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"A fruticultura irrigada no Ceará"
Estamos vivenciando um conflito de interesses entre setores econômicos na definição de liberações hídricas. Reconhecemos a prioridade do consumo humano, com destaque para o consumo da Região Metropolitana de Fortaleza. Todavia, com reflexos diretos na agricultura irrigada, que têm resultado em cadeia, prejuízos significativos.
É lamentável que a agricultura seja colocada em terceiro plano, diante de outros setores econômicos que têm soluções locais, como a região do Pecém.
Os avanços conseguidos na irrigação pelos sucessivos governos desapareceram diante das restrições impostas ao setor agricultura. Perde o Ceará a referência nacional de sua fruticultura irrigada, refletindo-se diretamente nas exportações cearenses e receitas do próprio Governo Estadual.
Esse quadro levou a agricultura irrigada a, praticamente, encerrar as atividades, com a demissão de milhares de famílias que atuavam no setor, no Ceará. Outro ponto extremamente grave foi a mudança dessas empresas para outros estados, como o Rio Grande do Norte e o Piauí, dentre outros.
Como minimizar esse quadro? No curto prazo, o ressarcimento dos prejuízos é uma alternativa emergencial, já que essas empresas aqui se instalaram por ações diretas do poder público e com a garantia da água para irrigação. A médio prazo, seria a criação do que chamamos e defendemos como “Seguro Seca”, que cobriria, dentre outras, a suspensão de outorgas hídricas, a manutenção dos empregos de seus trabalhadores, como também seus compromissos bancários.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) vem defendendo a ideia do seguro há mais de quatro anos, junto a Ministérios, em Brasília, e em outros fóruns, como a solução definitiva para a realidade que hoje vivencia o Ceará e todo o semiárido nordestino, com os reflexos dos prejuízos que vêm causando ao segmento produtivo da agricultura irrigada e ao Estado como um todo.
*Flávio Viriato de Saboya Neto é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará