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Paraná: o Estado das vacas de 100 mil litros
Vaca 100000

12 de abril 2019

Por: Comunicação Social - Sistema FAEP/SENAR-PR

À primeira vista, já se tem a impressão de que se está diante de animais extraordinários. Apartadas do rebanho, as quatro vacas da raça holandesa do criador Albertus Frederick Wolters impressionam pelo porte e conformação. Mas são os dados oficiais do controle leiteiro que atestam que, de fato, se tratam de recordistas: cada uma delas já ultrapassou a marca de 100 mil litros (ou quilos) de leite produzidos ao longo da vida. Este raro patamar de produção é o resultado acabado de décadas de trabalho, assentado em três fatores principais: melhoramento genético, manejo e bem-estar.

No Brasil, os animais que batem os 100 mil litros produzidos passam a pertencer a uma elite que tem até nome: Vacas Vitalícias. E é no Paraná que essa categoria está maciçamente concentrada. Entre 2008 e 2018, a Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH) certificou 431 fêmeas que chegaram a esse nível produtivo. Em âmbito nacional, os dados mais recentes apontam que 126 Vacas Vitalícias foram registradas ao longo de 2017 no país, das quais 122 eram do Paraná, três de São Paulo e uma de Minas Gerais. Um dos primeiros pecuaristas do país a ter uma produtora que passou da casa dos 100 mil litros, Wolters também é o recordista em número de Vacas Vitalícias: já foram 79 cabeças desta categoria, certificadas na fazenda dele, em Castro, nos Campos Gerais. Em sua propriedade, o pecuarista mantém mais de mil animais em lactação, além de outras mil cabeças, entre bezerros e gados jovens. Todo rebanho assentado em genética de ponta.

E não é de agora. Desde que o pai dele chegou ao Brasil em 1952, trazendo as dez vacas com as quais deu início ao rebanho leiteiro, a linhagem tem peso determinante. Hoje, olhando nos registros, se percebe que os sobrenomes das Vacas Vitalícias e dos pais se repetem, a ponto de se tornarem quase uma marca. Nomes como Maaike, Stomartic, Ilka, Froukje e Sjoukje são recorrentes. No início de março deste ano, por exemplo, a vaca AFW Marconi Sjouke 1014 (repare no sobrenome) deixou o rebanho, tendo produzido incríveis 163 mil litros ao longo da vida.

“As Vacas Vitalícias são uma somatória de fatores e a genética tem muito peso. As linhagens por parte de mãe e de touros são muito importantes. A Sjouke, mesmo, é um nome holandês, de uma das vacas que veio da Holanda, quando meu pai começou”, diz Wolters.

Esse melhoramento genético não ocorre do dia para a noite, mas, sim, é resultado de décadas de trabalho, de geração para geração. Em regra, os criadores apostam em seleção gênica, a partir de touros e fêmeas provados para produção leiteira e longevidade. Ou seja, esses animais carregam consigo o DNA da elite. “Tem que ter genética. Não adianta investir em um charolês, que não vai dar nada”, brinca outro criador, Jan Ubel van der Vinne, de Carambeí, também nos Campos Gerais.

A prova está no fato de o Paraná ser o segundo Estado que mais aplica inseminação artificial na pecuária leiteira, com quase 13% dos procedimentos realizados em todo o país, conforme dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia). O médico veterinário do Sistema FAEP/SENAR-PR Alexandre Lobo Blanco destaca a importância dos estudos sobre a correlação de características de produção e longevidade no rebanho e o peso determinante que o fator genético tem para a atividade. “Essas características de produção e longevidade foram escolhidas pelo grupo técnico da Associação [APCBRH] para serem valorizadas e desenvolvidas, com registro em pedigrees”, diz. “[As Vacas Vitalícias] são animais que tendem a ser expoentes da raça e que agregam valor ao criador como patrimônio genético, principalmente, a partir das filhas que vão gerar”, destaca.

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