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Custos da safra de cana-de-açúcar seguem tendência de alta

Contextualização
A produção independente de cana-de-açúcar no Brasil desempenha um papel fundamental no setor sucroenergético, sendo essencial para a produção de etanol e açúcar. O gerenciamento eficiente dos custos de produção é um fator importante para garantir a competitividade dos produtores diante das oscilações de mercado e das variações nos preços dos insumos. Nesse sentido, torna-se relevante analisar não só os custos do período corrente, mas o que for possível olhar para o futuro, de forma que os produtores possam se planejar e adotar estratégias de mitigação de riscos.
Nesse contexto, diversos fatores influenciam diretamente os custos de produção, tornando a previsão um exercício estratégico. Entre os principais elementos externos que impactam os desembolsos “dentro da porteira” destacam-se o custo da terra, os preços de insumos como fertilizantes e defensivos, além das variações no preço do petróleo e na taxa de câmbio, que afetam direta ou indiretamente a cadeia produtiva. Assim, compreender essas dinâmicas é fundamental para que os produtores possam tomar decisões eficientes.
Diante desses pontos, a presente análise tem como objetivo apresentar uma estimativa para os custos médios da safra 2025/26 na região Centro-Sul e 2024/25 na região Nordeste a partir dos valores médios registrados na safra anterior para essas duas regiões, considerando os diferentes cenários de período de safra no qual é realizado a colheita no Centro-Sul e Nordeste.
A base do estudo são dados coletados nos painéis do Projeto Campo Futuro realizados em parceria o Pecege Consultoria e Projetos, no ano de 2024, buscando oferecer uma visão antecipada dos desafios econômicos que poderão ser enfrentados pelos produtores de cana-de-açúcar nas diferentes regiões do Brasil.


Na safra 2024/25 do Centro-Sul, os custos de produção foram impactados por diversos fatores, dentre eles a queda da produtividade, a inflação nos custos de mão de obra, a oscilação nos preços dos combustíveis e a variação dos principais insumos agrícolas.
A produtividade tem uma relação direta com a diluição dos custos fixos e influencia diretamente na rentabilidade da atividade. Regiões com maior produtividade, como o Centro-Sul relativamente ao Nordeste, conseguem obter menores custos unitários da produção. Para a safra 2024/25, apesar do recuo considerável em relação ao ciclo anterior, a região Centro-Sul manteve sua produtividade em patamares superiores ao Nordeste, contribuindo para uma maior eficiência operacional e diluição de custos.
Entre as safras, a inflação medida pelo IPCA impactou diretamente os custos de mão de obra, elevando os gastos com operações no campo. O aumento nos preços do diesel também afetou significativamente os custos operacionais, já que a mecanização é altamente dependente desse insumo. No Centro-Sul o custo operacional efetivo se estabilizou em 2024 (+0,5%). No Nordeste, o mesmo apresentou crescimento de 3,9% para 2023.
Para a safra 2025/2026, é esperado que os custos de produção continuem pressionados pelos mesmos fatores observados na safra anterior. O comportamento da produtividade continuará sendo um elemento crítico na determinação do custo unitário da cana, podendo impactar significativamente a margem de lucro dos produtores.
Adicionalmente, a pressão inflacionária ao longo de 2025 deverá impactar diretamente os custos com mão de obra e, consequentemente, as operações agrícolas.
Com projeções de alta de 5,32% durante o período de safra no Centro-Sul e 4,60% no Nordeste, o IPCA tende a elevar os custos relacionados à mão de obra e demais serviços ligados ao indicador. O diesel segue como um insumo de alta relevância, especialmente para regiões que dependem fortemente da mecanização como o Centro-Sul, podendo elevar os custos operacionais, com projeção de aumento de 5,51% no Centro-Sul e 2,16% no Nordeste.
Além disso, no Centro Sul, os custos com fertilizantes projetam alta de 17,84% para a próxima safra, enquanto os defensivos devem aumentar 4,91%. No Nordeste, os fertilizantes devem subir 10,34%, enquanto os defensivos apresentam uma leve queda de 2,54%. O custo total de produção no Centro-Sul deve crescer 5,2%, enquanto no Nordeste a projeção é de alta de 10,5% para 2025. Diante desse cenário, é fundamental que os produtores adotem estratégias para mitigar o impacto do aumento de custos, como a otimização da aplicação de insumos, o monitoramento da eficiência operacional e o planejamento financeiro.

Conclusão
A análise dos custos de produção da cana-de-açúcar para a próxima safra evidencia a importância do planejamento estratégico na gestão da atividade. Com os aumentos projetados em insumos essenciais, combustíveis e mão de obra, os produtores precisarão buscar soluções eficientes para reduzir seus custos sem comprometer a produtividade. O impacto da inflação sobre os custos operacionais exige um controle rigoroso sobre as despesas e investimentos.
Diante do cenário de custos crescentes, principalmente insumos, a adoção de boas práticas agronômicas e de gestão financeira será decisiva para garantir a viabilidade econômica da produção. O uso eficiente de insumos, revisão das doses aplicadas, negociação de contratos de arrendamento e planejamento logístico podem ser diferenciais importantes para minimizar impactos financeiros.
A análise e acompanhamento contínuo das tendências reforça a importância do planejamento estratégico para garantir a sustentabilidade econômica da atividade. A adoção de boas práticas de gestão e o acompanhamento contínuo dos custos serão decisivos para manter a competitividade dos produtores na próxima safra.