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PIB do Agronegócio avança em julho e mantém crescimento acumulado do ano
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e com a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (Fealq), apresentou leve alta de 0,12% em julho. No acumulado do ano (de janeiro a julho), o desempenho seguiu positivo, em 0,64%.
Os segmentos de insumos (+0,77%), agroindústria (+0,36%) e agrosserviços (+0,55%) registraram elevações em julho, com recuo apenas no segmento primário (-1,14%). No acumulado de janeiro a julho de 2019, o segmento primário seguiu apresentando baixa, de 2,99%, enquanto insumos (+7,88%), agroindústria (+1,60%) e agrosserviços (+1,18%) apresentaram crescimentos (Tabela 1).
Tabela 1. PIB do Agronegócio: Taxa de variação mensal e acumulada no período (%)
O ramo agrícola recuou 0,75% em julho e 1,75% no acumulado de janeiro a julho, resultado influenciado sobretudo pelas baixas do segmento primário. Em julho, o segmento primário (-2,39%), a agroindústria (-0,20%) e os agrosserviços (-0,58%) apresentaram redução, enquanto o segmento de insumos cresceu 1,02%. No acumulado dos 7 primeiros meses do ano, os segmentos de insumos e agroindustrial expandiram 9,95% e de 0,81%, respectivamente. Já os segmentos primário (-9,82%) e de agrosserviços (-0,78%) registraram reduções (Tabela 2). Como mencionado em relatórios anteriores, o PIB do segmento primário se mantém pressionado por maiores custos de produção e menores preços de seus produtos.
Tabela 2. Ramo Agrícola: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)
Já o ramo pecuário, cresceu 2,30% em julho e 7,04% nos 7 primeiros meses do ano. Tais altas refletem expansão em todos os segmentos da pecuária: insumos (0,25% e 3,44%), primário (1,13% e 10,96%), agroindústria (2,81% e 4,84%) e agrosserviços (3,24% e 6,00%), em julho e no acumulado de janeiro a julho, respectivamente (Tabela 3).
Tabela 3. Ramo Pecuário: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)
Embora o segmento primário da pecuária também siga pressionado por elevados custos de produção, a alta dos preços dos seus produtos, aliado a um maior volume de produção, têm garantido expansão de 10,96% nos primeiros 7 meses do ano, e 1,13% em julho. O segmento apresenta aumento nos preços principalmente de suínos, frango e leite. O aquecimento da demanda com reflexo nos preços, derivam principalmente da crescente demanda chinesa por proteína animal, no contexto da Peste Suína Africana.
SEGMENTO DE INSUMOS: Crescimento se mantém em julho, para ambos os ramos
O segmento de insumos do agronegócio cresceu 0,77% em julho e 7,88% no acumulado de janeiro a julho. Quando analisado por ramos do agronegócio, tanto o agrícola quanto o pecuário tiveram crescimentos no mês, de 1,02% e 0,25%, respectivamente; no acumulado, os avanços foram de 9,95% e 3,44% (Tabelas 1 a 3). Os incrementos mais intensos do ramo agrícola estiveram atrelados ao bom desempenho das indústrias de defensivos e fertilizantes, conforme se observa na Figura 1, que mostra as variações anuais de volume, de preços e de faturamento para as indústrias de insumos acompanhadas.
Figura 1. Insumos: variação (%) anual de volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações até julho/2019
Na indústria de fertilizantes, importante atividade do segmento de insumos, espera-se um aumento de faturamento de 15,65% em 2019. Tais expectativas estão ancoradas em preços 13,04% maiores de janeiro a julho de 2019, comparativamente ao mesmo período do ano anterior. Além da maior procura, destaca-se a desvalorização da taxa de câmbio como o principal responsável pelo aumento dos preços, conforme já destacado em relatórios anteriores. Como resultado, o preço mais elevado impactou a demanda e também a produção nacional de fertilizantes, de modo que se espera crescimento modesto de 2,31% no ano.
Já na indústria de defensivos, além da elevação de 6,29% do preço na comparação entre períodos, espera-se aumento de 29% na quantidade produzida em 2019. Conforme mencionado em relatórios anteriores, essa alta provavelmente reflete a internalização da produção de defensivos em resposta à supressão da oferta por parte da China, como parte de medidas de mitigação da poluição. Com efeito, é esperado aumento de 37,12% no faturamento da indústria.
Quanto à produção de máquinas agrícolas, espera-se queda de 5,80% em 2019. Segundo a Anfavea, a demanda segue em baixa comparativamente a 2018. As incertezas quanto à liberação de crédito, em especial o Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota) têm repercutido nas decisões de investimento. Ainda assim, segundo a Anfavea, em julho detectou-se importante recuperação. O aumento de 4,52% no preço amenizou a queda do faturamento, sendo esperada baixa de 1,54% em 2019.
No ramo pecuário, espera-se alta do faturamento da indústria de rações (+6,49%), impulsionado pelo aumento de 7,67% do preço do produto apesar da queda de 1,10% da quantidade produzida. Já para a indústria de medicamentos veterinários, há um avanço moderado de 1,16% do preço acompanhado de expectativa de incremento de 3,12% da quantidade produzida, resultando em crescimento esperado de 4,31% no faturamento da indústria.
SEGMENTO PRIMÁRIO: Renda do segmento agrícola segue pressionada pela alta nos custos
O PIB do segmento primário do agronegócio recuou 1,14% em julho, com baixa de 2,39% no ramo agrícola, mas alta de 1,13% no pecuário. No acumulado dos primeiros sete meses de 2019, verifica-se queda de 2,99% no segmento primário do agronegócio, promovida pelo recuo do ramo agrícola (-9,82%), já que o ramo pecuário acumula elevação importante de 10,96% (Tabelas 1 a 3). Como mencionado em relatórios anteriores, o custo de produção elevado vem impactando tanto o ramo agrícola quanto o pecuário. No entanto, os altos preços dos produtos pecuários, além de um aumento da produção animal, têm sustentado sua renda; já para o ramo agrícola, maiores custos combinados a menores preços dos produtos prejudicam a recuperação da renda.
Para 2019, espera-se redução de 0,79% no faturamento médio das atividades do segmento primário agrícola, considerando-se as projeções de produção para o ano e de preços de janeiro a julho de 2019 frente ao mesmo período do ano anterior. Com relação à produção, no ano de 2019, espera-se alta de 1,38% na média ponderada das atividades acompanhadas. Já para os preços, na comparação entre períodos, houve redução média real de 2,14%. Consonante aos relatórios anteriores, a renda do segmento segue pressionada pelo aumento dos custos de produção, como fertilizantes e defensivos, seguindo a tendência observada desde 2018. No caso do segmento primário da pecuária, para 2019, espera-se crescimento de 13,49% no faturamento, resultado principalmente do aumento dos preços médios ponderados das atividades acompanhadas, de 10,05%, como também do avanço de 3,12% na produção esperada para o ano.
As Figuras 2 e 3 e a Tabela 4 detalham os resultados específicos do segmento por atividades agrícolas e pecuárias. Entre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas pelo Cepea, projetam-se crescimentos nos faturamentos em 2019 para algodão, banana, batata, cacau, cana-de-açúcar, feijão, laranja, milho, tomate, trigo, uva e lenha/carvão. Já as culturas para as quais se projetam quedas no faturamento são arroz, café, fumo, mandioca, soja, madeira em tora e madeira para celulose – Figura 2 e Tabela 4.
Dentre as culturas com expectativa de aumento de faturamento, destaca-se o caso do feijão, em que se espera um amento de 92,10% no faturamento. Este crescimento é impulsionado pela alta de 98,03% no preço do produto comparando-se os meses de janeiro a julho de 2019 frente ao mesmo período de 2018, enquanto a previsão de produção para o ano apresenta queda (-2,99%). De acordo com a Conab e com o Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe), a queda na previsão de oferta e o aumento nos preços resultam da diminuição de área e das condições climáticas desfavoráveis à cultura, especialmente no estado da Bahia.
Os crescimentos projetados para o faturamento das culturas do cacau (+2,09%), trigo (+1,55%), tomate (+33,05%), laranja (10,01%) e uva (2,33%) refletem os aumentos nos preços na comparação entre períodos (janeiro a julho de 2019 frente a janeiro a julho de 2018). No caso do cacau, a alta dos preços reais é de 3,82% na comparação entre períodos, enquanto para a produção projeta-se queda de 1,67%. Segundo a Conab, os preços seguem a tendência de alta, além do aumento da demanda de produtos derivados da amêndoa de cacau.
Na cultura do trigo, a elevação dos preços reais é de 2,07% na comparação entre períodos, apesar de projeção de menor produção anual (-0,51%). Segundo a Conab, a menor produção é reflexo dos impactos do clima na produtividade da cultura, especialmente nas lavouras do Sul do Brasil. E, de acordo com a equipe Grãos/Cepea, a alta dos preços é devida à baixa oferta do grão de boa qualidade, à entressafra brasileira e às exportações.
O aumento nos preços reais da laranja é de 11,14% na comparação entre períodos, e há previsão de queda na produção (-1,02%) para o ano de 2019. De acordo com a equipe Hortifrúti/Cepea, o avanço dos preços é reflexo da desaceleração da colheita da safra 2018/2019 e da baixa qualidade das laranjas. Na cultura do tomate, o aumento nos preços é de 39,06% na comparação entre janeiro a julho de 2019 e o mesmo período de 2018, enquanto para a produção a previsão para o ano é de queda, de 4,32%. De acordo com a equipe Hortifrúti/Cepea, a alta dos preços e a retração da oferta são reflexos das condições climáticas adversas que prejudicaram tanto a produtividade quanto a qualidade do tomate. Adicionalmente, como apontado pela equipe, verificam-se reduções de área plantada.
Com relação às culturas da batata e cana-de-açúcar, a projeção de aumento do faturamento é reflexo tanto da alta nos preços reais, na comparação entre janeiro a julho de 2019 e o mesmo período de 2018, quanto da projeção de maior produção anual. Para a cana-de-açúcar, o leve aumento esperado do faturamento (+1,98%) está atrelado à projeção de aumento na produção anual em 0,30% e ao aumento de 1,68% nos preços na comparação entre períodos. De acordo com a Conab, apesar da redução da expectativa de produção (-2,2%) de cana-de-açúcar no estado de São Paulo (maior produtor nacional) e da estimativa de redução da área colhida (-2,4%) no País, ganhos de produtividade nas demais regiões produtoras contribuem para a expectativa de aumento da produção.
No caso da batata, a alta nos preços de 128,24% e o aumento na expectativa de produção de 0,76% refletem no crescimento projetado para o faturamento (+129,99%). Segundo a equipe Hortifruti/Cepea, neste ano, observam-se reduções na produtividade, motivadas pelo clima desfavorável, e na área plantada, em decorrência da perda de rentabilidade em safras anteriores. Esses fatores têm limitado a oferta, fazendo com que o preço da batata siga em alta na comparação entre períodos. O aumento esperado na produção anual de batata deve-se, em grande parte, à produção destinada à indústria, que tem menor influência na média de preço apurado.
No caso do algodão, o crescimento projetado para o faturamento anual (+17%) reflete a expectativa de expansão da quantidade produzida, em 35,91% para o ano, uma vez que os preços apresentaram queda de 13,91% na comparação de janeiro a julho de 2019 em relação ao mesmo período de 2018. De acordo com a Conab, a perspectiva de produção recorde dentro da série histórica nacional advém principalmente do aumento significativo da área destinada à cultura (37,8% maior que a safra passada). A Companhia ressalta que o bom resultado da safra anterior e as expectativas promissoras para o mercado do algodão estimularam o incremento da área. De acordo com a equipe Algodão/Cepea, a redução dos preços é atribuída a dois fatores: i) às quedas nas cotações do algodão em pluma devido aos atrasos na colheita da safra 2018/2019 causados por intempéries climáticas (em especial, em localidades de Mato Grosso e da Bahia); ii) à conjuntura político-econômico de 2018 (destacando-se o estoque doméstico, a paridade de exportação positiva e a paralisação dos caminhoneiros).
Figura 2. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações de julho/2019
Como na cultura do algodão, o crescimento projetado no faturamento da cultura do milho (+21,26%) reflete a expectativa de aumento na quantidade produzida, em 23,88% para o ano, uma vez que os preços apresentaram queda de 2,12% na comparação entre períodos. Segundo a Conab, a maior produção de milho se deu pelo avanço da área destinada à cultura e pela maior produtividade, que, por sua vez, foi favorecida pelo clima e pela antecipação do plantio da soja, que possibilitou o aproveitamento integral da janela. Em relação aos preços, a equipe Grãos/Cepea indica que a redução é reflexo do avanço da colheita e da maior disponibilidade interna do grão. Destaca-se que a queda não foi maior devido à alta significativa dos preços em junho – com as dificuldades no semeio nos Estados Unidos, maior exportador mundial, e a alta competitividade internacional do milho brasileiro, os negócios foram aquecidos nos portos e impulsionaram as cotações.
Tabela 4. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2019/2018 com informações de julho/2019
Entre as culturas para as quais se projeta redução no faturamento, tem-se o caso da mandioca. A diminuição esperada de 34,20% no faturamento é reflexo da queda dos preços, em 36,78% na comparação entre janeiro a julho de 2019, frente ao mesmo período de 2018. Para a produção, projeta-se um aumento para o ano, de 4,08%. De acordo com a equipe Mandioca/Cepea, a redução nos preços da raiz reflete a maior oferta e a redução da demanda pelos derivados da cultura, como amido e farinha.
No caso do arroz, a retração esperada de 6,23% no faturamento reflete a expectativa de redução de 13,39% da produção com relação a 2018, frente ao aumento de 8,26% no preço na comparação ente períodos. Conforme aponta a Conab, a perspectiva de queda da produção de arroz está atrelada à tendência de redução da área plantada destinada à cultura, tendo em vista a maior rentabilidade de culturas alternativas. Neste ano, esta perspectiva foi agravada pela menor produtividade da cultura, devido a condições climáticas desfavoráveis nas principais regiões produtoras. De acordo com a equipe Arroz/Cepea, apesar do fraco ritmo de comercialização de arroz em casca e do recuo do Indicador ESALQ/SENAR-RS no mês de julho, o aumento dos preços no período é reflexo das baixas cotações do arroz nos primeiros meses de 2018, quando se esperava uma maior disponibilidade da safra 2017/2018.
No caso da soja, a redução projetada no faturamento (-10,10%) se deve à queda nos preços na comparação entre períodos (-6,78%) e também à projeção de menor produção (-3,56%). De acordo com a Conab, apesar do aumento de área destinada à cultura (+2,1%) em comparação à temporada 2017/2018, a produção de soja foi pressionada pelas oscilações e intempéries climáticas que afetaram a produtividade da cultura. A Companhia ressalta, no entanto, que, apesar da redução, a safra 2018/2019 se configura como a segunda maior da história. Quanto aos preços, segundo a equipe Grãos/Cepea, a queda em julho é reflexo dos baixos níveis de negociações no mercado spot e contratos a termo. E, como no caso do milho, a queda nos preços na comparação entre períodos não foi maior devido à alta importante verificada em junho, também um reflexo dos problemas climáticos no cinturão agrícola nos Estados Unidos, que impulsionaram os contratos futuros.
Como na cultura da soja, a queda de 11,72% nos preços reais do café de janeiro a julho de 2019, comparado ao mesmo período de 2018, e a expectativa de redução em 20,54% na produção do ano pressionaram a projeção de faturamento anual (-29,85%). De acordo com a Conab, o ciclo de bienalidade negativa somado à incidência de altas temperaturas e à escassez de chuva explicam o cenário de baixa produtividade da cultura e, por consequência, na expectativa de produção. Segundo a Companhia e a equipe Café/Cepea, o cenário de queda nos preços está atrelado à baixa qualidade, se comparada à safra passada, e à grande oferta global do grão. Como destacado em relatórios anteriores, a safra 2019 de café pode ser considerada volumosa para um ano de bienalidade negativa.
Para o segmento primário da pecuária, esperam-se aumentos nos faturamentos de todas atividades acompanhadas, como se observa na Figura 3.
Figura 3. Pecuária: Variação anual dos preços e do faturamento 2019/2018 com informações de julho/2019
Para a bovinocultura de corte, bovinocultura de leite e suinocultura de corte, o aumento no faturamento é reflexo da alta tanto nos preços (janeiro a julho de 2019 em relação ao mesmo período de 2018) quanto na quantidade produzida esperada. O crescimento esperado do faturamento da bovinocultura de corte é de 4,97%, conduzido pela variação de 3,13% do preço, na comparação entre períodos, e pelo aumento esperado de 1,79% na produção. De acordo com a equipe Boi/Cepea, a alta dos preços é reflexo do bom desemprenho das exportações brasileira de carne bovina e da regulação do volume ofertado de animais prontos para abate.
Para a bovinocultura do leite, o faturamento esperado avançou 21,63%, impulsionado principalmente pelo aumento do preço, que, na comparação entre períodos, cresceu 15,88%, e também pelo incremento esperado na produção (+4,96%). De acordo com a equipe Leite/Cepea, este contexto é reflexo da elevada competição entre indústrias para aquisição de matéria-prima e da menor oferta de leite. Segundo a equipe, apesar do aumento esperado para a produção, o cenário para 2019 é incerto, mesmo com os altos preços e boa relação de troca com o milho.
No caso da suinocultura, registrou-se alta de 27,82% nas cotações reais na comparação entre janeiro a julho de 2019 e o mesmo período de 2018 e projeção de aumento da produção (+4,12%). De acordo com a equipe Suíno/Cepea, esse cenário é reflexo da maior demanda por parte das indústrias, que buscam atender à procura externa aquecida, especialmente da China, em decorrência da Peste Suína Africana (PSA).
Quanto ao mercado de aves para corte, o crescimento no faturamento (+21,89%) é reflexo do aumento significativo nos preços reais, de 23,17% na comparação entre janeiro a julho de 2019 frente ao mesmo período de 2018, enquanto a projeção de produção para o ano apresenta redução de 1,04%. Segundo a equipe Frango/Cepea, a forte alta das cotações do frango se deve ao bom desempenho das exportações e à demanda aquecida, especialmente do mercado externo em decorrência dos casos de PSA, como na suinocultura. Já o crescimento esperado do faturamento da produção de ovos é de 5,57%, conduzido pela variação positiva da quantidade (+7,27%), apesar da variação negativa nos preços (-1,59%).
SEGMENTO INDUSTRIAL: Agroindústria acumula alta no semestre
O segmento agroindustrial registrou alta de 0,39% em julho de 2019, com redução de 0,20% para a indústria de base agrícola, mas aumento de 2,81% para a de base pecuária. No acumulado de janeiro a julho de 2019, o segmento cresceu 1,60%, com altas de 0,81% na indústria de base agrícola e de 4,84% na de pecuária (Tabelas 1, 2 e 3).
Na indústria de base agrícola, espera-se um aumento de 0,34% no faturamento anual, resultado do avanço de 1,01% nos preços médios, tendo em vista a queda de 0,66% na produção média ponderada do segmento. Para a indústria de base pecuária, espera-se elevação de 9,53% no faturamento, em decorrência de preços 7,76% maiores, como também de aumento na produção em 1,65%, ambos em média.
No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola que apresentaram projeção de crescimento do faturamento foram: celulose e papel, vestuários, moagem e fabricação de produtos amiláceos (praticamente estabilidade), conservas de frutas/legumes/outros vegetais, açúcar, bebidas e outros produtos alimentares. As demais indústrias registram perspectivas de redução: produtos e móveis de madeira, biocombustíveis, têxtil, café, produtos do fumo e óleos vegetais (Figura 4).
Dentre as indústrias de base agrícola acompanhadas pelo Cepea, esperam-se crescimentos substanciais de faturamento para a do açúcar, de conservas e de celulose e papel. Para a indústria do açúcar, o crescimento esperado de 17,50% do faturamento é resultante da alta de 7,3% do preço em comparação ao mesmo período do ano anterior e do aumento de 9,5% na produção. Em ambos os casos, trata-se de uma recuperação – após desempenho fraco em 2018, quando a indústria foi impactada pela baixa demanda e excesso de oferta de matéria-prima no mercado internacional. Apesar do aumento dos preços na comparação entre períodos, assim como no mês anterior, em julho, as cotações do açúcar caíram. Segundo a equipe Açúcar/Cepea, essa queda refletiu as reduções no mercado internacional, diante da perspectiva de elevação dos estoques mundiais do produto.
Figura 4. Agroindústrias de base agrícola: variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas
No caso da indústria de celulose e papel, atividade com relativo peso na agroindústria brasileira em termos de participação no Valor Bruto da Produção (VBP), há combinação de alta de preços (+8,6%), quando comparado aos sete primeiros meses de 2018, com projeção de queda de produção (-2,1%), de modo que é esperado crescimento de 6,3% do faturamento anual do setor. Conforme destacado no relatório anterior, nos primeiros meses deste ano, a indústria manteve-se aquecida, sobretudo em função da demanda internacional; contudo, desde junho, essa demanda tem se reduzido, revertendo-se em quedas de preço.
Também com relativo peso no VBP do segmento, a indústria de bebidas espera aumento de 3,5% em seu faturamento, conduzido pelo aumento de 3,90% da produção esperada para a indústria, uma vez que o preço sofreu sutil queda de 0,40% na comparação entre períodos. Além dessas, as indústrias de outros produtos alimentares e de vestuários esperam crescimento de seu faturamento para o ano, de forma mais moderada.
Quanto às indústrias que apresentaram desempenho negativo, destacam-se a de café, de óleos vegetais e biocombustíveis. Para o caso da indústria de café, a projeção de faturamento foi de queda de 12,52% em relação ao ano anterior. Enquanto a produção esperada mantém-se estável (-0,10%), o preço caiu 12,43% na comparação entre períodos. Como já mencionado neste relatório, houve uma redução nos preços do grão, motivada principalmente pelo excesso de oferta mundial. Segundo analistas do Cepea, com os menores preços e uma qualidade também inferior do grão, a indústria do café também reduziu seus preços.
O desempenho da indústria de etanol quando comparado ao ano passado revela decrescimento. O preço recuou 4,4% na comparação entre períodos e é esperada retração de 4,6% na produção anual, de modo que a projeção de faturamento para indústria no ano é de queda de 8,8%. Segundo a Conab, na safra anterior, a produção de etanol atingiu um volume recorde. Nesse sentido, a redução da produção anual mencionada reflete principalmente uma volta à normalidade. Ademais, para a Companhia, na safra passada, grande parte das usinas focou na produção de etanol em busca de um retorno mais imediato, enquanto na temporada atual há expectativa de uma maior destinação de ATR para a produção de açúcar. Quanto aos preços, embora estejam em média menores que os do mesmo período do ano anterior, especificamente em julho, houve aumento. Segundo a equipe Etanol/Cepea, a alta no mês refletiu a demanda aquecida e os menores estoques dos etanóis.
Além desses, espera-se queda de faturamento para as indústrias de produtos madeireiros (-2,4%) e, mais moderadamente, para móveis de madeira (-0,8%) e a indústria têxtil (-0,6%). Em todos os casos, as quedas foram ocasionadas pela redução da quantidade produzida esperada para o ano (-5,5%, -1,7% e -2,1%, respectivamente). A tendência decrescente é observada desde o início do ano, e os recuos no faturamento esperado dessas indústrias têm sido parcialmente compensados por aumentos nos preços (+3,2%, +0,9% e +1,5%, respectivamente). Já para a indústria de fumo, a sutil redução de 0,6% no faturamento esperado resulta da queda de 1,9% no preço na comparação entre períodos e crescimento da produção de 1,40%.
Tratando-se do segmento agroindustrial da pecuária, conforme descrito na Tabela 5, as indústrias de abate e preparação de carnes e de laticínios obtiveram resultados esperados positivos. Já a indústria de couro e calçados de couro registrou queda de faturamento esperado. Entre janeiro a julho de 2019, o preço recuou 3,08% em comparação ao mesmo período do ano passado; ao mesmo tempo, é esperada redução de 2,18% para produção do ano. Como resultado, espera-se queda de faturamento de 5,00% para 2019.
A indústria de abate e preparação de carnes e pescado segue favorecida pela demanda internacional aquecida, em função da PSA que tem prejudicado a produção da carne suína pelos países asiáticos – principais consumidores da proteína. Em virtude disso, a indústria da carne acumula bons resultados (crescimento de +12,33% do faturamento esperado) em função, principalmente, do aumento do preço (+10,98% na comparação entre períodos), visto que a quantidade produzida esperada para 2019 crescerá apenas 1,27%.
Por fim, projeta-se crescimento de 5,36% para o ano para a indústria de laticínios, dada a combinação do aumento de 3,80% da produção esperada e de 1,50% do preço na comparação entre períodos. Todavia, de acordo com a Equipe Leite/Cepea, os preços dos derivados lácteos têm registrado queda desde junho, em decorrência de baixa demanda. Para segurar essa queda, a produção foi refreada a fim de evitar estoque.
Tabela 5. Agroindústrias de base pecuária: variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias pecuárias acompanhadas
SEGMENTO DE SERVIÇOS: Impulsionado pelos serviços ao ramo pecuário, segmento de serviços acumula alta de janeiro a julho
Como observado na Tabela 1, o PIB dos agrosserviços do agronegócio brasileiro cresceu 0,55% em julho, acumulando alta de 1,18% nos primeiros sete meses de 2019. O segmento segue impulsionado pelos serviços prestados ao ramo pecuário. Nesse ramo, o PIB dos agrosserviços avançou 3,24% em julho e 6% no acumulado do ano, refletindo o bom desempenho dos segmentos a montante na cadeia – insumos, primário e agroindustrial –, que têm apresentado expansão da produção e maiores preços de seus produtos. Nesse cenário, destaca-se o impacto positivo sobre a demanda por serviços do elevado ritmo das exportações de proteína brasileira.
Já para o ramo agrícola, o PIB dos agrosserviços recuou 0,58% em julho, acumulando baixa de 0,78% nos primeiros sete meses do ano. A menor produção da agroindústria nesse ramo somada ao estreitamento das margens ao longo das cadeias agrícolas se refletiram na baixa observada no segmento de serviços.
CONCLUSÕES
O PIB do agronegócio brasileiro voltou a crescer em julho (0,12%), acumulando alta de 0,64% nos sete primeiros meses de 2019.
Esse resultado tem sido impulsionado pela demanda internacional aquecida por carnes bovina, suína e de aves, com reflexos importantes tanto em preço como no volume exportado desses produtos. Além disso, os maiores volumes produzidos dentro da porteira e na agroindústria, garantiram crescimento de 7,04% ao PIB do ramo pecuário até julho, apesar da alta dos custos de produção.
Já no ramo agrícola, a renda média tem encolhido como consequência tanto da queda de preço de produtos importantes (como algodão, café, mandioca e soja), como da alta dos custos de produção. O aumento do volume produzido de algodão e de milho, e dos preços de produtos como batata, feijão e tomate, têm amenizado a queda registrada no PIB do segmento primário e garantido crescimento, ainda que modesto, da renda para os agentes do agronegócio ao longo do ano.
ANEXO I – Evolução mensal do PIB DO AGRONEGÓCIO
A1) PIB do Agronegócio: Taxas de variação mensal e acumulado do período (em %)
A2) PIB do Agronegócio: Participações dos segmentos (em %)
A3) PIB Volume do Agronegócio: Taxa anual (em %)*
Nota técnica: O PIB Volume do Agronegócio trata-se do PIB do agronegócio calculado pelo critério de preços constantes. Resulta, portanto, a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.
A4) PIB DO AGRONEGÓCIO - METODOLOGIA
O Relatório PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (FEALQ). O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.
Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho).
Após estimado o valor do PIB do agronegócio no ano-base, que desde janeiro/17 refere-se ao ano de 2010, parte-se para evolução deste valor de modo a se gerar uma série histórica, por meio de um amplo conjunto de indicadores de preços e produção de instituições de pesquisa e governamentais. Seja para a estimação anual do valor do PIB, ou para as reestimativas mensais das previsões anuais, consideram-se informações a respeito da evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) e do Consumo Intermediário (CI) dos segmentos do agronegócio. Pela evolução conjunta do VBP e do CI, estima-se o crescimento do valor adicionado pelo setor.
Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os cálculos do PIB do agronegócio resultam em dois indicadores principais, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas:
• PIB-renda Agronegócio (equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais, sendo estes deflacionados pelo deflator implícito do PIB nacional.
• PIB-volume Agronegócio: PIB do agronegócio pelo critério de preços constantes. Resulta daí a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.
Mensalmente, o foco de análise principal é o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor. Por conveniência textual, o PIB-renda do agronegócio é denominado apenas como PIB do Agronegócio ao longo deste relatório. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram igual período do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior).
Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, há a possibilidade, portanto, de ocorrer alteração dos resultados, tanto no que se refere ao mês corrente, como também ao que se refere a meses e anos passados. Recomenda-se, portanto, sempre o uso do relatório mais atualizado. Para uma análise mais detalhada dos aspectos metodológicos, bem como dos resultados dos demais indicadores (PIB volume, Consumo Intermediário, etc.) ver http://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx