ALIMEN T AN D O O B R A SILEIRO

Aos 26 anos, pecuarista de Goiás supera desafios e impulsiona a produção de leite da família
Bovinocultura de leite Goias

Karlla foi vencedora do Prêmio ATeG 2024, na categoria Bovinocultura de Leite

19 de dezembro 2024
Por Senar

Brasília (19/12/2024) - "Eu cresci na roça e, desde criança, ajudava meus avós a levar queijo e rapadura para vender na feira". É assim que a produtora rural Karlla Aparecida Ribeiro, de Cabeceiras (GO), recorda o início de sua relação com o meio rural.

Aos 26 anos, Karlla foi a vencedora do “Prêmio ATeG 2024 - Gestão, Resultado que Alimenta”, na categoria Bovinocultura de Leite. Ela concilia a vida na agricultura com a de professora de Ciências e é a responsável pela Fazenda Buritizinho, seguindo os passos de seus pais.

Em 2015, ela, seus pais, Antônio Diel e Deonir, e seu irmão Karllos — que também atuam em outras atividades — mudaram-se para a zona rural de Cabeceiras para dedicar mais tempo à produção e melhorar a qualidade de vida da família.

"Nessa época, já éramos feirantes e demos continuidade ao trabalho dos meus avós. Acordávamos às 2h da manhã no domingo, meu pai ordenhava a vaca à mão, arrumávamos tudo e íamos para a feira em Formosa (GO), vender leite, ovos, frango e verduras", conta Karlla.

A produtora lembra que toda a produção de leite vinha de uma única vaca, pois o pai havia comprado a área com muito esforço e não tinha recursos para adquirir mais animais.

“Meu pai tirava o leite da vaca todos os dias e juntava o leite de um dia e de outro para poder levar. Já para fazer os queijos, ele tirava três litros dessa vaca e juntava os três litros de cada dia. Começamos tendo poucas coisas, e fomos conquistando novos espaços”.

Com o tempo, a família começou a ter lucros, comprou mais animais e aumentou a produção. "Fazíamos semanalmente 70 queijos e vendíamos toda semana. No entanto, não podíamos produzir mais que isso, porque, para vender na feira, havia uma quantidade limitada. Se fizéssemos mais de 70 queijos na semana, por exemplo, voltávamos para casa com o restante, o que significava perda na produção."

Karlla ao lado pais no “Prêmio ATeG 2024 - Gestão, Resultado que Alimenta” Karlla ao lado pais no “Prêmio ATeG 2024 - Gestão, Resultado que Alimenta”

Um dos maiores sonhos da família sempre foi o de ser referência e ter uma grande produção de leite para maior rentabilidade.

"A chácara tem 14 hectares, mas apenas seis são utilizados de forma plena. A propriedade é pequena, mas sempre buscamos formas de produzir bem nesse espaço limitado e alcançar mais rentabilidade", afirma Karlla.

Para atingir esse objetivo, Karlla contou com a ajuda do Senar, por meio do técnico de campo José Ricardo, que chegou à região em 2019 e colaborou com a implementação de novas técnicas de produção.

"Me lembro do dia em que ele chegou aqui. Brincamos que ele teria que ter paciência, porque meu pai gosta de implementar as ideias no tempo dele. Como a gente não vive exclusivamente da chácara, às vezes as coisas não saem como planejado devido à falta de tempo ou recursos financeiros."

Mesmo com as melhorias tecnológicas no trabalho, a pandemia de Covid-19 interrompeu os planos da família, que teve que parar a venda na feira, que estava fechada. Com o leite acumulado, a solução foi fazer queijos e doces, até que surgiu a oportunidade de vender para um laticínio local.

Com a mudança, os resultados começaram a aparecer, e com a orientação de José Ricardo, a produção de leite dobrou. Em 2021, a produção alcançou 200 litros por dia e, em 2022, chegou a 350 litros/dia.

Fazenda Buritizinho Fazenda Buritizinho

Utilizando as boas práticas de produção e técnicas inovadoras, a família investiu na melhoria do rebanho, no manejo rotacionado e na adubação das pastagens. Isso resultou em um aumento de 30% na margem bruta da atividade.

"Compramos um tanque para resfriamento de leite e uma ordenhadeira mecânica. Ganhamos qualidade de vida, mais tempo e não sobrecarregamos uma só pessoa, todos podem ajudar. Com a assistência técnica, melhoramos nossa vida e o trabalho, além de aprender a dividir as tarefas, até mesmo dentro de casa, o que aumentou a eficiência das atividades."

E acrescenta: "O técnico nos mostrou a importância de planejar o ano, a alimentação dos animais, e vimos como isso facilitava nossa rotina. Antes, passávamos por muitos desafios, mas com o suporte, conseguimos resolvê-los. Não tínhamos a percepção de que seria possível produzir mais com menos terra e melhorar a qualidade da genética do nosso rebanho."

Para o técnico rural José Ricardo, o prêmio ATeG é uma grande honra para o município e para toda a cadeia produtiva. "É uma família que conseguiu entender nossa abordagem, colocar em prática os ensinamentos e acreditar no meu trabalho. É uma honra para Cabeceiras, para o nosso município e para toda a cadeia produtiva."

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