeu que a reprodução de mudas de morango para continuidade da atividade não estava valendo a pena. “A gente pensa que essa muda não tem custo porque fazemos em casa, mas não contabilizávamos o nosso tempo. Além de que a produção dessas mudas caseiras é inferior às mudas novas compradas. É o barato que sai caro”, avalia a produtora, que está fazendo a troca gradativa das mudas de morango antigas por cultivares novos importados.

Outra mudança que está fazendo diferença nos canteiros e na renda é a formulação dos fertilizantes utilizados no sistema semi-hidropônico de produção de morangos. Antes, Katia utilizava uma solução pronta, que supria as necessidades nutricionais das plantas de modo genérico. “Com a ATeG, nós aprendemos a mexer na receita e formulamos a solução conforme o clima e a necessidade das plantas”. Com a formulação dos fertilizantes, a aquisição desses insumos ficou até cinco vezes mais barato.

Com mais de 20 mil plantas em produção divididas em sete estufas, Katia mira a certificação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) que reconhece os morangos produzidos com as Boas Práticas Agropecuárias (BPA). Os pré-requisitos para essa certificação são os cursos “Manejo integrado de doenças no morango” , “Manejo integrado de pragas no morango” , “Boas Práticas Agropecuárias” e “Aplicação de agrotóxicos” do Sistema Faep/Senar-PR. Antes destas formações, a produtora já realizou inúmeros treinamentos da entidade. “Conforme eu fazia os cursos, notava a nossa renda aumentando”, reconhece.

Metodologia

A ATeG é um programa desenvolvido pelo Sistema CNA/Senar , com metodologia própria, para oferecer, de forma gratuita, acompanhamento técnico especializado aos produtores rurais. A metodologia do programa é dividida em cinco etapas que envolvem o processo a ser aplicado no desenvolvimento da propriedade rural atendida: diagnóstico produtivo individualizado, planejamento estratégico, adequação tecnológica, capacitação profissional complementar e avaliação sistemática de resultados.

Aplicativo de ATeG

Por meio de um aplicativo, produtores podem acessar uma série de gráficos e indicadores em tempo real

“A ATeG contribui para a evolução socioeconômica das famílias e da comunidade rural, fortalecendo e ampliando o trabalho de capacitação já desenvolvido pelo Sistema Faep/Senar-PR. Além de conhecerem novas tecnologias e práticas sustentáveis, os produtores rurais também aprendem a identificar seus pontos fortes e fracos e, com o apoio dos técnicos de campo, poderão estabelecer estratégias eficazes de crescimento para seus negócios”, aponta a diretora técnica do Sistema Faep/Senar-PR, Débora Grimm.

Entenda as cinco etapas da ATeG

1. Diagnóstico produtivo individualizado: momento de conhecer a realidade da propriedade rural, por meio do levantamento das informações produtivas, ambientais, sociais e econômicas necessárias para estabelecer metas e um cronograma de ações;

2. Planejamento estratégico: a partir das informações do diagnóstico, produtor rural e técnico de campo estabelecem as metas e os objetivos para a atividade produtiva em atendimento, considerando as ações que precisarão ser implementadas;

3. Adequação tecnológica: voltada para a execução das recomendações planejadas para a melhoria do processo produtivo, com monitoramento e auxílio do técnico de campo;

4. Capacitação profissional complementar: com o propósito de auxiliar na adoção de tecnologias, o técnico de campo identifica as necessidades de treinamento dos produtores assistidos;

5. Avaliação sistemática de resultados: as informações coletadas durante a execução da ATeG serão transformadas em indicadores de desempenho, medindo a evolução obtida, além de servir de base para a tomada de decisões e projeção dos próximos passos da propriedade.

Seleção de técnicos de campo da ATeG abre inscrições em agosto

O Sistema FAEP/SENAR-PR vai lançar em agosto o edital para o credenciamento de pessoas jurídicas para integrarem o cadastro de técnicos de campo da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG). O técnico de campo será o profissional responsável pelo atendimento direto aos produtores rurais do Paraná por meio das ações da ATeG, tendo como foco a orientação para gestão e técnicas de manejo relacionadas às atividades desenvolvidas na propriedade.

Os interessados devem ter concluído curso técnico em agropecuária, agrícola, zootecnia ou fruticultura, de acordo com o projeto ou cadeia produtiva que será assistida; ou Ensino Superior completo em Agronomia, Engenharia Agrícola, Veterinária, Zootecnia, Engenharia Florestal ou Engenharia de Pesca, também conforme projeto ou cadeia produtiva que será atendida. Além disso, é obrigatório possuir registro no conselho de classe correspondente à sua área de atuação profissional. Os profissionais poderão ser contratados para prestar serviços em qualquer região do Paraná, de forma presencial, quando houver demanda.

Outros requisitos incluem ter vínculo formal de sócio, empregado ou cooperado com a pessoa jurídica contratada, dispor de meio para deslocamento às propriedades, ter disponibilidade para viagens e ter notebook e smartphone com acesso à internet e em bom estado de funcionamento.

Os serviços prestados compreendem as atividades de organização, supervisão e execução da metodologia de ATeG, por meio de pesquisas, eventos e reuniões, visitas técnicas às propriedades para elaboração de diagnóstico produtivo individualizado, estabelecimento do planejamento estratégico, orientação e adequação tecnológica da atividade rural, identificação das demandas, indicação para a capacitação profissional complementar e avaliação sistemática dos resultados alcançados.

Em agosto, as inscrições devem ser realizadas por envio de formulário preenchido e documentação específica, de acordo com edital e anexos que estarão disponíveis na seção Editais do site do Sistema FAEP/ SENAR-PR .

Não podem participar do cadastramento Microempreendedores Individuais (MEI); fundações e associações, como Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e Organizações Não Governamentais (ONGs); e institutos e entidades representativas de profissionais ou trabalhadores, como sindicatos e conselhos de categoria.

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