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PIB do Agronegócio apresenta alta de 0,38% em julho/2018
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), teve alta de 0,38% em julho. No acumulado do ano (janeiro a julho) o desempenho segue ligeiramente negativo, a -0,85%.
Todos os segmentos apresentaram alta em julho: insumos (1,41%), primário (0,49%), agroindústria (0,46%) e agrosserviços (0,15%). Já no acumulado entre janeiro e julho de 2018, os segmentos primário e de agrosserviços apresentaram retração de -3,62% e -1,13% respectivamente. O segmento de insumos foi o que apresentou melhor desempenho no acumulado do período, 2,84%, seguido da
Tabela 1. PIB do Agronegócio: Taxa de variação mensal e acumulada no período (%)
A análise comparada entre os ramos agrícola e pecuário revela dois cenários bastante distintos. Enquanto o ramo agrícola apresenta resultados positivos - ainda que de crescimento modesto de 1,12% em julho e 2,08% no acumulado do ano - o ramo pecuário sente acentuadamente os efeitos da crise econômica e o fechamento de importantes mercados internacionais, retraindo 1,49% e -7,74% respectivamente.
Mais do que isso, enquanto o desempenho adverso do ramo pecuário é disseminado em todos os segmentos, no ramo agrícola ele permanece restrito à atividade dentro da porteira e ainda assim, apenas no acumulado do ano já que, desde maio, tal segmento vem apresentando resultados mensais positivos.
Em julho, os desempenhos dos ramos agrícolas e pecuário foram, respectivamente, os seguintes: insumos: 1,96% e 0,32%; primário: 1,13 e -0,76%, agroindústria: 0,99% e -1,62%; e agrosserviços: 1,16% e -2,12%. No acumulado do ano: insumos: 5,38% e -1,93%; primário: -2,85% e -5,13%, agroindústria: 3,84% e -7,66%; e agrosserviços: 3,23% e -10,08%. (Tabelas 2 e 3)
Tabela 2. Ramo Agrícola: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)
Em julho, os desempenhos dos ramos agrícolas e pecuário foram, respectivamente, os seguintes: insumos: 1,96% e 0,32%; primário: 1,13 e -0,76%, agroindústria: 0,99% e -1,62%; e agrosserviços: 1,16% e -2,12%. No acumulado do ano: insumos: 5,38% e -1,93%; primário: -,85% e -5,13%, agroindústria: 3,84% e -7,66%; e agrosserviços: 3,23% e -10,08%. (Tabelas 2 e 3)
Tabela 3. Ramo Pecuário: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)
SEGMENTO DE INSUMOS: insumos agrícolas impulsionam o segmento
O segmento de insumos do agronegócio, apresentou altas de 1,41% em julho e de 2,84% no acumulado de janeiro a julho de 2018. Como indicado acima, enquanto o desempenho dos insumos agrícolas tem sido positivo – +1,96% em julho e +5,38% no acumulado do ano – esse segmento do ramo pecuário apresenta retração de -1,93% no ano, apesar do crescimento de 0,32% em julho. (Tabelas 1 a 3)
Considerando-se dados e informações disponíveis até julho/2018, projeta-se alta 15,57% no faturamento anual de 2018 das indústrias de fertilizantes e de 5,47% na de defensivos, respectivamente. Para a indústria de máquinas agrícolas, por sua vez, espera-se relativa estabilidade para 2018, com ligeira alta de 0,03%. Já para rações e medicamentos para animais, a expectativa é de reduções anuais de 5,2% e de 0,78%, respectivamente – Figura 1.
Figura 1. Insumos: variação (%) anual de volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até julho/2018
No caso da indústria de fertilizantes, a elevação prevista no faturamento decorre tanto dos maiores preços do produto – com alta de 13,43% na comparação de janeiro a julho de 2018 com o mesmo período de 2017 – quanto à expectativa produção anual 1,89% maior. Como já destacado em outros relatórios, o preço interno do insumo no ano tem sido impulsionado pela maior demanda (doméstica e externa) e pela desvalorização do Real frente ao Dólar. Já a projeção de alta no volume anual está associada aos bons resultados obtidos em julho. Segundo informações da Scot Consultoria, esse resultado mensal refletiu a demanda para o plantio da safra brasileira de grãos 2018/2019 e também a movimentação dos volumes que não foram entregues em maio e junho, devido à greve dos caminhoneiros e aos impasses atrelados ao tabelamento do frete.
Quanto à indústria de defensivos, a projeção de alta de 5,47% do faturamento atrela-se à previsão de maior quantidade (+9,8%), apesar do recuo de 3,95% nos preços na comparação entre períodos. Já para a indústria de máquinas agrícolas, o resultado praticamente estável esperado para o ano reflete o balanço entre preço 0,96% menor e produção 1% maior.
Para rações, preços (-3,56%) e produção (-1,70%) em baixa têm pressionado o faturamento, cuja expectativa para 2018 é de queda de -5,2%. Segundo o Sindirações, o desempenho do setor de rações até o momento, que tem sido aquém do esperado, foi bastante prejudicado pelo alto custo da alimentação animal – impulsionado pelos preços dos grãos e de outros insumos que são importados –, pelos embargos europeu (à carne de frango) e russo (à carne suína) ao setor de carnes, pelo bloqueio logístico durante a greve dos caminhoneiros e também pelo tabelamento dos fretes.
SEGMENTO PRIMÁRIO: baixos preços pecuários e maiores custos agrícolas pressionam a renda “dentro da porteira”
A renda do segmento primário do agronegócio apresentou alta de 0,49% em julho, impulsionada pelo crescimento de 1,13% no ramo agrícola, frente à redução de 0,76% no pecuário. No acumulado do ano, no entanto, a estimativa se mantém negativa, em 3,62% – com reduções de 2,85% no ramo agrícola e de 5,13% no pecuário (Tabelas 1, 2 e 3).
Após o forte crescimento da produção agrícola em 2017, espera-se nova alta, embora mais modesta, de 1,27% no faturamento médio das atividades do agronegócio em 2018. Para esse resultado, tem contribuído a expansão esperada na quantidade produzida de culturas importantes em termos de valor de produção, como algodão, café, trigo e soja. Pela primeira vez no ano, em julho, houve alta de 0,2% na média ponderada de preços das atividades acompanhadas. Por outro lado, a estimativa anual da renda do segmento segue pressionada pelo aumento dos preços de importantes insumos para a produção, como fertilizantes, sementes e óleo diesel. Já no segmento primário da pecuária, a expectativa acerca do faturamento segue em baixa, pressionada especialmente pelos preços 6,55% menores na comparação de janeiro a julho de 2018 com o mesmo período de 2017. Por outro lado, para a produção, espera-se elevação de 2,77% no ano. Assim como no segmento primário agrícola, o aumento de preços para insumos pecuários também tem pressionado as estimativas da renda do segmento, com elevações importantes para diesel e eletricidade e também para o milho.
As Figuras 2 e 3 e a Tabela 4, apresentados a seguir, detalham os resultados do segmento de acordo com culturas agrícolas e atividades pecuárias específicas. Entre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas pelo Cepea, projeta-se crescimento do faturamento para algodão, cacau, café, soja, tomate, trigo, madeira em tora, madeira para papel e celulose e lenha/carvão. Já as culturas para as quais as projeções são de queda no faturamento são arroz, banana, batata, cana-de-açúcar, feijão, fumo, laranja, mandioca, milho e uva – Figura 2 e Tabela 4.
Dentre as culturas com perspectivas de crescimento de faturamento em 2018, destaca-se o algodão. Na comparação entre janeiro a julho de 2018 e o mesmo período de 2017, houve alta de 14,01% nas cotações desse produto. Como apontado no relatório anterior, a alta nas cotações do algodão no primeiro semestre relacionou-se à maior demanda externa, ao aumento no preço internacional e à desvalorização do Real frente ao Dólar. Já em julho, os preços do produto recuaram no mercado nacional. Segundo a equipe Algodão/Cepea, essa redução esteve atrelada ao avanço da colheita da safra 2017/18 e à redução das ofertas de compra de novos lotes no mercado spot por parte da indústria. Com relação à projeção de aumento de 30,96% na quantidade produzida, segundo a Conab, se deve principalmente ao crescimento estimado para a área plantada, aliado a ganhos de produtividade para a cultura.
Quanto ao café, o crescimento esperado no faturamento reflete a previsão de aumento de 29,07% na quantidade produzida para 2018. Assim como já destacado em relatórios anteriores, este ano é de bienalidade positiva da produção de café, o que, em conjunto ao bom manejo da cultura e às boas condições climáticas, explica o aumento esperado. Já para preços, houve redução de 10,22% na comparação entre períodos (janeiro a julho de 2018 frente ao mesmo período de 2017). Especificamente em julho, segundo a equipe Café/Cepea, a redução do preço doméstico do produto respondeu à queda nas cotações externas, que por sua vez, foi influenciada pelo bom andamento da colheita no Brasil.
Para a soja, a elevação esperada do faturamento decorre de preços 11,58% maiores na comparação entre períodos (janeiro a julho de 2018 frente ao mesmo período de 2017) e da expectativa de aumento de 4,56% da produção. Segundo a Conab, a alta esperada de produção é motivada tanto por expansão de área quanto de produtividade, como já ressaltado em relatórios anteriores. Quanto aos preços, segundo a equipe Grãos/Cepea, a desvalorização do Real frente ao Dólar e a firme demanda externa pela soja brasileira contribuíram para o aumento em 2018. Embora a China tenha anunciado possível redução no consumo de soja, outros países tendem a elevar as importações, resultando em recorde nas transações mundiais do grão na temporada 2018/19. Com a demanda mundial crescente, as expectativas apontam para o Brasil na liderança da exportação global do produto.
Figura 2. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até julho/2018
Tabela 4. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até julho/2018
No caso do trigo, preços 31,01% maiores na comparação entre períodos (janeiro a julho/2018 frente a janeiro a julho/2017) e expectativa de expansão em 22,88% na produção têm impulsionado a previsão do faturamento anual. Para preços, a equipe Trigo/Cepea aponta como fatores altistas a baixa oferta de trigo de boa qualidade e a desvalorização do Real frente ao Dólar (o que influenciou o aumento do custo do produto importado). No caso da produção, segundo a Conab, a estimativa de alta reflete aumentos esperados tanto em área (6,4%) quanto em produtividade (15,5%).
Dentre as culturas para as quais projeta-se redução do faturamento anual, as projeções negativas sobre o faturamento do milho refletem a queda esperada de -16,85% na produção anual, apesar do aumento dos preços na comparação entre os primeiros sete meses de 2018 e o mesmo período de 2017 (14,43%). Como destacado em relatórios anteriores, informações da Conab indicam que a menor produção esperada do milho reflete a menor produtividade, sobretudo para a segunda safra, devido ao estresse hídrico ocorrido no período de desenvolvimento, e também as menores áreas tanto na primeira quanto na segunda safra. Para preços, a equipe Grãos/Cepea destaca que, apesar da alta acumulada no semestre em decorrência da menor oferta do produto, em junho e julho, os valores caíram.
Quanto à cana-de-açúcar, a redução projetada no faturamento anual é reflexo da queda de -14,81% dos preços na comparação entre os sete primeiros meses de 2018 e de 2017. Os preços da cana seguem os valores dos produtos finais da cadeia sucroenergética (açúcar e etanol), sendo esses pressionados para baixo pelo recuo relevante nas cotações do açúcar no ano, como destacado em relatório anterior. Já para a produção, houve uma reestimativa positiva por parte da Conab frente ao esperado no relatório anterior, com expectativa atual de ligeiro aumento de 0,36%. Esse crescimento, por sua vez, reflete principalmente a expectativa de maior produtividade na região Norte/Nordeste, segundo informações da Conab.
Para o arroz, a banana, o feijão, a laranja, a mandioca e a uva, menores preços frente aos primeiros sete meses de 2017 e menor produção esperada para 2018 explicam a expectativa de redução no faturamento anual.
Para o segmento primário da pecuária, há expectativa de baixa no faturamento para todas as atividades, exceto para a bovinocultura de corte. Como se observa na Figura 3, a queda dos preços reais até o momento tem sido determinante para explicar esse resultado negativo.
Figura 3. Pecuária: Variação anual estimada do volume, dos preços e do faturamento 2018/2017 com informações até julho/2018
Para a bovinocultura de corte, o aumento esperado no faturamento está atrelado à elevação prevista de 2,46% na quantidade produzida e também ao leve aumento dos preços na relação entre os períodos (+0,54%). Esse aumento dos preços, por sua vez, foi impulsionado pela alta verificada em julho/18. Segundo a equipe Boi/Cepea, as cotações do boi gordo em julho foram sustentadas pela diminuição da oferta de animais prontos para o abate.
No caso da produção de leite, preços e quantidades em baixa, de 7,48% e 0,31% respectivamente, têm pressionado as expectativas de faturamento anual. Ainda que os valores em 2018 estejam em patamares inferiores aos do mesmo período de 2017, ao longo dos meses, houve sucessivas elevações nas cotações do produto. Segundo a equipe Leite/Cepea, esses aumentos ao longo do ano responderam essencialmente à limitação da oferta de leite no campo, que pesou mais do que a queda da demanda. Especificamente em julho, a equipe aponta que a competitividade entre indústrias pelo leite deu sustentação às cotações ao produtor.
Já para os suínos e para as aves de corte e postura (ovos), a queda esperada no faturamento anual reflete os menores preços, frente a aumentos estimados na produção. No caso dos suínos, espera-se crescimento de 4,57% na produção anual, mas os preços recuaram 21,77% na comparação entre os sete primeiros meses de 2018 e o mesmo período de 2017. Especificamente em julho, segundo a equipe Suínos/Cepea, a redução dos preços atrelou-se à fraca demanda pelo animal vivo.
No mercado de aves para corte, espera-se aumento de 1,32% na produção, e os preços recuaram 3,7% no período (frente aos meses de janeiro a julho de 2017). Apesar da queda na comparação com o ano passado, as cotações do frango vivo mantiveram movimento de alta entre maio e julho. Segundo a equipe Frango/Cepea, a estratégia de controle de produção por parte do setor tem colaborado para o equilíbrio do mercado e a melhora nos preços ao produtor.
SEGMENTO INDUSTRIAL: Agroindústria cresce novamente em julho
Depois do crescimento em junho, o segmento industrial apresentou nova alta, agora de 0,46%, em julho. Com isso, o crescimento acumulado no ano é de 1,36% (Tabela 1). Entre os ramos, o cenário apresentado no relatório anterior se manteve, com a agroindústria de base agrícola acumulando crescimento de 3,84% (após alta de 0,99% em julho), enquanto a de base pecuária, apresentou redução de 7,66% (após queda de 1,62% em julho) – Tabelas 2 e 3.
Na indústria de base agrícola, projeta-se alta anual de 3,07% no faturamento, refletindo as elevações de 2,37% na produção e de 0,69% nos preços reais, para a média das atividades industriais acompanhadas. No caso da indústria de base pecuária, projeta-se recuo anual de 1,68% no faturamento, com a média de preços das atividades industriais do ramo recuando 5,46% na comparação com o período de janeiro a julho de 2017. Por outro lado, para a produção, espera-se alta de 4% para o ano.
No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola que apresentaram perspectivas de crescimento do faturamento foram: óleos vegetais, biocombustíveis, celulose e papel, produtos de madeira e móveis de madeira, bebidas e indústria do café. Por outro lado, as indústrias que mantiveram redução foram açúcar, moagem e fabricação de produtos amiláceos, fumo, conservas de frutas/legumes/outros vegetais, vestuários e têxtil e outros produtos alimentares (Figura 4).
Figura 4. Agroindústrias de base agrícola: variação anual estimada do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas
Para a agroindústria de óleos vegetais, projeta-se crescimento de 7,80% na quantidade produzida e, 9,69% nos preços. Apesar da relação de alta frente ao ano passado, segundo a equipe Soja/Cepea, em julho, especificamente, o preço do óleo não subiu. Mesmo com o cenário nacional altista para o complexo soja, a valorização no Brasil foi limitada pela queda dos contratos futuros na CME Group, que, por sua vez, foram pressionados por estimativas de menor demanda externa e pela expectativa de que os Estados Unidos aumentassem a pressão sobre a China.
Na indústria de biocombustíveis (etanol), a expectativa é de evolução positiva no faturamento. Essa revisão mais otimista frente ao relatório anterior pautou-se na nova estimativa anual produção de etanol divulgada pela Conab. Atualmente, espera-se aumento de 11,6% na quantidade produzida. Segundo a Companhia, esse incremento relaciona-se à menor destinação de ATR para a produção de açúcar. Houve aumento de 7,55% na comparação de preços entre janeiro a julho de 2018 e de 2017. Apesar da relação de alta na comparação com 2017, especificamente em julho, os etanóis perderam valor no mercado o que pode ser explicado pela menor demanda em função das férias escolares, pelo aumento da oferta por parte de algumas usinas com necessidade de fazer caixa, e pelas condições climáticas favoráveis, que permitiram avanço da moagem da cana sem interrupção nos últimos meses, elevando os estoques das usinas e criando necessidade de liberação de espaço nos tanques.
Ao contrário, na indústria açucareira, os preços recuaram 26,02% de janeiro a julho, com relação ao mesmo período de 2017, impactando em redução de 9,56% na produção. Especificamente em julho, usinas se mostraram mais flexíveis em baixar os preços do produto já que - mesmo com as projeções para a temporada de 2018/19 indicando menor produção de açúcar - a demanda pelo produtor não apresentou sinais de aquecimento.
Com relação às indústrias pecuárias, os resultados são apresentados na Tabela 5. Verifica-se que, para todos os setores acompanhados, esperam-se baixas no faturamento para o ano.
Na indústria do abate, espera-se apenas ligeira queda de 0,08% no faturamento, resultado de preços 6,05% menores na comparação com o período de janeiro a julho de 2017. Já para a produção, espera-se aumento de 6,34% no ano. Em relação aos preços, a redução média observada reflete baixas para as carnes bovina, de aves, e principalmente para a suína. De modo geral, a demanda ainda enfraquecida no mercado doméstico tem pressionado para baixo as cotações das carnes.
Para a indústria de produtos lácteos, produção estável e baixa de preços (na comparação com o período de janeiro a julho de 2017) levaram ao resultado de queda esperado para o ano. Assim como apontado para o elo anterior da cadeia, ainda que os preços dos laticínios estejam em 2018 em patamares inferiores aos observados no mesmo período de 2017, ao longo dos meses do ano corrente, verificaram-se altas. Segundo a equipe Leite/Cepea, as cotações do leite longa vida e da muçarela mantiveram crescimento em julho, embora mais ameno que o observado em junho. Teria impactado nessa maior estabilidade dos preços a normalização do cenário após o encerramento da greve dos caminhoneiros.
Para a indústria de couro e calçados, estima-se redução anual de 5,9% na produção, e o faturamento esperado também segue pressionado pela queda de preços, de 3,90% na comparação entre janeiro a julho de 2017 e de 2018. Segundo informações da Abicalçados, a indústria de calçados no Brasil enfrenta uma de suas piores crises, resultado principalmente da fraca demanda interna no País, diante do poder de compra comprometido do brasileiro.
Tabela 5. Variação anual estimada do volume, preços reais e faturamento das indústrias pecuárias acompanhas
SEGMENTO DE SERVIÇOS: Reflexo da baixa no segmento primário, serviços do agronegócio também mantêm redução
Como observado na Tabela 1, o PIB dos agrosserviços apresentou alta de 0,15% em julho, mas queda de -1,13% nos primeiros sete meses do ano. Esse resultado negativo no acumulado de 2018 reflete principalmente a retração de -10,08% dos agrosserviços do ramo pecuário, já que o PIB dos agrosserviços do ramo agrícola apresentou alta de 3,23% no mesmo período.
CONCLUSÕES
O PIB do Agronegócio Brasileiro iniciou o segundo semestre de 2018 com leve crescimento de 0,38% em julho. Apesar de modesta, essa expansão contribuiu para, conjuntamente ao crescimento de 0,82% observado em junho, amenizar o desempenho adverso do PIB do Agronegócio no início de 2018 que hoje (com dados até julho) é de -0,85%, mas chegou a -2,12% no acumulado até maio.
Esse desempenho ainda adverso da renda gerada no agronegócio em 2018 está estritamente ligado à acentuada redução dos preços dos produtos agropecuários. Enquanto os preços dos produtos agrícolas sofreram quedas significativas já no final de 2017, os preços dos produtos pecuários caíram como consequência do fechamento abrupto de importantes mercados externos destinos da carne – bovina, suína e de aves – do Brasil. Soma-se a isso, a lenta recuperação da atividade econômica brasileira como fator limitante da recuperação da demanda, e dos preços, dos produtos pecuários.
Desde junho, a recuperação de preços – particularmente de produtos agrícolas - tem se mostrado mais consistente o que tem refletido em resultados mensais positivos, tanto da renda gerada no agronegócio como um todo, como também particularmente no segmento primário (dentro da porteira), cujo resultado no acumulado do ano ainda permanece negativo (-3,62%).
Em linhas gerais, a renda dentro da porteira segue pressionada não apenas pelos ainda baixos patamares de preços dos produtos agrícolas, mas também diante do incremento nos custos de produção - especificamente, os custos de seu consumo intermediário – com destaque para os fertilizantes (encarecidos pela desvalorização do Real frente ao Dólar), para o diesel (com as mudanças na política de preços da Petrobrás e do próprio tabelamento de fretes), e para o milho que é um insumo essencial nas atividades primárias pecuárias.
Já em termos de produção, as estimativas para 2018 do PIB-volume do agronegócio, calculado pelo critério de preços constantes, seguem apontando crescimento, em todos os segmentos. Conforme se observa na Tabela A3 do Anexo I, o PIB-volume do agronegócio deve crescer 2,53% em 2018, com altas de 2,4% para insumos, de 1,34% para o segmento primário, de 3,06% para a agroindústria e de 2,90% para os agrosserviços.
ANEXO I – Evolução mensal do PIB DO AGRONEGÓCIO
A1) PIB do Agronegócio: Taxas de variação mensal e acumulado do período (em %)
A2) PIB do Agronegócio: Participações dos segmentos (em %)
A3) PIB Volume do Agronegócio: Taxa anual (em %)*
Nota técnica: O PIB Volume do Agronegócio trata-se do PIB do agronegócio calculado pelo critério de preços constantes. Resulta, portanto, a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.
A4) PIB DO AGRONEGÓCIO - METODOLOGIA
O Relatório PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.
Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho).
Após estimado o valor do PIB do agronegócio no ano-base, que desde janeiro/17 refere-se ao ano de 2010, parte-se para evolução deste valor de modo a se gerar uma série histórica, por meio de um amplo conjunto de indicadores de preços e produção de instituições de pesquisa e governamentais. Seja para a estimação anual do valor do PIB, ou para as reestimativas mensais das previsões anuais, consideram-se informações a respeito da evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) e do Consumo Intermediário (CI) dos segmentos do agronegócio. Pela evolução conjunta do VBP e do CI, estima-se o crescimento do valor adicionado pelo setor.
Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os cálculos do PIB do agronegócio resultam em dois indicadores principais, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas:
• PIB-renda Agronegócio (equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais, sendo estes deflacionados pelo deflator implícito do PIB nacional.
• PIB-volume Agronegócio: PIB do agronegócio pelo critério de preços constantes. Resulta daí a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.
Mensalmente, o foco de análise principal é o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor. Por conveniência textual, o PIB-renda do agronegócio é denominado apenas como PIB do Agronegócio ao longo deste relatório. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram igual período do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior).
Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, há a possibilidade, portanto, de ocorrer alteração dos resultados, tanto no que se refere ao mês corrente, como também ao que se refere a meses e anos passados. Recomenda-se, portanto, sempre o uso do relatório mais atualizado. Para uma análise mais detalhada dos aspectos metodológicos, bem como dos resultados dos demais indicadores (PIB volume, Consumo Intermediário, etc.) ver http://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx