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Agro pelo Brasil debate manejo de pragas e uso de tecnologias na produção de cacau
Primeiro dia da programação aconteceu na sexta (11)
Brasília (11/12/2020)
– A 5ª edição do Agro pelo Brasil começou, na sexta (11), com a participação de especialistas em Brasília (DF), Goiânia (GO), Rio Verde (GO), Salvador (BA) e Gandu (BA). O primeiro debate do dia foi o monitoramento e controle de pragas. Na avaliação dos profissionais, para ter uma lavoura menos suscetível a pragas, é necessário inserir o monitoramento no planejamento do processo produtivo, além de conhecer o solo e o ciclo das pragas.
“É preciso se organizar, conhecer a área e planejar para reduzir os custos e manter a eficiência da produção. Hoje em dia tem sido mais fácil minimizar os efeitos das pragas e doenças porque existem ferramentas para levantar dados, gerenciar e controlar o histórico da lavoura e ser mais efetivo no controle”, afirmou Fábio Carneiro, assessor técnico da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA.
Estevão Rodrigues, instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) em Goiás, reforçou a importância das novas tecnologias para o controle de pragas e disse que ao inserir o monitoramento no planejamento da produção, o produtor consegue identificar as áreas com problemas para ser mais eficiente nas próximas safras.
“O produtor tem investido mais para controlar as pragas e usado novas tecnologias como big data e plataformas para manter o histórico das áreas. Com isso, consegue ter mais sucesso no controle, porque entende que o monitoramento é fundamental para identificar o inimigo na lavoura.”
O Manejo Integrado de Pragas (MIB) entrou na discussão do tema, por ser uma prática que tem crescido no País nos últimos anos e possibilitado ao produtor ter mais uma ferramenta no combate às infestações nas lavouras.
“O Manejo Integrado de Pragas é a nova revolução que a agricultura tem vivido. Através de muita pesquisa se tornou mais uma ferramenta para o produtor fazer o controle físico e também biológico da lavoura. A CNA tem feito várias ações para o produtor ser mais efetivo e sustentável. Sabemos que a agricultura tropical desafia o produtor e agora ele pode aliar o controle químico com biológico”, disse Carneiro.
O assessor técnico da CNA destacou o Programa Nacional de Bioinsumos, lançado este ano pelo Ministério da Agricultura para fortalecer e ampliar o uso desses produtos com foco no desenvolvimento sustentável do setor agropecuário brasileiro.
Produção de cacau - Além da cultura de grãos, o debate abordou o monitoramento e o controle de pragas nas lavouras de cacau no sul da Bahia. O vice-presidente regional da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Venâncio Araújo Leal, falou do cacau cabruca (cultivado em um sistema agroflorestal com sombra das árvores da Mata Atlântica) e ressaltou que as principais pragas que afetam o cacaueiro são a vassoura de bruxa e a podridão-parda.
“Em valores econômicos, a podridão-parda é a pior praga, mas a vassoura de bruxa praticamente dizimou a plantação de cacau na Bahia, porque ela ataca desde a planta até o fruto. Não mata, mas deixa a planta frágil, interferindo em todo o ciclo produtivo dela. Ou seja, o cacau é duplamente atacado por fungos e pragas e no inverno é pior. Já tivemos perda de 80% na produção.”
A Bahia é o segundo maior produtor de cacau do Brasil e tem conquistado essa posição graças ao plantio de espécies resistentes (clones), manejo integrado das lavouras e o trabalho do Senar, com capacitação e assistência técnica e gerencial. A região sul do estado é onde se concentra a maior parte da produção, com 83 municípios dedicados à atividade.
“O Senar faz a difusão de tecnologia de diversas formas e mostramos ao produtor que tecnologia não necessariamente se trata de algo sofisticado, mas ações simples como a coleta de solo para análise, correção e manejo de solo, manejo da poda, por exemplo, são exemplos de tecnologia. Além disso, precisamos driblar os fungos e investir em material genético de qualidade para termos uma renovação na cacauicultura do sul da Bahia”, disse Aloísio de Oliveira Jr., coordenador de Programas do Senar Bahia.
Oliveira Jr. explicou que o programa Pró-Senar Cacau é um pacote com 12 capacitações que envolvem toda a cadeia produtiva, aliadas à assistência técnica, para preparar o produtor rural.
“As intervenções são feitas de forma intensiva em pequenas áreas, com auxílio do técnico de campo, para que o produtor visualize os resultados e tenha parâmetros para adotar no restante da propriedade.”
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Ilhéus, Milton Andrade Jr., destacou que a produção de cacau é o que move a economia da região, que tem como ponto forte a sustentabilidade por meio do uso do sistema da cabruca.
“A sustentabilidade é palavra de ordem para nós. O cacau tem um futuro brilhante na região. Existem alguns gargalhos que precisam ser resolvidos, mas estamos caminhando para a solução.”
Segundo Aloísio de Oliveira, existem algumas variedades de cacau que se adaptaram melhor à região como os clones PH16, BN34 e PS3-19, que variam em questão de produtividade, tamanho dos frutos e das amêndoas.
Agricultura de precisão – Outro tema da 5ª edição do Agro pelo Brasil foi a agricultura de precisão e o retorno que a ferramenta traz para os produtores rurais, com redução nos custos de produção e retorno econômico.
O assessor técnico do Senar, Gabriel Zanuto Sakita, explicou que a agricultura de precisão faz o gerenciamento agrícola da variabilidade espacial e produtiva da propriedade, por meio de tecnologias que otimizam o uso dos insumos agrícolas e permitem maior segurança na tomada de decisão do produtor rural.
“A tomada de decisão é baseada em dados mais precisos e isso contribui para economia de insumos, de tempo e de mão de obra, reduzindo gastos financeiros, principalmente hoje em dia em que os custos de produção têm aumentado significativamente. O produtor tem melhor gerenciamento dos riscos da lavoura e, consequentemente, aumenta a produtividade por hectare.”
Ele explicou ainda que o Senar dissemina o uso dessa ferramenta por meio do Programa Nacional de Agricultura de Precisão, composto por seis módulos, totalizando 120h, além de cartilhas e cursos a distância.
André Milhardes, instrutor e técnico de campo do Senar Goiás, afirmou que qualquer cultura pode receber agricultura de precisão, e reforçou os benefícios da ferramenta.
“O produtor pode começar desde a análise do solo até o mapa da produtividade. O maior custo de investimento para ele será na compra do maquinário agrícola e na análise dos dados, que precisará ser feita na propriedade ou por uma consultoria especializada contratada por ele.”
Para os dois técnicos, a agricultura de precisão é um caminho sem volta em que o produtor terá que buscar conhecimento e se capacitar para continuar gerando renda na sua atividade.
AgroUp – Durante a programação, o Agro pelo Brasil trouxe dois casos de sucesso da rede AgroUp: as startups Bionexus, que faz o controle da qualidade do leite desde a propriedade até a indústria por meio de uma plataforma em nuvem, e a Wavemob, que leva conectividade ao meio rural por meio de uma antena móvel que pode ser adquirida pelo produtor rural no site da empresa.
Agromitos - Na edição desta sexta, o Agromitos mostrou que os produtores rurais seguem uma legislação ambiental rígida (Código Florestal), além de contribuir para a sustentabilidade do bioma, aliando produção e preservação. O quatro também mostrou a preocupação dos produtores com o bem estar animal.
Atrações culturais e gastronomia - No quadro Talentos da Nossa Terra, os espectadores conheceram a banda baiana Di Souza e a cantora goiana Daiane Campos. Na culinária, o chef de cozinha Nilton de Souza, de Gandu (BA), fez uma moqueca de banana da terra com jabá (carne seca ou charque) no quadro Do Rural à Mesa.
2º dia - Amanhã a programação do Agro pelo Brasil continua a partir das 8h30. Na pauta: diversificação de negócio com foco na fruticultura, produção de aves e suínos como alternativa para pequenas e médias propriedades rurais e conectividade no campo. Acompanhe: www.agropelobrasil.org.br .
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