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Comunicado Técnico - PIB: Preço dos Produtos Agropecuários pressionam renda do Produtor no 1º trimestre de 2018
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), recuou 0,53% em março, acumulando baixa de 1,19% no primeiro trimestre de 2018.
Conforme observa-se na Tabela 1, entre os segmentos, apenas a indústria acumulou alta no trimestre (1,00%), apesar da leve baixa no mês (0,09%). Os demais segmentos apresentaram desempenho negativo, tanto no mês de março como no acumulado do trimestre. O segmento de insumos apresentou queda de 0,10% em março, mesma variação no acumulado do trimestre. Na mesma direção, os segmentos primário e de agrosserviços apresentaram recuos mensais de 1,17% e 0,48%, e acumulados no 1º trimestre de 5,16% e-0,62%, respectivamente. (Tabela 1)
Na análise por ramo de atividade (Tabelas 2 e 3), o desempenho foi relativamente mais adverso no pecuário, com baixas estimadas de 1,66% em março e de 2,78% no acumulado do 1º trimestre. No agrícola, estima-se relativa estabilidade em março (-0,05%), mas queda de 0,52% no 1º trimestre de 2018.
Conforme dados apresentados por segmentos nas Tabelas 2 e 3, nota-se que, no ramo agrícola, o desempenho adverso tem sido limitado à atividade “dentro da porteira”, que apresenta baixa estimada em 6,41% no trimestre. Já no ramo pecuário, verifica-se queda em todos os segmentos.
Esse desempenho particularmente adverso do segmento primário (“dentro da porteira”) do ramo agrícola, deriva do elevado volume de produção da safra anterior que, desde o fim de 2017, tem imposto tendência baixista nos preços dos produtos agrícola e afetado a renda do segmento também nos primeiros meses de 2018. Na média ponderada dos produtos acompanhados, as estimativas são de aumento de 1,67% na produção anual, mas queda de 7,50% nos preços, na comparação entre o primeiro trimestre de 2018 frente ao mesmo período de 2017.
Tabela 2. Ramo Agrícola: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)
Para os demais segmentos do ramo agrícola, os crescimentos em março e no acumulado do 1º trimestre, foram respectivamente de 0,35% e 1,21% nos insumos; 0,29% e 1,87% na agroindústria; e 0,18% e 0,52% nos agrosserviços. (Tabela 2).
No ramo pecuário, a ainda lenta retomada da economia brasileira segue resultando em baixa demanda interna, pressionando para baixo os preços ao longo das cadeias dos diferentes produtos. Além disso, embargos ou reduções na importação de proteína brasileira no mercado internacional, como verificado na atividade de suínos, também têm prejudicado os resultados da pecuária, à medida que elevam a disponibilidade interna e enfraquecem as cotações. Já nos lácteos, embora os preços tenham permanecido baixos no primeiro trimestre de 2018, o mercado apresenta sinais de melhor equilíbrio entre oferta e demanda, indicando recuperação das cotações desde fevereiro, efeito que poderá ser melhor observado nos próximos relatórios do PIB.
Como se observa na Tabela 3, as quedas estimadas nos segmentos do ramo pecuário, respectivamente em março e no acumulado do 1º trimestre, foram de: -1,01% e -2,65% (insumos); -1,53% e -2,87% (primário); -1,53% e -2,23% (agroindústria) e -1,88% e -2,99% (agrosserviços).
Tabela 3. Ramo Pecuário: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)
SEGMENTO DE INSUMOS: Fertilizantes seguem com preços em alta no trimestre
O segmento de insumos do agronegócio recuou de 0,10% em março, mesma variação no acumulado do trimestre.
Dentre as indústrias de insumos acompanhadas, projeta-se queda no faturamento anual para rações (-12,68%), medicamentos para animais (-3,01%) e máquinas agrícolas (-0,92%), conforme a Figura 1. Já paras as indústrias de fertilizantes e defensivos, a projeção é de elevação anual do faturamento (5,93% e 8,62% respectivamente).
Figura 1. Insumos: variação (%) anual de volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até mar/2018
Na indústria de fertilizantes, a elevação prevista no faturamento deriva da alta de 5,93% nos preços reais. No primeiro trimestre, as cotações de fertilizantes seguiram firmes, sustentadas pelas demandas interna e internacional aquecidas.
Já para os defensivos, a elevação anual de faturamento decorre de incremento na quantidade, apesar do recuo de preços no primeiro trimestre de 2018 com relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, expectativas de agentes de mercado indicam tendência de elevação das cotações na atividade nos próximos meses de 2018, devido à alta da taxa de câmbio e à escalada do preço do petróleo. Tal tendência deve ser observada nos próximos relatórios.
SEGMENTO PRIMÁRIO: Primeiro trimestre de 2018 segue em baixo patamar de preços na comparação com o mesmo período de 2017
A renda do segmento primário do agronegócio apresentou resultado negativo de 1,17% em março de 2018, acumulando baixa de 5,16% no primeiro trimestre. Em março, tanto no ramo agrícola como no pecuário, os segmentos primários registraram recuos, de 0,87% e de 1,53%, respectivamente. No acumulado do trimestre, verificam-se quedas de 6,41% e de 2,87% respectivamente (Tabelas 2 e 3). Estes resultados estão associados ao comportamento de preços no primeiro trimestre de 2018 e à previsão de volumes de produção para o ano das culturas agrícolas e atividades pecuárias em 2018, conforme as Figuras 2 e 3 e a Tabela 4 (que serão apresentadas a seguir).
A produção do segmento primário agrícola, após forte crescimento em 2017, deve apresentar alta de 1,67% em 2018 na média das atividades acompanhadas. Já relativamente aos preços, os vigentes no 1º trimestre de 2018 foram 7,50% menores que os do mesmo trimestre de 2017. Entende-se que este resultado ainda corresponde a um movimento inercial, relativo ao baixo patamar de preços médios nos quais os produtos agrícolas encerraram 2017. No segmento primário da pecuária, as estimativas são de produção 0,28% superior e preços 9,76% inferiores no 1º trimestre/18 frente ao mesmo período de 2017.
Dentre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas pelo Cepea, as estimativas são de crescimento do faturamento para: algodão, batata, cacau, café, mandioca, soja, tomate, trigo, madeira em tora, madeira para papel e celulose e lenha/carvão. Já as culturas para as quais as estimativas são de queda no faturamento são: arroz, banana, cana-de-açúcar, feijão, fumo, laranja, milho e uva – Tabela 4 e Figura 2.
Tabela 4. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até mar/2018
Figura 2. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até mar/2018
Dentre as culturas com perspectivas de crescimento de faturamento em 2018, destaca-se o tomate, cujo aumento de preço foi de 60,52% no primeiro trimestre/18 comparativamente ao mesmo período do ano anterior. De acordo com a Equipe Hortifrúti/Cepea, no início de 2018, houve significativa redução da oferta, devido à finalização da segunda parte da safra de inverno 2017, ao menor ritmo de colheita, à maturação dos frutos e ao elevado percentual de descarte, neste último caso, em decorrência do clima desfavorável. Além disso, a equipe destaca a menor área de cultivo na safra de verão.
Para o algodão, a expectativa de alta no faturamento deriva principalmente das boas perspectivas de produção em 2018 (expansão esperada de 26,81% frente a 2017) e da alta de 1,35% observada nos preços no primeiro trimestre de 2018 frente ao mesmo período de 2017. Segundo dados da Conab, a safra atual vem apresentando clima favorável ao algodão, resultando em boa produtividade. Ademais, a Companhia estima crescimento de 25,2% em área de cultivo. Já com relação a preços, a equipe Algodão/Cepea destaca que as indústrias exerceram pressão no período por valores menores, mas os produtores seguiram firmes nos preços pedidos ao longo do trimestre, o que, diante da necessidade de reposição de estoques, resultou na elevação verificada.
No caso do café, a expectativa de alta de 10,07% no faturamento advém da projeção do crescimento de 29,07% na produção, apesar da queda de 14,72% nos preços do primeiro trimestre de 2018, frente ao mesmo período de 2017. Segundo a Conab, neste ano, a safra é de bienalidade positiva nas principais regiões, devendo ocorrer elevações significativas na produção tanto do arábica quanto do robusta. A equipe Café/Cepea também destaca que o clima favorável na maior parte das regiões em março, com bons volumes de chuvas, contribuiu para o enchimento dos grãos, criando boas expectativas para a produção na temporada. Por outro lado, a aproximação da safra pressionou as cotações externas e internas da variedade, limitando os negócios.
Para a soja, a expectativa de alta no faturamento está atrelada às altas estimadas em 2,56% na produção anual e em 0,23% nos preços no primeiro trimestre de 2018 frente ao mesmo período de 2017. Segundo informações da Conab, este crescimento em quantidade deve vir do incremento em área plantada (3,5%) nesta temporada, além da melhora nas estimativas de produtividade na região do Matopiba. Com relação a preços, apesar do registro de apenas pequena alta real no trimestre, com relação ao mesmo período do ano passado, a Equipe Grãos/Cepea destaca que, em março, já foi verificado um impulso significativo nos preços, oriundo de fatores como a quebra na produção de soja na Argentina, a firme demanda externa pela oleaginosa brasileira, a maior procura doméstica por farelo de soja e a valorização do dólar frente ao Real. O efeito da elevação dos preços do grão de soja, impulsionado a partir de março, deve ser melhor avaliado nos próximos relatórios.
Dentre as culturas para as quais projeta-se redução do faturamento está o milho, em que se estima baixa na produção anual (8,83%) e se registra queda de preços reais (8,75%) na comparação do primeiro trimestre de 2018 com o mesmo período de 2017. Segundo a Conab, a maior safra no ano passado pressionou as cotações e desestimulou produtores na temporada atual, cenário que resultou em menor área de cultivo – para a primeira safra, a Companhia avalia redução de 7,3% na área plantada. Com relação a preços, a equipe Grãos/Cepea destaca que, apesar da baixa acumulada no primeiro trimestre com relação ao mesmo período de 2017, em março, apresentaram oscilações e encerraram o mês acima dos patamares observados em fevereiro. Segundo a equipe, as valorizações estiveram atreladas aos baixos estoques de compradores, que precisaram ceder nas negociações em alguns momentos.
Para a cana-de-açúcar, a expectativa de redução no faturamento vem principalmente da queda de 16,75% nas cotações aliada à baixa de 1,15% na produção projetada para o ano. Segundo informações da Conab, a intensidade na redução de área a ser colhida, observada nos principais estados produtores, será responsável pela menor produção na safra 2018/19. Com relação a preços, a tendência de queda segue as atividades à jusante da cadeia.
Para o segmento primário da pecuária, dentre as atividades acompanhadas, há expectativa de baixa no faturamento para todas, motivada principalmente por reduções de preço, conforme observa-se na Figura 3.
Figura 3. Pecuária: Variação anual estimada do volume, dos preços e do faturamento 2018/2017 com informações até mar/2018
Na atividade leiteira, os preços recuaram 16,48% na comparação entre primeiros trimestres de 2017 e 2018, enquanto a quantidade apresentou alta de 4,10%. Segundo a equipe Leite/Cepea, apesar da baixa em preços no período, verificou-se no campo uma menor oferta (quando comparada aos últimos meses de 2017). Tal fato, aliado à competição entre empresas para garantir o fornecimento de matéria-prima, tem elevado as cotações – essa tendência deve ser verificada nos próximos relatórios.
Para a bovinocultura de corte, houve pequena queda de 2,32% nas cotações e baixa de 4,30% em quantidade (em ambos os casos, na comparação entre o primeiro trimestre de 2018 e o mesmo trimestre de 2017). De acordo com pesquisadores da equipe Boi/Cepea, o mercado pecuário esteve fraco nos primeiros três meses de 2018. De modo geral, a oferta de animais prontos para abate foi baixa, mas, como as vendas no mercado atacadista não se aqueceram de forma expressiva, a compra de novos lotes para abate ocorreu de forma limitada.
Na suinocultura, registra-se baixa de 22,57% dos preços na comparação entre janeiro e março de 2018 e o mesmo período de 2017. Já para a produção, registra-se alta de 4,29%, na mesma comparação. Segundo a equipe Suínos/Cepea, o preço do animal vivo seguiu em queda no mercado independente durante todo o mês de março, em função da maior oferta e da fraca demanda. Vendedores tiveram dificuldades para escoar a carne suína e, consequentemente, pressionaram os preços do vivo. Suinocultores, por sua vez, acabaram cedendo, devido à dificuldade de manter os lotes nas granjas em decorrência dos altos patamares de preços dos insumos.
Com relação à avicultura de corte, os preços apresentaram queda de 9,52% na comparação entre os primeiros trimestres de 2018 e de 2017, com elevação de 1,70% na produção na mesma comparação. Segundo a equipe Frango/Cepea, a baixa procura pela proteína diminuiu o ritmo de compras do animal vivo por parte de frigoríficos, mantendo os valores em queda. A avicultura de postura também apresentou baixa de preços na comparação com o mesmo trimestre de 2017, de 12,45%, mas alta de 5,21% na produção.
SEGMENTO INDUSTRIAL: PIB agroindustrial mostra recuperação no primeiro trimestre
O segmento industrial, apresentou leve baixa em março (-0,09%). Já no acumulado do ano, o resultado é de crescimento de 1,00%, conforme Tabela 1. Para a indústria de base agrícola, houve alta de 0,29% no mês, enquanto para de base pecuária, queda de 1,53%. No acumulado de janeiro e março, os resultados foram de alta de 1,87% para o ramo agrícola e queda de 2,23% no pecuário. (Tabelas 2 e 3).
A perspectiva de elevação de 4,38% no faturamento da indústria agrícola reflete a alta de 5,60% na produção estimada e a queda de 1,15% na média de preços para a média das indústrias acompanhadas (na comparação entre o primeiro trimestre de 2017 e de 2018). No caso da indústria de base animal, a perspectiva de recuo de 3,40% no faturamento decorre de preços 7,05% menores, apesar da alta de 3,93% na produção.
No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola que se destacaram com perspectivas de crescimento do faturamento foram: produtos e móveis de madeira, celulose e papel, biocombustíveis, têxtil, café, conservas de frutas e outros, óleos vegetais e bebidas (Figura 4).
Figura 4. Agroindústrias de base agrícola: variação anual estimada do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas
Para a indústria de biocombustíveis (etanol), estima-se alta anual de 1,43% em volume. Para os preços, houve alta de 7,21% no primeiro trimestre de 2018, frente ao mesmo período de 2017. Segundo pesquisadores da equipe Etanol/Cepea, em março, compradores seguiram com baixo interesse de negociar, adquirindo apenas volumes pontuais, devido à expectativa de preços menores com a entrada da nova safra.
Na indústria açucareira, os preços recuaram 30,96% no trimestre, com relação ao mesmo período de 2017, enquanto a produção tem estimativa de queda de 6,31%. Segundo a equipe Açúcar/Cepea, o recuo dos preços esteve atrelado à oferta em volume suficiente para atender à demanda nos meses de entressafra. A equipe destaca ainda que, após duas temporadas consecutivas com déficit no balanço entre produção e consumo mundial de açúcar, neste ano, as cotações no mercado internacional têm sido pressionadas pela expectativa de ampla oferta mundial, devido à recuperação da produção no continente asiático, em especial da Índia e da Tailândia.
Para a agroindústria de óleos vegetais, estima-se crescimento de 12,00% na quantidade produzida, mas houve queda de 0,95% nos preços do primeiro trimestre de 2018 (frente ao mesmo período do ano anterior). Segundo a Abiove, a projeção de alta na produção de óleos de soja para 2018 deve-se à grande disponibilidade de soja no mercado, o que motiva o processamento.
Já para papel e celulose, a estimativa de crescimento no faturamento advém das altas de 4,74% em quantidade e de 12,40% em preços, na comparação entre trimestres (1º de 2018 e 1º de 2017). Agentes de mercado indicam que esse movimento das cotações se deve à elevada demanda internacional, notadamente de países asiáticos.
Com relação às indústrias pecuárias, os dados são apresentados na Tabela 5, e observam-se baixas em todos os setores. Na indústria do abate, projeta-se queda de 2,05% no faturamento, como resultado da baixa de 4,5% nas cotações do trimestre, com relação ao mesmo período do ano anterior, já que a quantidade produzida cresceu 5,84% na mesma comparação. Segundo a equipe Boi/Cepea, as vendas de carne no mercado atacadista ainda não se aqueceram no ano. Já no front externo, a exportação de carne bovina in natura continua sendo um importante canal de escoamento da proteína neste ano e, consequentemente, um fator que tem evitado maiores quedas de preço.
No mercado da carne suína, a equipe Suínos/Cepea destaca que a demanda segue enfraquecida e a oferta, elevada. O embargo da carne suína brasileira por parte da Rússia, que não adquiriu o produto em janeiro e que vem comprando volumes muito restritos desde fevereiro, prejudicou fortemente a atividade, elevando a quantidade ofertada no mercado doméstico e, consequentemente, pressionando as cotações.
No caso da carne de aves, segundo a equipe Aves/Cepea, a demanda interna segue enfraquecida. No mercado exportador, no entanto, houve crescimento em março nos embarques da carne in natura, face ao fraco desempenho observado nos meses anteriores.
Para a indústria de lácteos, apesar da queda de preços de 7,46% na comparação entre trimestres (primeiros trimestres de 2017 e de 2018), a equipe Leite/Cepea destaca que, se por um lado, a demanda foi gradativamente se elevando no trimestre; por outro, a captação de leite estava mais condizente com a demanda. Ainda que o resultado para preços de lácteos esteja negativo no trimestre, a menor oferta tem influenciado na elevação dos preços dos derivados, efeito que poderá ser melhor observado nos próximos relatórios.
Tabela 5. Variação anual estimada do volume, preços reais e faturamento das indústrias pecuárias acompanhas
SEGMENTO DE SERVIÇOS: reflexo do desempenho primário, serviços do agronegócio recuam
Como observado na Tabela 1, os agrosserviços apresentaram baixa de 0,48% em março, acumulando queda de 0,62% no trimestre. Esse resultado negativo relaciona-se principalmente ao ramo pecuário, cujo PIB do segmento de agrosserviços apresentou queda de 2,99% no trimestre, ao passo que o agrícola teve alta, de 0,52%.
CONCLUSÕES
O PIB do Agronegócio Brasileiro encolheu 0,53% em março/2018, acumulando retração de 1,19% no 1º trimestre. Essa baixa no trimestre é resultado das estimativas de retração de 5,16% no segmento primário, de 0,62% nos agrosserviços e de 0,10% nos insumos. Apenas o segmento industrial apresentou e alta (1%) no trimestre.
Esse desempenho ligeiramente adverso no início do ano é resultado da retração tanto do ramo agrícola (-0,52%) como do pecuário (-2,78%), e em sua essência reflete a vigência de preços menores da produção “dentro da porteira”.
O desempenho das atividades pecuárias no 1º trimestre/2018 reflete tanto a ainda baixa demanda interna e o fechamento abrupto de mercados externos de carnes bovina e suína (Rússia) e de frango (União Europeia), o que tem pressionando os preços para baixo.
Já no ramo agrícola, observa-se retração apenas no segmento primário. Como detalhado ao longo desse relatório, a referida queda na geração de renda “dentro da porteira” é derivada do movimento de queda dos preços agrícolas iniciado no final de 2017. Embora na média ponderada dos produtos acompanhados, as estimativas sejam de aumento de 1,67% na produção anual em 2018; as perspectivas apontam queda de 7,50% nos preços. Já para a indústria de base agrícola, verifica-se continuidade da tendência de recuperação, com estimativas de crescimento para as principais atividades do segmento.
Por fim, o PIB-volume do agronegócio, calculado pelo critério de preços constantes, apresenta estimativas de alta para 2018, exceto para o segmento primário, para qual se estima relativa estabilidade. Para os segmentos, as estimativas de variação no ano são: +2,10% para insumos, de -0,08% para o segmento primário, de +5,11% para a agroindústria e de +3,90% para os agrosserviços. De forma agregada para o agronegócio, e considerando-se preços constantes, as perspectivas para o PIB volume do agronegócio apontam expansão de 3,17% em 2018.
ANEXO I – PROJEÇÕES ANUAIS, TABELAS DE DADOS E METODOLOGIA
A1) PIB DO AGRONEGÓCIO: TAXAS DE VARIAÇÃO MENSAL E ACUMULADO DO PERÍODO (EM %)
A2) PIB DO AGRONEGÓCIO - METODOLOGIA
O Relatório PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.
Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho).
Após estimado o valor do PIB do agronegócio no ano-base, que desde janeiro/17 refere-se ao ano de 2010, parte-se para evolução deste valor de modo a se gerar uma série histórica, por meio de um amplo conjunto de indicadores de preços e produção de instituições de pesquisa e governamentais. Seja para a estimação anual do valor do PIB, ou para as reestimativas mensais das previsões anuais, consideram-se informações a respeito da evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) e do Consumo Intermediário (CI) dos segmentos do agronegócio. Pela evolução conjunta do VBP e do CI, estima-se o crescimento do valor adicionado pelo setor.
Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os cálculos do PIB do agronegócio resultam em dois indicadores principais, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas:
• PIB-renda Agronegócio (equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais, sendo estes deflacionados pelo deflator implícito do PIB nacional.
• PIB-volume Agronegócio: PIB do agronegócio pelo critério de preços constantes. Resulta daí a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.
Mensalmente, o foco de análise principal é o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor. Por conveniência textual, o PIB-renda do agronegócio é denominado apenas como PIB do Agronegócio ao longo deste relatório. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram igual período do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior).
Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, há a possibilidade, portanto, de ocorrer alteração dos resultados, tanto no que se refere ao mês corrente, como também ao que se refere a meses e anos passados. Recomenda-se, portanto, sempre o uso do relatório mais atualizado. Para uma análise mais detalhada dos aspectos metodológicos, bem como dos resultados dos demais indicadores (PIB volume, Consumo Intermediário, etc.) ver http://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx
Bruno Barcelos Lucchi - Superintendência Técnica
Núcleo Econômico
Renato Conchon – Coordenador
Carolina Yuri Nakamura – Assessora Técnica
Diego Humberto de Oliveira – Assessor Técnico
Fernanda Schwantes - Assessora Técnica
Paulo André Camuri – Assessor Técnico
Sarah Benevides de Amorim - Estagiária