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De dona de casa a empreendedora rural
Neste 8 de março, conheça a história de Marli de Oliveira, produtora catarinense que mudou a vida após capacitação do SENAR
De dona de casa e participante de um clube de mães do Sindicato Rural de Forquilhinha (SC) a mulher empreendedora. Essa é Marli de Oliveira Alves, 39 anos, produtora rural que participou do programa Com Licença Vou à Luta do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). Nascida na roça, como ela mesma chama, começou a trabalhar desde cedo e hoje ajuda o marido na propriedade da família, que produz milho e feijão. Para ela, o conhecimento adquirido no programa mudou sua vida.
“Para mim, foi um divisor de águas. Iniciei o curso apenas como mais um do Clube de Mães e pensei que fosse aprender algo simples. Mas depois que conheci o programa e aprendi tudo que sei hoje, me senti mais gente, forte, uma mulher empreendedora. Mudei a forma como eu me via e como as pessoas me conheciam também. Antes eu era a Marli do Antônio, hoje sou conhecida como a Marli empreendedora.”
A produção da propriedade é comercializada para uma cooperativa de feijão e também no varejo. Porém, Marli explica que no período de cultivo, entre o plantio e a colheita, a família fica com a renda baixa. Foi aí que ela percebeu uma oportunidade. “No campo fazemos muitas coisas em casa como pães, doces, biscoitos, etc, para consumo próprio. Daí um dia pensei: porque não produzir para vender também e ganhar um extra? Percebi que dentro da minha casa tenho mais oportunidade de trabalhar do que fora, porque o empreendorismo está no dia a dia, nas pequenas coisas. Então comecei a fazer mais produtos caseiros e a vendê-los. O produto sendo de qualidade e tendo uma boa embalagem, vende.”
O programa Com Licença Vou à Luta do SENAR capacita mulheres rurais desde 2010 com conteúdos de gestão e empreendedorismo. Tem 40 horas divididas em cinco módulos: Empreendedorismo, Gestão Financeira, Planejamento Estratégico, Legislação e Liderança. Marli Alves destaca que o módulo Gestão Financeira a encantou, porque foi onde ela percebeu que podia ter mais ganhos com sua produção. “Antes de saber cálculos eu fazia as contas assim: se gastei R$ 1,50 para produção do pão eu vendia por R$ 3,00 e achava que estava faturando cinquenta por cento. Mas descobri que não se calcula só o que gastei para produção, mas também a matéria-prima, a mão de obra e o tempo de produção, assim saberemos se é 20, 30, 40 ou 50 por cento. Esse aprendizado foi tão positivo, que hoje é meu marido que vem me perguntar sobre os cálculos porque agora eu sei fazer.”
O entusiasmo de dona Marli contagiou também as vizinhas e a filha dela, que cursava Fotografia e mudou o curso para Agronomia. “Depois que contei para ela tudo que aprendi no Com Licença Vou à Luta e mostrei que no campo é possível ter oportunidades, ela mudou o curso para Agronomia, porque ela viu que no campo as mulheres têm oportunidade, não são apenas os homens.” Hoje a filha ajuda na propriedade quando o assunto é legislação, já que está aprendendo o tema na faculdade.
As vizinhas da produtora ficaram tão animadas com o conhecimento adquirido por Marli que já aguardam a próxima turma do programa no município. “Fazer essa capacitação mudou minha visão e da minha família. Percebi a força que temos enquanto mulheres e como temos potencial empreendedor. Isso clareou minha cabeça e mudou minha vida.” Questionada se pretende fazer outras capacitações do SENAR, ela garante: “Com certeza. Já fiz também o Programa Empreendedor Rural (PER) e os demais que aparecerem vou fazer. Ninguém me segura mais!”.
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