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CNA participa do Fórum Caminhos da Safra
Evento foi realizada na quarta (28)
Brasília (29/08/2024) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) sediou, na quarta (28), o Fórum Caminhos da Safra, promovido pela Globo Rural, para debater os investimentos e os desafios da infraestrutura e logística no país.
A abertura do evento foi feita pelo diretor de Redação e comentarista da Rádio CBN, Cassiano Ribeiro, e pelo diretor técnico adjunto da CNA, Maciel Silva.
Em sua fala, Maciel Silva afirmou que o projeto Caminhos da Safra exerce um papel primordial para o agro brasileiro e a infraestrutura e logística são assuntos que devem ser tratados com muita seriedade e perenidade.
“A CNA instituiu a Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística com a preocupação de que os problemas estruturantes dos produtores rurais sejam tratados com estratégia e organização que eles demandam. Esse projeto também demostra essa seriedade”, disse o Maciel Silva.
Segundo ele, é preciso debater o tema para “entender e valorar o sacrifício que é feito” para que os alimentos cheguem na mesa da população.
Painéis – O primeiro painel do evento “Do campo ao porto, os novos caminhos da safra” contou com a presença da assessora técnica da CNA, Elisangela Pereira Lopes; do presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini; o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Rafael Vitale Rodrigues, e o coordenador da EsalqLog/USP, Thiago Péra. A moderação do painel foi feita pelo jornalista Raphael Salomão.
Para Elisangela, as questões de infraestrutura e logística impactam diretamente os produtores rurais. “De fato, é o que aperta no bolso do produtor. Essa frase já é dita há muito tempo, de que nós somos competitivos dentro da porteira, passamos a porteira, a situação complica bastante. Temos uma força de produção grande que não é acompanhada pela logística e perdemos muito com isso”, destacou.
Segundo ela, o país vive uma situação logística em que nada pode dar errado. “Entre as formas de resolver esse problema, destacamos a necessidade de aumentar a oferta de ferrovias. No projeto da Ferrogrão, por exemplo, está previsto uma composição que vai carregar 16 mil toneladas, ou seja, 400 caminhões de uma só vez. Isso reduz o custo de transporte expressivamente, o cálculo é de 35% a 40%.”, disse. Ela acrescentou que nessa avaliação, contatou-se que os as pastas ministeriais de Transportes e Cidades sofreram maior contingenciamento no orçamento.
Elisangela disse que na última reunião da Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística da CNA, a consultoria Contas Abertas fez uma análise do primeiro ano do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Conforme o dado do Contas Abertas, de tudo que está lá no PAC, que envolve nove eixos, somente 5% foi concluído. E isso causa profunda preocupação para o setor”.
A assessora técnica também falou da pesquisa inédita da CNA realizada com produtores rurais de todas as regiões do Brasil para traçar um perfil completo da armazenagem de grãos dentro das propriedades rurais do país. A pesquisa foi realizada pela Esalq-Log (USP).
“De 2009/2010 para cá, observamos um crescimento de quase 13 milhões de toneladas/ano, enquanto a capacidade de armazenar, apenas 4,4 milhões de toneladas/ano”, disse Elisangela.
Segundo ela, somente 15% das propriedades possuem estrutura de armazenagem. “Nos EUA a armazenagem dentro da propriedade rural é de 54%. É preciso gastar R$ 15 bilhões por ano. Para a safra de 2023/2024 o governo disponibilizou somente R$ 7,8 bilhões por meio do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA). A taxa do PCA é de 7% a 8,5% a.a. Juros quase duas vezes superior ao dos EUA (3,75% ao ano). Produtores responderam: alto custo da construção, alto custo a operação, falta de mão de obra qualificada, dificuldade de acesso ao crédito para a construção”, disse a assessora técnica da CNA durante o debate.
No segundo painel, participaram o diretor comercial corporate São Paulo da TIM, Leonardo Belotti; a presidente da SCPar Porto de São Francisco do Sul (SC), Cléverton Vieira; o diretor da Transportes Bertolini, Paulo Caleff, e o diretor de relações institucionais da Amaggi, Ricardo Tomczyk. A moderação foi feita pela jornalista Fernanda Pressinott.
O Fórum Caminhos da Safra é uma iniciativa da Revista Globo Rural e Editora Globo. O evento marca os 11 anos de projeto. Ao longo dos últimos três meses, as equipes de reportagem percorreram rotas no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Pará, Maranhão e Piauí. No caminho mostraram como está a produção nessas regiões e as condições do caminho da produção do campo aos portos.
Assista o Fórum Caminhos da Safra completo