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Preços de commodities são tema de debate entre CNA e especialistas
Seminário virtual foi realizado na segunda (26)
Brasília (26/07/2021) – Especialistas do agro e do setor econômico participaram, na segunda (26), do seminário “Novo Ciclo das Commodities”, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), para discutir sobre esse cenário e como ele refletirá na renda dos produtores rurais brasileiros.
O diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, afirmou que o objetivo do evento foi debater se as recentes altas dos preços das commodities indicam um novo super ciclo no mercado internacional ou não.
“Nós queremos ajudar o produtor rural a melhorar a gestão e buscar ferramentas para otimizar o processo produtivo. A agropecuária é muito dinâmica, muda muito rápido, e se o produtor não tiver uma visão de mercado a longo prazo, a busca por bons resultados na atividade será mais difícil”, disse Bruno.
O seminário foi dividido em dois painéis. O primeiro, com o tema “Macroeconomia: o mundo está em um novo super ciclo de commodities?” foi conduzido pelo coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon. No início do debate, ele explicou que nas últimas décadas houve quatro super ciclos de commodities, causados por eventos socioeconômicos que transformaram a economia mundial.
“O primeiro foi a industrialização dos Estados Unidos. O segundo foi o rearmamento da economia na década de 30, depois a reconstrução da Europa e do Japão após a Segunda Guerra Mundial e por fim a industrialização da China. Todos esses acontecimentos provocaram o aumento dos preços das commodities”.
O membro sênior do Policy Center for the New South, Otaviano Canuto, foi o primeiro palestrante do dia. O especialista destacou que os preços das commodities subiram mais de 25% nos últimos meses. Os preços dos metais, por exemplo, cresceram mais do que as outras commodities.
“Alguns fatores explicam esse cenário: os metais são mais fáceis de armazenar do que o petróleo bruto ou até mesmo alguns produtos agrícolas e isso torna os preços mais prospectivos e sensíveis às mudanças de taxas de juros. Taxas menores reduzem o custo com transporte, armazenamento, seguro, entre outros”.
Com relação às commodities agrícolas, Otaviano Canuto disse que a expectativa é que os preços estabilizem em 2022 após o aumento de 13% nesse ano. Os preços dos fertilizantes também devem permanecer altos ao longo de 2021, uma média de 25% acima do registrado em 2020.
O economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, falou sobre a importância entre a relação dos preços das commodities e o desempenho macroeconômico brasileiro. “Quando os preços internacionais sobem, o Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação sobem juntos. Além de ocorrer a valorização da taxa de câmbio nominal”.
Segundo Bráulio, em uma discussão sobre o novo super ciclo, do ponto de vista do produtor rural, é preciso olhar primeiro o debate internacional, por mais que o Brasil seja um importante player na produção de várias commodities.
“O fato é que os preços são determinados globalmente, então toda discussão é focada na questão do dólar. Os preços em real podem ter evolução bem distinta daqueles em dólar, já que o BRL está excessivamente fraco”, disse Borges.
No segundo painel do seminário, moderado por Bruno Lucchi, o chefe do setor de Grãos da Datagro, Flávio Roberto França Junior, afirmou que, a cada cinco anos, ocorre um movimento de alta de preços de diversos grãos, como soja, milho e trigo, que se comportam de forma relativamente parecida.
“Em 2008, tivemos um ciclo de preços da soja, que foi provocado pela evolução da demanda chinesa, pelas perdas de safra de diversos países produtores e, consequentemente, a escassez dos estoques norte-americanos. Os super ciclos estão relacionados a problemas de oferta. A demanda não faz o preço explodir. Então para haver um novo ciclo de alta, a oferta teria de passar por problemas.”.
De acordo com França, a demanda por produtos agrícolas se manteve elevada mesmo durante a pandemia do covid-19. “Nós estamos vivendo um momento de alta de preços dos grãos e outras commodities. Mas não podemos confirmar que esse e outros fatores podem gerar um super ciclo”, explicou o representante da Datagro.
Por fim, a fundadora e diretora executiva da Agrifatto, Lygia Pimentel, fez uma apresentação sobre o cenário econômico chinês e os impactos no mercado brasileiro. Segundo ela, nos últimos 40 anos o país asiático tem crescido em ritmo mais acelerado do que os EUA. “Se isso continuar, a China será a próxima economia mais rica do mundo. Até 2025 serão mais de 200 milhões de habitantes entrando no mercado consumidor”.
Lygia também falou sobre o surto da Peste Suína Africana (PSA) na China, que liquidou quase metade do plantel de suínos, provocando um déficit no estoque global de proteínas. “Esse “buraco” aqueceu o consumo das demais proteínas no mundo todo. A China habilitou diversas plantas frigoríficas e o Brasil, com seu maior rebanho de bovinos comercial do mundo, foi um grande parceiro para suprir a demanda”.
Durante sua exposição, a diretora executiva da Agrifatto falou ainda sobre o mercado do boi gordo. “Os custos de produção da atividade subiram 76% e o boi gordo subiu 61%, de janeiro de 2020 a junho de 2021. Isso significa que o pecuarista está perdendo renda. Toda cadeia está esticada, passando por um arrocho, e perdendo margem nos últimos anos”.
Assista o seminário na íntegra:
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