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Campo Futuro
13 de agosto de 2024
Queda de produtividade e aumento de custos na safra da laranja 2024/25
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A citricultura brasileira enfrenta um cenário desafiador para a safra de laranja 2024/25, com uma produção estimada de 232,38 milhões de caixas de 40,8 kg, representando uma queda significativa em relação ao ciclo anterior (-24,4%), segundo relatório da Fundecitrus. Nos últimos meses, os preços da laranja têm mostrado um grande aumento devido a fatores climáticos e à alta incidência do Greening no cinturão citrícola, que têm devastado a produção. Apesar dos desafios, o Brasil continua sendo um dos maiores produtores e exportadores de suco de laranja, mantendo uma produção robusta. Esses fatores evidenciam a necessidade de estratégias mais eficazes no manejo das plantações para sustentar a competitividade no mercado global.

A partir dos dados de acompanhamento do Projeto Campo Futuro, uma iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), foi possível construir o Gráfico 1, que apresenta a média dos preços da caixa de 40,8 kg de laranja nas praças acompanhadas. Nele, é possível avaliar o quanto as variações foram expressivas no intervalo de um ano. Para fins de comparação, apresenta-se também a média do Custo Operacional Efetivo (COE) nas mesmas regiões, considerando o ótimo produtivo. Nesse cenário, a Margem Bruta esperada com os dados de junho de 2024 seria de R$ 55,73 por caixa.

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Contudo, considerando o cenário apresentado inicialmente com perdas significativas para o ciclo atual, é possível ajustar os níveis de produção na matriz de custos utilizadas, a fim de demonstrar um comportamento mais próximo à realidade atual. Estas referências são apresentadas na Tabela 1, onde as produtividades foram ajustadas para os modais considerados.

Tabela 1. Modais acompanhados e produtividades ajustadas conforme setor de abrangência.

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Definidos os valores de referência utilizados para simulação e atualizados os valores na matriz de custo de cada região, a variação entre os resultados dos indicadores médios obtidos em comparação às condições de levantamento, considerando as cotações de junho de 2024 na simulação, são apresentados no Gráfico 2.

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Gráfico 2

Comparação entre a média dos indicadores obtidos em levantamento e após a simulação das perdas de produtividade (em %). Onde: RB é a Receita Bruta; COE é o Custo Operacional Efetivo; Custo Operacional Total (COT) = COE + Depreciações + Pró-labore; Custo Total (CT) = COT + Custos de Oportunidade; Margem Bruta (MB) = RB – COE; Margem Líquida (ML) = RB – COT; e, Lucro/Prejuízo (L/P) = RB – CT.

Comparando os indicadores econômicos por caixa, é possível verificar que o COE médio teve uma elevação de 77%. Ou seja, os desembolsos para produzir uma caixa de laranja passaram a ser equivalentes a quase duas caixas em comparação aos cenários de normalidade, um comportamento semelhante ao COT e CT. Considerando as margens, observa-se uma redução de 26% na MB em relação ao que seria possível obter, enquanto a ML reduz 31% e o lucro da atividade cai 39% no cenário atual.

No monitoramento realizado pelo Campo Futuro, é possível observar mudanças geográficas na produção da laranja, onde estados como Minas Gerais, Bahia, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Paraná, tem ampliado as áreas com laranja. Este fenômeno está associado à incidência do Greenig, que por não ter um controle efetivo força a migração da produção para novas áreas. Para conter o avanço do Greening, uma série de práticas podem ser implementadas. O planejamento e a escolha adequada do local de plantio são cruciais para evitar áreas com alta infestação da doença. Utilizar mudas sadias e de alta qualidade garante um início forte e resistente para o pomar. A aceleração do crescimento e da produtividade das plantas pode ser alcançada por meio de técnicas de manejo e nutrição adequadas. É essencial intensificar o manejo na faixa de borda, incluindo o plantio adensado e o controle rigoroso do psilídeo, além do replantio frequente após a eliminação de plantas doentes, para evitar que a doença alcance o interior do pomar. Inspeções regulares das plantas permitem a detecção precoce de sintomas, facilitando a erradicação rápida das plantas afetadas. O monitoramento constante e o controle do psilídeo, através de métodos químicos e biológicos, são indispensáveis. Por fim, um manejo regional coordenado e um sistema de alerta fitossanitário garantem uma resposta rápida e eficaz, prevenindo a disseminação do Greening e protegendo a produtividade das lavouras.

Comunicado Técnico

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