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23 de janeiro de 2019
Pressionado pelo ramo pecuário, PIB do agronegócio recua 0,16% em outubro
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O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), recuou 0,16% em outubro. No acumulado do ano (janeiro a outubro), o desempenho segue negativo, em 0,62%.

Enquanto os segmentos de insumos (1,56%) e primário (0,09%) apresentaram altas em outubro, os da agroindústria (-0,26%) e agrosserviços (-0,42%) recuaram no mês. Já no acumulado entre janeiro e outubro de 2018, os segmentos primário e de agrosserviços registraram baixas, de 2,31% e de 1,81%, respectivamente. O segmento de insumos foi o que apresentou melhor desempenho no acumulado do período, com alta de 9,39%, seguido da agroindústria, que registrou crescimento de 1,02%.

Tabela 1. PIB do Agronegócio: Taxa de variação mensal e acumulada no período (%)

Entre os ramos, o agrícola apresentou crescimento de 0,26% em outubro e de 3,85% no acumulado do ano. Já o pecuário sente os efeitos da lenta recuperação da demanda interna e do fechamento em 2018 de importantes mercados internacionais, registrando quedas de 1,18% no mês e de 10,90% no ano (Tabelas 2 e 3).

Tabela 2. Ramo Agrícola: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)

Com relação aos segmentos do ramo pecuário, apenas o de insumos não apresentou resultado negativo tanto em outubro (0,81%) como no acumulado do ano (2,47%). Já no ramo agrícola, apenas o segmento primário registrou leve queda no acumulado do ano (-0,16%), embora tenha apresentado resultados mensais positivos desde maio, o que tem amenizado a queda do segmento (ver tabelas 2 e 3).

Tabela 3. Ramo Pecuário: Taxas de variação mensal e acumulada no período (%)

SEGMENTO DE INSUMOS: Fertilizantes e defensivos puxam alta expressiva do segmento

O segmento de insumos do agronegócio apresentou alta de 1,56% em outubro, acumulando expressivo crescimento de 9,39% de janeiro a outubro de 2018. Verificam-se desempenhos positivos tanto para os insumos agrícolas (altas de 1,95% em outubro e de 13,13% no acumulado do ano) como no ramo pecuário (crescimentos de 0,81% no mês e de 2,47% no acumulado de janeiro a outubro) (Tabelas 1 a 3).

Considerando-se dados e informações disponíveis até outubro/18, projeta-se crescimento em todas as atividades do segmento de insumos em 2018:  25,76% no faturamento das indústrias de fertilizantes; 10,92% no de defensivos; 5,03% no de máquinas agrícolas; 3,67% nas rações; e de 0,97% em medicamentos para animais – Figura 1.

Figura 1. Insumos: variação (%) anual de volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até outubro/2018

Na indústria de fertilizantes, a elevação prevista no faturamento decorre tanto dos maiores preços do produto – com forte alta de 21,04% na comparação de janeiro a outubro de 2018 com o mesmo período de 2017 – quanto da expectativa de produção anual 3,90% maior. O preço do insumo tem sido impulsionado pelas maiores demandas doméstica e externa, pela alta nos valores internacionais, pela desvalorização do Real frente ao dólar e também pela elevação dos custos, resultante da política de tabelamento de fretes, conforme já ressaltado em relatórios anteriores.

Quanto à projeção de alta no volume anual de fertilizantes, está associada aos bons resultados observados desde julho/18. As informações de mercado indicam que o resultado positivo no mercado de fertilizantes reflete a maior movimentação observada principalmente no período de julho a setembro de 2018, por conta do aquecimento na demanda no período de semeio da safra de grãos 2018/2019 e das entregas de insumos para a produção que estavam atrasadas após os impasses atrelados à greve dos caminhoneiros e ao tabelamento de fretes.

Em relação à indústria de defensivos, a projeção de alta de 10,92% do faturamento atrela-se à previsão de maior quantidade (14,40%), apesar do recuo de 3,04% nos preços na comparação entre períodos (janeiro a outubro de 2018 frente aos mesmos meses de 2017). Já para a indústria de máquinas agrícolas, o crescimento de 5,03% esperado para o ano reflete a elevação da produção em 5,80%, com leve baixa de 0,72% nos preços. Segundo a Anfavea, a alta na produção de máquinas advém do bom desempenho da comercialização no ano, que, por sua vez, foi favorecido pela maior liquidez das safras de grãos, como soja e algodão.

Para rações, houve alta de preços (3,05%) e de produção (0,60%), resultando na expectativa de faturamento, com alta de 3,67% em 2018. Segundo informações do Sindirações, apesar da alta acumulada, o desempenho do setor de rações em 2018 foi aquém do esperado pelos agentes da atividade, devido a fatores como a elevação do custo da alimentação animal (impulsionado pelos preços dos grãos) e a demanda reduzida por proteínas (decorrente da lenta recuperação do consumo doméstico e pelos efeitos negativos decorridos dos embargos europeu e russo, às carnes de frango e suína, respectivamente).

SEGMENTO PRIMÁRIO: Alta no ramo agrícola sustenta a estabilidade do segmento primário em outubro

A renda do segmento primário do agronegócio apresentou leve alta de 0,09% em outubro, com crescimento de 0,34% no ramo agrícola e redução de 0,41% no pecuário. No acumulado do ano, o resultado se mantém negativo, em 2,31% – com reduções de 0,16% no ramo agrícola e de 6,47% no pecuário (Tabelas 1, 2 e 3).

Para 2018, espera-se alta de 5,00% no faturamento médio das atividades do segmento primário agrícola. Com relação à produção, após o forte crescimento em 2017, para 2018, espera-se nova alta, embora mais modesta, de 1,54%, impulsionada pela expansão esperada na quantidade produzida de culturas importantes em termos de valor de produção, como algodão, café, trigo e soja. Quanto a preços, na comparação entre janeiro a outubro de 2018 com o mesmo período de 2017, houve elevação de 3,39% na média ponderada das atividades acompanhadas. No entanto, importante destacar que a projeção anual da renda do segmento segue pressionada pelo aumento dos preços de importantes insumos para a produção em 2018, como fertilizantes, sementes e óleo diesel.

Já no segmento primário da pecuária, a expectativa acerca do faturamento segue em baixa, por conta, especialmente, dos preços 3,75% menores na comparação de janeiro a outubro de 2018 com o mesmo período de 2017. Já na produção, espera-se elevação de 3,22% no ano. Assim como no segmento primário agrícola, o aumento de preços para insumos pecuários também tem influenciado negativamente a renda do segmento, com elevações importantes para diesel, eletricidade e grãos utilizados na alimentação animal, como o milho.  Porém, as atividades pecuárias sofreram mais com efeitos relacionados à demanda enfraquecida por proteínas ao longo de 2018.

As Figuras 2 e 3 e a Tabela 4, apresentadas a seguir, detalham os resultados específicos do segmento por atividades agrícolas e pecuárias. Entre as culturas do segmento primário agrícola acompanhadas pelo Cepea, projetam-se crescimentos dos faturamentos para algodão, batata, cacau, café, soja, tomate, trigo, madeira em tora, madeira para papel e celulose e lenha/carvão. Já as culturas para as quais as perspectivas são de queda no faturamento são arroz, banana, cana-de-açúcar, feijão, fumo, laranja, mandioca, milho e uva – Figura 2 e Tabela 4.

Na cultura do trigo, a elevação esperada no faturamento decorre tanto da alta significativa de preços, de 33,39 % na comparação entre janeiro a outubro de 2018 frente ao mesmo período de 2017, como também da previsão de maior quantidade produzida no ano, de 28,32%. De acordo com as informações da Conab, associam-se a esta elevação de produção esperada os crescimentos de área plantada (6,4%) e de produtividade (15,5%), sendo esta última resultado da aplicação de um bom pacote tecnológico por parte dos produtores, aliado a condições climáticas favoráveis ao longo do ano. Em relação aos preços, a equipe Grãos/Cepea destaca que, apesar do elevado patamar acumulado em 2018, especificamente em outubro, houve queda no valor do cereal com relação a setembro, devido aos elevados níveis de estoques nas indústrias.

Para o algodão, o crescimento do faturamento também está atrelado à projeção de alta expressiva na produção (31,0%), bem como ao aumento nos preços, de 17,4% na comparação entre os dez primeiros meses de 2018, frente ao mesmo período de 2017. Segundo dados da Conab, condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da cultura, juntamente com o incremento de área, proporcionaram os ganhos significativos de produtividade e quantidade. Já com relação a preços, a equipe Grãos/Cepea destacou que, especificamente em outubro, foi verificada menor qualidade do produto comercializado no mercado spot, enquanto os produtos de melhor qualidade foram destinados à entrega de contratos, o que acarretou em queda na média dos preços do grão no mês. Porém, destaca-se que os valores ainda seguem em patamares elevados com relação a 2017.

No caso do café, o crescimento esperado no faturamento decorre da expectativa de aumento em 33,2% da produção no ano. Já em relação aos preços, houve redução de 9,9% na comparação entre períodos (janeiro a outubro de 2018 frente ao mesmo período de 2017). A equipe Café/Cepea destaca que, após três meses seguidos de queda nos preços, o mês de outubro apresentou alta, devido à elevação da demanda e ao movimento do preço externo. No entanto, na comparação com mesmo período da safra anterior, o patamar ainda se manteve baixo. Para a produção, a Conab destaca que a expansão prevista em 2018 esteve fortemente atrelada à bienalidade positiva do produto no ano, às boas condições climáticas e ao maior aporte tecnológico realizado pelos produtores no período de cultivo, conforme já destacado em relatórios anteriores.

Para a cultura da soja, preços 16,1% maiores na comparação entre períodos e a expectativa de expansão em 4,6% na produção têm impulsionado a previsão do faturamento anual. Em relação aos preços, a equipe Soja/Cepea apontou que a paridade de exportação e as boas condições climáticas da produção da oleaginosa em países como Brasil, Estados Unidos e Argentina desestimularam as negociações. No entanto, a equipe também ressaltou que, mesmo com esse desestímulo nas vendas, o envio de 5,35 milhões de toneladas de soja ao mercado internacional foi recorde para o mês de outubro, como efeito da crise comercial entre Estados Unidos e China. Já em relação à produção, a Conab destaca o bom desempenho da cultura em 2018, com a expectativa de uma nova safra recorde, impulsionada principalmente pelo crescimento de área plantada.

Para a cultura do cacau, a expectativa de aumento no faturamento é sustentada tanto pela alta nos preços, de 29,8% na comparação de janeiro a outubro de 2018 frente ao mesmo período de 2017, como também pelo incremento esperado na quantidade produzida para o ano (18,2%). De acordo com informações da INTL FCStone, a alta de preços foi relacionada principalmente à maior demanda do produto por parte das indústrias.

Figura 2. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até outubro/2018

Tabela 4. Agricultura: Variação (%) anual do volume, dos preços e do faturamento – 2018/2017 com informações até outubro/2018

Dentre as culturas para as quais projeta-se redução do faturamento anual, destaca-se o feijão. Na comparação entre os dez primeiros meses de 2018 face ao mesmo período de 2017, houve queda de 28,4% nos preços do produto. De acordo com a Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses), apesar do baixo patamar de preços no acumulado de 2018, especificamente para outubro, as chuvas no mês incentivaram a procura pelo grão, uma vez que a ocorrência a umidade dificulta o empacotamento, cenário que elevou os valores. Já em relação à produção, projeta-se queda de 8,3% em 2018. Segundo dados da Conab, a área diminuiu e as condições climáticas adversas desfavoreceram a produção, com menor produtividade.

Quanto ao milho, a redução no faturamento anual esperado é reflexo da queda de 17,4% na produção para o ano, já que os preços aumentaram significativamente na comparação entre períodos (19,28). De acordo com a Conab, a queda da produção foi motivada pela menor área cultivada, tanto na primeira safra quanto na segunda safras, e agravada pelo estresse hídrico ocorrido no desenvolvimento da segunda safra, que é a de maior volume. Já para preços, a equipe Grãos/Cepea destaca que, em outubro, o patamar ainda é bastante elevado na comparação com o mesmo mês do ano anterior, mas outubro foi marcado pela queda nos preços com relação a setembro, devido à baixa demanda de compradores, que seguem abastecidos, e ao bom andamento do semeio da próxima safra.

        Já para a cana-de-açúcar, a redução esperada no faturamento anual é reflexo da queda dos preços, de 12,4% na comparação entre janeiro a outubro de 2018 frente ao mesmo período de 2017. Já em relação à quantidade produzida, projeta-se leve crescimento para o ano (0,36%). De acordo com a Conab, houve redução de 3,4% na área em relação à safra anterior, mas um ligeiro aumento na produtividade, em decorrência da recuperação de algumas lavouras, o que acarretou no crescimento moderado da cultura. Já com relação a preços, a queda deriva principalmente da retração significativa do patamar de preços do açúcar no mercado com relação a 2017.

Para o segmento primário da pecuária, há expectativa de alta nos faturamentos para bovinocultura de corte, leite e frango e baixa para as demais atividades – Figura 3.

Figura 3. Pecuária: Variação anual do volume, dos preços e do faturamento 2018/2017 com informações até outubro/2018

Para a bovinocultura de corte, o aumento esperado do faturamento associa-se à elevação projetada para a produção (3,77%) e ao crescimento dos preços na comparação entre janeiro a outubro de 2018 frente ao mesmo período de 2017 (1,04%). Para preços, a equipe Boi/Cepea destaca o efeito da elevada demanda externa pela carne brasileira no mercado de bovinos: as exportações da carne bovina foram intensas em outubro, apesar de terem ficado abaixo do recorde alcançado em setembro. Já com relação à produção, a equipe destaca a elevada produtividade dos estados de São Paulo e Mato Grosso em 2018, favorecidas pela boa logística e melhoramento genético.

Já na atividade leiteira, o aumento projetado do faturamento anual é reflexo da alta nos preços, de 2,80% na comparação entre períodos, já que a expectativa de produção apresenta ligeira queda de 0,20% para o ano. De acordo com a equipe Leite/Cepea, apesar da elevação acumulada nos preços até outubro com relação ao mesmo período de 2017, as negociações entre indústrias e atacado seguem desestimulando a produção no campo, cenário que, no mês, resultou em desvalorização do produto com relação a setembro.

Para a suinocultura, a queda esperada no faturamento reflete os  menores  preços  (-19,46%), frente a alta esperada na produção em 4,46% para o ano. Segundo a equipe Suínos/Cepea, especificamente em outubro, os embarques de carne suína in natura alcançaram o segundo maior volume do ano, porém os preços seguiram em baixa (tendência observada no cenário internacional, devido à maior oferta mundial).

No caso do mercado de aves, para corte, a projeção de aumento no faturamento decorre do aumento dos preços (2,92%) na comparação entre períodos, uma vez que, apesar de singela, espera-se queda de 0,78% na produção para 2018. De acordo com a equipe Frango/Cepea, o principal fator altista dos preços é a menor oferta de animais para o abate, que pôde ser observada na maior parte das regiões acompanhadas pelo Cepea.

SEGMENTO INDUSTRIAL: Puxado pela indústria de base agrícola, segmento industrial mantém alta no acumulado anual

O segmento industrial registrou baixa de 0,26% em outubro. No acumulado do ano, no entanto, o cenário é de alta, com crescimento de 1,02% (Tabela 1). Entre os ramos, mantém-se o cenário em que a agroindústria de base agrícola acumula crescimento, de 4,45%, com estabilidade registrada em outubro, enquanto a de base pecuária segue em queda, de 11,12% no período e baixa de 1,27% no mês – Tabelas 2 e 3.

 Na indústria de base agrícola, projeta-se alta anual de 3,77% no faturamento, refletindo as elevações de 1,52% na produção e de 2,22% nos preços reais, para a média das atividades industriais acompanhadas. No caso da indústria de base pecuária, projeta-se recuo anual de 1,52% no faturamento, com a média de preços das atividades industriais do ramo caindo 4,57% de janeiro a outubro de 2018 na comparação com o mesmo período de 2017. Por outro lado, para a produção, espera-se alta de 4,57% para o ano.

No acompanhamento feito pelo Cepea para a evolução do PIB, as indústrias de base agrícola que apresentaram perspectivas de crescimento do faturamento foram: óleos vegetais, biocombustíveis, celulose e papel, bebidas, produtos de madeira, móveis de madeira e outros produtos alimentares. Por outro lado, as indústrias que registram perspectivas de redução foram açúcar, moagem e fabricação de produtos amiláceos, fumo, indústria do café, conservas de frutas/legumes/outros vegetais, vestuários e têxtil (Figura 4).

Com relação aos segmentos do ramo pecuário, apenas o de insumos não apresentou resultado negativo tanto em outubro (0,81%) como no acumulado do ano (2,47%). Já no ramo agrícola, apenas o segmento primário registrou leve queda no  acumulado  do  ano  (-0,16%), embora tenha apresentado resultados mensais positivos desde maio, o que tem amenizado a queda do segmento (ver tabelas 2 e 3).

Para a indústria de celulose e papel, a expectativa é de evolução positiva no faturamento, atrelada tanto ao aumento na expectativa de produção para o ano (3,82%), como também pelo crescimento dos preços (13,42%) comparando-se janeiro a outubro de 2018 com o mesmo período de 2017. Segundo informações de mercado, em 2018, se destacou o bom volume de exportações para mercados como China e América Latina.

Na indústria de biocombustíveis (etanol), a elevação esperada do faturamento advém de preços 7,61% maiores na comparação entre períodos e da expectativa de aumento de 11,65% da produção. Segundo a equipe Etanol/Cepea, o fim do período de moagem em algumas indústrias em outubro e as vendas aquecidas de etanol hidratado nos postos influenciaram a alta nos preços, o que motivou unidades industriais a intensificarem suas vendas no mês.

Figura 4. Agroindústrias de base agrícola: variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias agrícolas acompanhadas

No caso do açúcar, preços e quantidades em baixa, de 19,95% e 9,56% respectivamente, pressionaram as expectativas de faturamento anual. Apesar do baixo patamar de preços acumulado ao longo do ano, devido, principalmente, à maior oferta mundial de açúcar em 2018, especificamente em outubro a dificuldade da colheita de cana-de-açúcar, por conta das chuvas no mês, restringiu a oferta no mercado spot, o que levou à elevação dos preços no mês, com relação a setembro.

 Com relação às indústrias pecuárias, os resultados são apresentados na Tabela 5. Esperam-se baixas no faturamento apenas para couro e calçados, enquanto laticínios e indústria de abate apresentam alta no ano.

Na indústria do abate, projeta-se alta anual de 2,52% no faturamento, refletindo a elevação de 6,73% na produção, já que houve queda nos preços (-3,95%), na comparação de janeiro a outubro de 2018 frente a 2017. De acordo com a equipe Boi/Cepea, a maior oferta de animais de confinamento e também a menor demanda por parte de frigoríficos pressionaram os valores no período. Outro ponto destacado pela equipe foi a baixa demanda interna, devido à lenta recuperação econômica do Brasil. Por outro lado, a partir do segundo semestre, houve maior demanda externa pela carne brasileira – o volume embarcado em setembro foi recorde e o de outubro foi elevado –, limitando o movimento de queda nos preços.

Para a indústria de produtos lácteos, o faturamento positivo está atrelado a ligeiros aumentos na expectativa de produção, de 0,90% para 2018, e de preços, de 0,61% na comparação entre períodos de janeiro a outubro de 2018 e 2017. Segundo a equipe Leite/Cepea, o setor lácteo sofreu durante o ano, por conta de diversas limitações de demanda, forçando reduções de preços de alguns produtos, como o leite UHT, para assegurar a liquidez no mercado. Porém, a equipe destaca que houve uma recuperação da demanda por queijo muçarela, o que incentivou as indústrias a elevarem o processamento do derivado entre setembro e outubro.

Quanto à indústria de couro e calçados, projeta-se redução anual de 4,55% na produção, que, aliada à queda nos preços de 4,10% na comparação entre períodos, pressiona o faturamento esperado anual. Segundo informações da Abicalçados, a baixa produção nacional foi fortemente motivada pela queda da demanda interna (que absorve 85% da produção) e externa.

Tabela 5. Variação anual do volume, preços reais e faturamento das indústrias pecuárias acompanhas

SEGMENTO DE SERVIÇOS: Baixa no segmento industrial reflete em redução em serviços

Como observado na Tabela 1, o PIB dos agrosserviços apresentou quedas de 0,42% em outubro e de 1,81% no acumulado do ano. Esse resultado negativo de 2018 reflete principalmente a retração de 15,03% dos agrosserviços do ramo pecuário, já que o PIB dos agrosserviços do ramo agrícola apresentou alta de 4,48% no mesmo período.

CONCLUSÕES

O PIB do Agronegócio Brasileiro voltou a recuar em outubro de 2018. A renda gerada no setor apresentou queda de 0,16% no mês, acumulando -0,62% de janeiro a outubro. Tal desempenho está associado principalmente à elevação de custos de produção no segmento primário, tanto agrícola como pecuário, e ao desempenho adverso em muitas atividades do ramo pecuário.

Esse desempenho da renda gerada no agronegócio em 2018 está ligado à elevação de custos de produção no segmento primário, tanto agrícola como pecuário, e às quedas de demanda verificadas em diversos segmentos e atividades do ramo pecuário.

Apesar da recuperação dos preços agrícolas observada ao longo de 2018, a elevação da produção continua a impedir uma retomada mais consistente desses preços. Além disso, o incremento nos custos de produção, com destaque para os preços dos fertilizantes e do diesel, mantém o segmento primário (dentro da porteira) do ramo agrícola em baixa, ainda que modesta, de -0,16% entre janeiro e outubro de 2018 comparativamente ao mesmo período do ano anterior.

No ramo pecuário, a demanda interna enfraquecida e o fechamento de importantes mercados externos destinos da carne – bovina, suína e de aves – do Brasil influenciaram os preços ao longo de 2018. Porém, a disputa comercial entre China e Estados Unidos, além do câmbio favorável à elevação da competitividade da proteína brasileira no mercado externo, surtiu efeitos favoráveis às exportações da carne brasileira. Desde setembro, o volume destinado particularmente aos mercados asiáticos, tem garantido certa sustentação de preços (no acumulado, porém, o resultado segue negativo). O segmento primário do ramo pecuário também sofreu impactos do incremento de custos de produção, com destaque para a elevação do preço do milho no período.

Sob a ótica de produção, as projeções para 2018 do PIB-volume do agronegócio, calculado pelo critério de preços constantes, seguem apontando crescimento, em todos os segmentos. Conforme se observa na Tabela A3 do Anexo I, o PIB-volume do agronegócio deve crescer 2,21% em 2018, com altas de 5,31% para insumos, de 0,97% para o segmento primário, de 2,33% para a agroindústria e de 2,56% para os agrosserviços.

ANEXO I – Evolução mensal do PIB DO AGRONEGÓCIO

A1) PIB do Agronegócio: Taxas de variação mensal e acumulado do período (em %)

A2) PIB do Agronegócio: Participações dos segmentos (em %)

A3) PIB Volume do Agronegócio: Taxa anual (em %)*

  • Nota técnica: O PIB Volume do Agronegócio trata-se do PIB do agronegócio calculado pelo critério de preços constantes. Resulta, portanto, a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.

A4) PIB DO AGRONEGÓCIO - METODOLOGIA

O Relatório PIB do Agronegócio Brasileiro é uma publicação mensal resultante da parceria entre o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Esalq/USP, e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O agronegócio é entendido como a soma de quatro segmentos: insumos para a agropecuária, produção agropecuária básica (ou primária), agroindústria (processamento) e agrosserviços – como na Figura que segue. A análise desse conjunto de segmentos é feita para o ramo agrícola (vegetal) e para o pecuário (animal). Ao serem somados, com as devidas ponderações, obtém-se a análise do agronegócio.

Pelo critério metodológico do Cepea/Esalq-USP, o PIB do agronegócio é medido pela ótica do produto, ou seja, pelo Valor Adicionado (VA) total deste setor na economia. Ademais, avalia-se o VA a preços de mercado (consideram-se os impostos indiretos menos subsídios relacionados aos produtos). O PIB do agronegócio brasileiro refere-se, portanto, ao produto gerado de forma sistêmica na produção de insumos para a agropecuária, na produção primária e se estendendo por todas as demais atividades que processam e distribuem o produto ao destino final. A renda, por sua vez, se destina à remuneração dos fatores de produção (terra, capital e trabalho).

Após estimado o valor do PIB do agronegócio no ano-base, que desde janeiro/17 refere-se ao ano de 2010, parte-se para evolução deste valor de modo a se gerar uma série histórica, por meio de um amplo conjunto de indicadores de preços e produção de instituições de pesquisa e governamentais. Seja para a estimação anual do valor do PIB, ou para as reestimativas mensais das previsões anuais, consideram-se informações a respeito da evolução do Valor Bruto da Produção (VBP) e do Consumo Intermediário (CI) dos segmentos do agronegócio. Pela evolução conjunta do VBP e do CI, estima-se o crescimento do valor adicionado pelo setor. 

Com base nos procedimentos mencionados e processos adicionais realizados pelo Cepea, os cálculos do PIB do agronegócio resultam em dois indicadores principais, que retratam o comportamento do setor por diferentes óticas:

•             PIB-renda Agronegócio (equivale ao PIB divulgado anteriormente pelo Cepea): reflete a renda real do setor, sendo consideradas no cálculo variações de volume e de preços reais, sendo estes deflacionados pelo deflator implícito do PIB nacional.

•             PIB-volume Agronegócio: PIB do agronegócio pelo critério de preços constantes. Resulta daí a variação apenas do volume de produção. Este é o indicador de PIB comparável às variações apresentadas pelo IBGE.

Mensalmente, o foco de análise principal é o PIB-renda Agronegócio, que reflete a renda real do setor. Por conveniência textual, o PIB-renda do agronegócio é denominado apenas como PIB do Agronegócio ao longo deste relatório. Destaca-se que as taxas calculadas para cada período consideram igual período do ano anterior como base, exceto para as quantidades referentes às safras agrícolas, para as quais computa-se a previsão de safra para o ano (frente ao ano anterior).

Importante também destacar que cada relatório considera os dados disponíveis – preços observados e estimativas anuais de produção – até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, há a possibilidade, portanto, de ocorrer alteração dos resultados, tanto no que se refere ao mês corrente, como também ao que se refere a meses e anos passados. Recomenda-se, portanto, sempre o uso do relatório mais atualizado. Para uma análise mais detalhada dos aspectos metodológicos, bem como dos resultados dos demais indicadores (PIB volume, Consumo Intermediário, etc.) ver http://www.cepea.esalq.usp.br/br/pib-do-agronegocio-brasileiro.aspx

Áreas de atuação