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CNA levanta custos de produção de cana, café e pecuária de corte
Na última semana, painéis ocorreram em SP, MG e GO
Brasília (05/10/2020) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) realizou, na última semana, levantamentos de custos de produção de cana-de-açúcar, café e pecuária de corte dos municípios de Ituverava (SP), Uberaba (MG), Caconde (SP) e São Miguel do Araguaia (GO).
A iniciativa faz parte do Projeto Campo Futuro, que analisa as informações obtidas a partir da realidade produtiva apresentada pelos produtores nos painéis, que passaram a ser virtuais neste ano por medidas de segurança e prevenção contra o coronavírus para evitar o contágio da doença.
Cana-de-açúcar - Na sexta (2), o levantamento dos custos de produção aconteceu em Ituverava (SP). A propriedade modal da região é de 400 hectares, com 80% do plantio feto de forma manual e 20% mecanizado, enquanto a colheita é 100% mecanizada.
Segundo dados preliminares do painel, a produtividade obtida na última safra foi de 85 toneladas por hectare, ganho de 9% em relação ao levantamento anterior. Também houve alta de 14,5% no preço do Açúcar Total Recuperável (ATR).
De acordo com Rogério Avellar, assessor técnico da CNA, a receita obtida com a atividade foi de R$ 97,98/tonelada e cobre o Custo Operacional Total (COT), que foi de R$ 89,71/tonelada e envolve as despesas rotineiras com a produção mais depreciação de patrimônio e pró-labore, gerando margem líquida positiva R$ 8,27/tonelada. No entanto, em relação ao Custo Total (CT), de R$ 123,37/tonelada, que engloba COT e remuneração de terra e capital, o produtor tem prejuízo de R$ 25,39/tonelada.
No dia 29, o levantamento feito em Uberaba (MG) teve como base uma propriedade modal de 500 hectares. “Houve um aumento considerável dos custos com insumos, especialmente defensivos e constatou-se também uma migração, principalmente de pequenos produtores, para a cultura de grãos, que está remunerando melhor”, explicou Avellar.
A receita obtida com a produção de cana, segundo relato dos produtores, foi de R$ 93,08/tonelada, suficiente para cobrir o COT de R$ 82,61/tonelada, dando uma margem líquida positiva de R$ 10,74/tonelada. Contudo, esta mesma margem fica negativa (-R$8,80/tonelada) quando são incluídos no cálculo os custos totais (R$ 101,88/tonelada).
Também participaram do levantamento analistas do Pecege/Esalq/USP, representantes dos Sistemas Faemg/Senar e Faesp/Senar, produtores e representantes dos sindicatos rurais dos dois municípios.
Café – Na quinta (1º) foi realizado o levantamento dos custos de produção da cafeicultura em Caconde (SP), em parceria com o Centro de Inteligência de Mercado da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA). Dados preliminares do painel identificam uma propriedade modal de 5 hectares de lavoura de café arábica e produtividade de 45 sacas por hectare. As atividades de condução e colheita são manuais e a lavoura não é irrigada. Neste modal, predomina a mão de obra familiar, havendo a contratação de trabalhadores eventuais apenas durante a colheita.
De acordo com relatos dos produtores, a qualidade da bebida em 2020 foi muito superior aos anos anteriores, com elevado percentual de bebida mole. As despesas com mão de obra representam 34% do Custo Operacional Efetivo (COE), enquanto os custos com mecanização respondem por 11% do COE, e os insumos, 37%.
“As margens bruta e líquida foram positivas e também atividade tem lucro remunerando o produtor no longo prazo pela alta produtividade de Caconde. A produtividade interfere na lucratividade”, explica Raquel Miranda, assessora técnica da CNA, que conduziu o painel, juntamente com o coordenador do CIM/UFLA, Matheus Marques. Também participaram representantes do Sindicato Rural de Caconde, da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento e produtores rurais do município.
No mesmo dia, a CNA lançou a pesquisa Safra Cafeeira para levantar informações sobre a safra 2020/2021 e convida os produtores que participam dos painéis a responder a pesquisa. Para mais informações clique aqui (link).
Pecuária de corte – Na terça (29), a CNA e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) realizaram o levantamento dos custos de produção em São Miguel do Araguaia (GO). As propriedades modais da região são de recria e recria e engorda, mas o painel focou no sistema de cria.
Uma das características da região foi o uso de instrumentos para o melhoramento genético, como a Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF), com cruzamento de nelores com outras raças, agregando valor ao produto final, porém o cruzamento industrial ainda não é amplamente utilizado na região. A inseminação artificial representa pouco mais de 4,8% do custo operacional efetivo e, aliada a demais tecnologias de alavancagem de produtividade, pode garantir ótimos resultados ao pecuarista.
Dentro da atividade de cria, o maior desembolso está atrelado a suplementação animal (26,8%) e a mão de obra (26,2%). Devido ao baixo investimento em alguns setores da produção, o pecuarista da região acaba enfrentando dificuldade para diluir alguns custos fixos, reduzindo a competitividade frente a outras atividades na região. Logo, a cria não é competitiva no longo prazo, sendo necessários mais investimentos e tecnologias para explorar o potencial produtivo, principalmente no setor de produção de forragens, que acaba limitando a exploração da área.
Outro gargalo do resultado é o objetivo de crescimento do rebanho, que faz com que o produtor obtenha menor receita e amplie seus custos de forma geral, porém, no longo prazo, com as fêmeas passando para a condição de reprodutoras, a receita poderá aumentar e a atividade passar a ser mais competitiva.
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