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Dia Mundial da Abelha: Seminário debate tecnologia, capacitação de produtores e polinização
Sistema CNA/Senar e embaixada de Israel no Brasil realizaram evento na quinta (18)
Brasília (19/05/2023) – As abelhas são o grupo mais importante de polinizadores, fundamentais para manter a biodiversidade e garantir a produção de alimentos nutritivos, afirmaram especialistas durante seminário promovido pelo Sistema CNA/Senar, com o apoio da Embaixada de Israel no Brasil, para comemorar o Dia Mundial da Abelha.
O evento foi realizado na quinta (18), na sede da CNA, em Brasília, e reuniu pesquisadores, produtores rurais e técnicos para debater a importância da criação das abelhas, para mostrar as ações da Confederação e do Senar para o setor apícola e as tecnologias e tendências voltadas à apicultura e polinização.
No primeiro painel, o representante da FAO no Brasil, Marcello Broggio, destacou que as abelhas e outros polinizadores são fundamentais para a saúde dos ecossistemas e são benéficas para a agricultura e o meio ambiente.
Para o representante da FAO, a sustentabilidade de muitas operações de apicultura em todo o mundo é desafiada pelos preços insuficientes do mel para cobrir os custos crescentes de produção. Segundo ele, a agricultura não pode prosperar e alguns cultivos não podem existir sem o serviço de polinização. “Os polinizadores precisam de um ambiente adequado para prosperar e fertilizar as plantas”.
No mesmo debate, o pesquisador da Embrapa Soja, Décio Gazzoni, falou sobre a integração entre a criação de abelhas e a produção de soja e como isso pode ser um processo onde as duas partes saem ganhando. Ele disse que a Embrapa tem estudado essa relação nos últimos anos e concluiu que, apesar da planta de soja ser autopolinizante, ela é beneficiada pela polinização de insetos, principalmente das abelhas.
“Nós identificamos mais de 40 espécies que visitam as plantações de soja e a abelha do mel ( Apis mellifera ) foi a mais comum. A floração de soja dura em torno de três semanas, talvez mais, e nesse período vão existir cerca de 60 milhões de flores em um hectare. Se as abelhas coletarem néctar ao menos uma vez de cada uma das flores, serão quase 25 litros de néctar por hectare. Com a presença de abelha, o número de grãos por vagem é maior”.
O segundo painel discutiu as ações do Sistema CNA/Senar para o setor apícola. O assessor técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, Rafael Costa, afirmou que a apicultura é uma atividade relevante, que vem crescendo na Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar, principalmente como alternativa para sair da pobreza. “O Senar trabalha com agricultores familiares, que empregam mão de obra e que têm na apicultura uma opção de geração de renda”.
Rafael explicou o programa que atende mais de 9,9 mil produtores, que produzem 1,7 mil toneladas de mel por ano, com uma receita anual de R$ 32 milhões. “A apicultura é uma atividade lucrativa, mas enfrenta alguns desafios de operação, gestão, registros de produtos e atendimento”.
Já o assessor técnico do Senar, Vilton de Assis, falou que a apicultura está entre os cinco temas prioritários da Formação Profissional Rural. Em 2022, mais de 20 mil pessoas participaram do programa, que inclui cursos, treinamentos, seminários e oficinas. “Nas ações, nós abordamos a apicultura básica, intermediária e avançada, implantação do apiário, gestão e planejamento do apiário, alimentação de abelhas, produção de pólen, de geleia real, de própolis, entre outros”.
Vilton também falou da coleção de cartilhas do Senar na área de apicultura, uma sobre instalação do apiário e a outra sobre manejo de apiário para produção de mel. Ele citou ainda o tour virtual 360 Apicultura, que está em fase de finalização, e o curso a distância sobre captura de abelhas sem ferrão.
O coordenador de Inteligência Comercial da CNA, Felipe Spaniol, fez uma apresentação sobre a atuação da entidade na promoção e inteligência comercial e defesa de interesses de cadeias produtivas prioritárias, incluindo a apicultura. Ele usou como exemplo o projeto Agro.BR, que atualmente tem 147 empresas inscritas do setor de mel, própolis e produtos apícolas.
Felipe destacou duas empresas que já conseguiram exportar com o apoio do Agro.BR. “As empresas estão interessadas e buscando alternativas para atuarem no mercado internacional, como se capacitar, formar preços, adequar embalagens, e tudo isso o projeto oferece”, disse.
“Tecnologias e tendências voltadas a apicultura e polinização” foi o tema do terceiro painel, que teve a participação do produtor rural Tom Prado. Ele falou sobre a empresa Itaueira, que produz frutas (melão, uva e melancia), pimentão e mel nos estados da Bahia, Piauí e Ceará, e os benefícios da polinização de abelhas na fruticultura.
Tom destacou alguns desafios da polinização de abelha do mel em melões e melancias produzidos pela empresa, sendo eles: conviver com a seca (faltam floradas), cuidar da sanidade de segurança das abelhas (ácaro varroa e inimigos naturais) e manter os enxames fortes o ano inteiro.
Em seguida, representantes das empresas israelenses Beehero, Bloom e To Bee fizeram apresentações sobre as tecnologias utilizadas na produção de mel. A Beehero citou a polinização de precisão, com o uso de um sensor que coleta dados da colmeia, como se fosse uma caixa inteligente, para reduzir a mortalidade das abelhas, os custos e melhorar a produção de mel.
Já a Bloom falou de uma ferramenta algorítmica que prevê quando e como será feita a polinização das abelhas, como forma de aumentar a escala do pólen e ajudar a fazer o controle de todo o processo, assim como é feito com máquinas. A To Bee contou sobre um sistema elétrico para eliminar os ácaros de uma colmeia em 15 dias. O tratamento tem eficácia de 95% e não deixa resíduos no mel.
Para concluir o debate, o apicultor Aldo Machado dos Santos fez uma apresentação sobre sua experiência com a produção de abelhas e soja. “Na nossa região, em São Gabriel (RS), nós começamos a perceber que as colmeias que ficavam próximas perto das lavouras de soja se mantinham melhor que as outras”.
Ele pontuou a necessidade de planejamento e execução das melhores estratégias de manejo das colônias com base na época de floração e da melhora na administração da atividade apícola e aumento de produtividade. “Com capacitação e tecnificação dos apicultores e diálogo com os agricultores, o Brasil terá capacidade para alcançar os principais produtores de mel do mundo”.
Assista o evento na íntegra:
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