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Preparando terreno para colher resultados: Senar Goiás incentiva cultivo eficiente
Por: Comunicação Sistema Faeg/Senar
Com o anúncio dos recursos e a vigência das novas taxas de juros que serão subvencionados pelo governo federal para o Plano Safra 2020/2021, o setor agrícola vive dias decisivos. “O produtor está no principal momento para a próxima safra”, resume o consultor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e do Instituto para Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Pedro Arantes.
De acordo com ele, é hora de concretizar e aprofundar as compras de insumos, selecionar os investimentos necessários, celebrar contratos definitivos com os bancos e cooperativas para garantir o pré-custeio do plantio, sem esquecer as manutenções e reformas necessárias na propriedade.
“As decisões são vitais para que o prazo de entrega dos insumos siga o calendário agrícola e o plantio seja feito paralelamente às chuvas estimadas para o mês de outubro”, explica.
Mesmo com a necessidade desse planejamento, na avaliação do engenheiro agrônomo e empresário do ramo de sementes, José Fava Neto, a vulnerabilidade do mercado provocada pela crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) deixou reflexos no campo. “Vejo que o produtor não está antecipando as compras como nos anos anteriores. Ele deu uma segurada nos investimentos. Acredito que, como todo gestor, o produtor está sendo prudente, para ver como será o retorno do mercado como um todo. E está priorizando apenas os investimentos necessários, as compras imprescindíveis no momento”, diz.
José Fava explica que no Grupo Agrofava Sementes, as vendas estiveram aquecidas em abril e reduziram o ritmo em maio. “O mercado deu uma travada e agora está andando de lado. A demanda deve retornar nestes dias, com o produtor fechando o restante dos pedidos das sementes que precisa, para evitar problemas com a entrega e garantir a quantidade solicitada da variedade de sua preferência”, afirma. Há, segundo o empresário, pouca disponibilidade de algumas variedades de sementes que o produtor deseja. “Cada agricultor sabe quais sementes se adaptam melhor às condições da sua área plantada e ao pacote tecnológico que ele usa nos seus negócios. Se postergar muito, pode ter problemas pontuais e ter que substituir germoplasmas, por alguns materiais que não são sua preferência”, aponta.
Na opinião do produtor e empresário, Alexander Höhl, o planejamento da próxima safra começou na última colheita, já que nesse período as empresas começaram a oferecer condições para o produtor. “Se você não antecipa a compra das sementes de soja, corre o risco de ficar sem disponibilidade de algumas variedades geneticamente modificadas que possuem maior produtividade”, relata. Com propriedades em Trindade e Goianira, Alexander Höhl produz soja, milho e sorgo. Atualmente, está finalizando as compras de defensivos agrícolas. Em 2020, ele pretende investir na produção de girassol e adquirir novos maquinários. “Um trator, uma colheitadeira e uma plantadeira”, planeja.
Trocas e permutas
De acordo com o gerente nacional de operações de barter da divisão agrícola da Bayer no Brasil, Carlos Eduardo Branduliz, diante do cenário de instabilidade, principalmente em relação à economia, o fechamento antecipado da compra de insumos agrícolas e do custo de produção pode ajudar o produtor rural a se proteger contra oscilações de câmbio e mercado, permitindo uma melhor gestão da lavoura e, consequentemente, de rentabilidade. “Esse é um dos benefícios oferecidos em uma negociação operada em barter [modalidade de negociação baseada em permuta, que permite ao agricultor usar sua moeda (produção/commodity) para negociação na compra de insumos]. Pensando neste panorama, a Bayer prevê um aumento de 5% a 10% nesta modalidade de negociação ainda neste ano, com um grande potencial de crescimento no mercado da soja”, prevê o gerente.
Ele diz que com o crescimento da profissionalização no campo, melhor gerenciamento dos custos e implementação de estratégias de comercialização, o produtor vai ser capaz de pensar seu custo na moeda dele, a produção. “Já vemos esse movimento nos produtores mais atentos ao gerenciamento de custos e comercializações. É uma questão de tempo para que todos vejam os benefícios das ferramentas”, diz.
O diretor de marketing para clientes da Bayer, Fábio Prata, destaca que a safra 2019/2020, plantada em setembro/outubro do ano passado e colhida no começo do ano, foi uma safra recorde. “Depois de uma sequência de boas safras, o agricultor já vem capitalizado para a próxima e com previsão de demanda alta. Por exemplo, as exportações de soja aumentaram, até maio, quase 37%, quando comparado com o mesmo período do ano passado. O câmbio atual também torna a commodity produzida, no Brasil, extremamente competitiva, porque nós conseguimos produzir grãos muito baratos para exportação”, analisa o executivo.
“Por conta disso tudo, vemos que os produtores têm todas as razões para investir mais em tecnologia e no manejo inteligente. De maneira que as vendas aumentaram tanto no mercado de sementes como de defensivos. Na Bayer, observamos que os agricultores estão usando mais tecnologias e produtos mais modernos”, conta. “Temos produtores passando de 100 sacas por hectare. O agricultor vê o resultado na colheita e sabe que o investimento em tecnologia na lavoura compensa”, destaca Fábio.
Expectativa de bom desempenho
Segundo o superintendente estadual do Banco do Brasil, Felipe Zanella, a expectativa da instituição em relação ao desempenho da próxima safra goiana também é de crescimento da produção agropecuária, como já vem ocorrendo na última década. “A relativa estabilidade climática no estado, o trabalho do produtor e a aplicação de tecnologia têm possibilitado aos produtores goianos obterem grandes performances, na agricultura e pecuária. Aliado ao fechamento de contratos de venda com preços superiores à última safra, vemos um cenário favorável, que certamente resultará em mais investimento em tecnologia no campo, alimentando um ciclo virtuoso de produção e renda”, enumera.
O Plano Safra destinou mais de R$ 18 bilhões em crédito a produtores rurais em Goiás. No ranking nacional de produção, o Estado ocupa a primeira posição em culturas como o sorgo, tomate e jabuticaba, e está em segundo em girassol, cana-de-açúcar, alho e rebanho bovino. Aparece, ainda, em terceiro na produção de soja, milho, feijão, palmito e pequi. Os dados fazem parte da Radiografia do Agro em Goiás, publicação elaborada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Líder em diferentes culturas, o setor tem aprimorado suas técnicas da chamada agricultura em escala.
Produtor de soja, milho, feijão, sorgo, trigo e café, com lavouras nos municípios de Campo Alegre, Catalão e Cristalina e também nos estados de Minas Gerais e Bahia, José Fava Neto diz que o agro precisa de estímulos para aumentar os investimentos mais pesados, como em máquinas, silos, pivôs armazéns. “Embora, a classe produtiva brasileira tenha dado um grande exemplo de superação mundial ao suprir o mercado interno e honrar os compromissos externos com a segurança alimentar dos outros países, o agro brasileiro ainda paga caro pelo crédito usado”, ressalta o produtor.
José Fava aponta que as taxas de juros e o volume de encargos cobrados do produtor no Brasil são muito caros para quem tem uma economia estabilizada e compete com outros padrões internacionais. “Reconhecemos que o governo fez o que era possível”. A opinião do agricultor é compartilhada por muitos produtores que, também aguardavam taxas menores, após o anúncio de redução de redução de 0,75 ponto percentual da taxa Selic, que estava em 3,0% ao ano. O produtor acredita que a área plantada na próxima safra deve ter um pequeno aumento e fará investimentos na diversificação de culturas e nos projetos de irrigação em execução em Campo Alegre e na Bahia.
Mais contratos
O Banco do Brasil estima que o volume de empréstimos em Goiás seja de R$ 13,4 bilhões para safra 2020/2021, cerca de 14,50% superior à safra 2019/2020. O Banco espera efetivar 50 mil contratos para a próxima safra (na última foram 45 mil). Com expectativa de desembolsos de: R$ 10,4 bilhões para – custeio, comercialização e industrialização; R$ 2,3 bilhões para investimento; R$ 720 milhões para o Pronaf. “Historicamente o custeio é mais demandado e na última safra isto não foi diferente. Na safra 2018/2019 observamos destinação de 67% para custeio, 23% para investimento e 10% para comercialização. É praticamente o mesmo retrato na safra 2018/2019. A comercialização, com linhas para o produtor estocar grãos, pagar despesas da entressafra e do dia a dia da fazenda, representava apenas 6,4% do bolo na safra 2017/2018. Logo, podemos afirmar que o destaque das últimas três safras está nas linhas de comercialização, para capital de giro rural, financiamento de estocagem e crédito via CPR Mobile (liberação pelo telefone celular), com aumento de 50% nestes empréstimos”, afirma Zanella.
O superintendente informa que a principal mudança observada nos últimos cinco anos, é o crescimento do crédito para correção de solos e recuperação de pastagens e áreas degradadas. “Essa mudança demonstra que tecnificação e sustentabilidade já são constantes do setor. Nos últimos três anos elevamos a liberação de crédito via canais digitais e parceiros conveniados. Verifica-se adesão à modalidade de garantia Hipoteca Abrangente, que abriga todas as operações futuras do produtor, com prazo dilatado, que permite, no médio e longo prazo, a redução significativa de custos com registros cartorários e emissão de certidões, além de possibilitar ainda mais agilidade no processo de crédito”, afirma.
Reinvenção no setor máquinas
Sócio da Casa do Pica Pau, concessionária da marca John Deere, Alexander Höhl diz que a pandemia desafiou o setor de máquinas a se reinventar. “Primeiro veio o susto, a preocupação interna com a força de trabalho – os colaboradores e os clientes da empresa e com o fluxo e o caixa da empresa. Como passar por essa situação que a gente não sabia a intensidade, a gravidade e quanto tempo duraria? O setor tinha compromissos como toda empresa. Enfim, depois de pensar nas estratégias para garantir a saúde e o caixa, fomos nos reinventando” lembra. “O novo coronavírus chegou bem no meio da última colheita e com ele, um novo cenário: sem poder visitar clientes e abrir as lojas, investimos no delivery e atendemos clientes com portas fechadas para manter a roda girando”, conta.
Ele lembra que o segundo susto foi o cancelamento de eventos agropecuários, em especial Tecnoshow, Agrishow e Agrobrasília. “Como onegócio de máquinas agrícolas envolve aquisições de valores altos que dependem de financiamentos bancários, os planejamentos e as negociações ocorrem neste primeiro semestre e os faturamentos dos pedidos, tradicionalmente, aconteciam nas feiras. Com o cancelamento destes eventos, tivemos que inovar usando a tecnologia, as mídias digitais, whatsApp, facebook e todas as redes sociais”, resume o empresário.
Ele acrescenta que nunca foi tão importante conhecer o cliente, dominar a área de atuação e tentar construir uma carteira de pedidos. “O terceiro susto foi a finalização de recursos com juros para os clientes. Os bancos deixaram de receber propostas até o lançamento do Novo Plano Safra. E durante 60 dias recebemos poucas autorizações de faturamento. A situação está resolvida desde o último dia 15 de julho. Nossa expectativa é que agora em diante os bancos aprovem os créditos e liberem as autorizações de faturamento”, recorda. Alexander diz que a empresa deve fechar o ano com as metas atingidas. Ele prevê uma queda de 3% a 5% nas vendas de máquinas agrícolas, ocasionada por problemas na entrega de componentes.
De acordo com o Banco do Brasil, “não faltaram recursos para o produtor rural, de todos os portes, na safra que concluímos. E será da mesma forma na safra 2020/2021. Cabe salientar, o crescimento superior a 20% nas liberações para os produtores familiares na última safra”, relata Felipe Zanella.
Aquisições de seguro em alta
O superintendente do Banco do Brasil acrescenta que a pandemia deixou o produtor mais preocupado com a aquisição do seguro, especialmente o de preço. “Tivemos um grande avanço em operações de hedge, por meio de Opções Agropecuárias, em que o BB garante o preço aos produtores rurais que vendem soja, milho, arroz e arrobas de bovinos. Os sojicultores, em especial, aproveitaram o momento para garantir preços atrativos, sobretudo em função do câmbio para a soja que será vendida no próximo ano. Além disso, o seguro agrícola faturamento foi destaque, inclusive para áreas não financiadas. Este tipo de seguro é importante, porque além de cobrir a produção, garante o faturamento (receita bruta) do cliente”.
Felipe Zanella acrescenta que é fundamental destacar a preocupação do produtor em relação à proteção de produção e renda, por meio de seguros agrícola e faturamento, enfatizando o aumento dos recursos (de R$1 bilhão para R$1,3 bilhão) destinados à subvenção ao produtor, na contratação dessas apólices. Para o consultor da Faeg e do Ifag, Pedro Arantes, a recessão econômica dos últimos meses também tornou o produtor ainda mais atento ao seu custo de produção.
“Ele está buscando meios para reduzir seus gastos operacionais, seus custos fixos e elevar sua produtividade. Está negociando bastante para garantir uma boa relação de troca que supere a especulação cambial. E está fazendo de tudo para contratar um seguro que cubra 70% da produção esperada, porque as secas localizadas vêm ocorrendo e ele não pode arriscar ficar sem condições de plantar as safras seguintes”, complementa Pedro.
Entrega dos suprimentos
O vice-presidente sênior LATAM de Supply da divisão Agrícola da Bayer, Rogério Andrade, informa que a empresa adotou uma série de medidas para a continuidade das operações e evitar a quebra de abastecimento de insumos agrícolas nas várias regiões do país, incluindo Goiás. “Estamos atuando em parceria com as autoridades regulatórias e governamentais, bem como associações, para garantir a logística rápida e segura de produtos em apoio à segurança alimentar. Hoje, 70% dos nossos colaboradores estão trabalhando em esquema de home office. Dentro deste contexto, estamos conseguindo continuar operando e contribuindo com a nossa parcela para que a cadeia de suprimentos siga sustentável para a produção de alimentos de qualidade”, relata.
Senar Goiás incentiva cultivo eficiente
Para o Sistema Faeg Senar, as lavouras são importantes não apenas como fonte de alimento, pois são parte relevante da economia brasileira, geração de empregos e renda nos 246 municípios. Pensando no quanto o crescimento da agricultura em escala pode beneficiar a população do campo e da cidade, o Senar Goiás está capacitando o produtor a tomar decisões mais assertivas com vistas à produção agrícola em grande quantidade, com foco na eficiência e produtividade da safra 2020/2021. A capacitação está sendo oferecida via ensino à distância, por meio do curso Introdução à Agricultura de Precisão. Nele, o produtor aprende técnicas para mudar a prática da “agricultura pela média” que tem como resultado o desperdício de insumos (poluição ambiental) nas áreas férteis e a correção insuficiente (baixa produtividade) nas áreas pouco férteis.
A agricultura de precisão trata cada talhão (subárea de plantio) de acordo com as suas características específicas. Intuito é auxiliar o produtor a manejar o solo de acordo com a variação que pequenas parcelas em uma determinada área podem apresentar. Estendendo, também estas etapas à colheita, compreendendo como os sensores especiais das máquinas identificam e confirmam, ou ajustam as projeções de produtividade de cada área da lavoura. Durante as aulas, o produtor aprende como é construído o mapa de variabilidade e o histórico da produtividade de cada trecho do cultivo. O curso é gratuito e pode ser acessado pelo computador ou pelo smarthphone. Para matricular-se basta acessar o portal de ensino à distância do Senar Goiás - http://ead.senargo.org.br .
Especial Revista Campo
Comunicação Sistema Faeg/Senar