Menos trigo e mais cevada nas lavouras do Rio Grande do Sul
Por: Jornal do Comércio
A safra de grãos de inverno em 2017 deverá ser marcada por dois fatores: pelo excesso de chuva, que atrasou a semeadura em boa parte do Estado, e pelo avanço expressivo da cevada. Apesar de o período de plantio das principais culturas de inverno seguir até o final de julho, o clima já causou perdas em algumas regiões, especialmente no trigo semeado no Noroeste do Rio Grande do Sul.
As enxurradas entre o final de maio e o início de junho retardaram o plantio e prejudicaram quem já havia iniciado mais cedo a preparação do solo, de acordo com Alencar Rugeri, engenheiro agrônomo da Emater. As perdas causadas pela chuva agravam ainda mais a situação do trigo, que já vinha sendo preterido como opção de renda na atual temporada devido aos baixos preços. A área estimada para semeadura do principal grão cultivado na temporada encolheu em cerca de 50 mil hectares, passando de 778,2 mil hectares em 2016 para 727,7 mil hectares previsto para serem semeados neste ano (uma diminuição de 6,4%).
"No caso do trigo, com o preço baixo desestimulando o plantio, quem já estava em dúvida se cultivaria teve mais um fator para não plantar: o excesso de chuva. Na região Noroeste, por exemplo, o plantio dentro do período previsto no zoneamento agrícola já terminou", explica Rugeri.
Em regiões como a Serra, o cultivo ainda vai até o dia 31 de julho, mas o engenheiro agrônomo da Emater explica que há problemas causados pela chuva mesmo onde o plantio não foi iniciado. Isso porque o excesso de água prejudicou o solo em quase todo o Estado, levando embora nutrientes e fertilizantes que poderiam elevar a produtividade. O pior, diz Rugeri, é que o clima está instável além do normal, o que torna difícil e incerta qualquer previsão de trabalhar ou recomendação aos produtores.