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Paraná

Apicultura se renova no Sudoeste
Apicultura Sudoeste

Arranjo institucional envolvendo Sistema Faep/Senar-PR, IDR-Paraná, prefeituras e sindicatos rurais promove retomada da atividade na região

7 de junho 2024

Por: Comunicação Sistema Faep/Senar-PR

Fonte: Comunicação Sistema Faep/Senar-PR

A região Sudoeste está trilhando um caminho virtuoso para tornar-se um novo polo produtor de mel no Paraná. Essa percepção vem, principalmente, do aumento na demanda pelos cursos do Sistema FAEP/SENAR-PR nas áreas de apicultura e meliponicultura (manejo de abelhas sem ferrão). Entre 2016 e 2020, a média de treinamentos destas atividades na região era de cinco por ano. A partir de 2021, o número triplicou, fechando 2023 com 23 capacitações realizadas.

O crescimento da demanda acompanha uma tendência de mercado que ganhou força durante a pandemia do novo coronavírus: a busca por alimentos mais saudáveis e com propriedades terapêuticas, caso dos produtos da apicultura e meliponicultura (mel, própolis, geleia real e cera). No entanto, faltava conhecimento técnico para que os produtores do Sudoeste pudessem empreender com segurança. Neste momento, o Sistema Faep/Senar-PR entrou em campo.

“Começamos [este trabalho] já faz um tempo. A região Sudoeste tem boas condição para apicultura, pois são pequenas propriedades, muitas delas já tinham caixas de abelha. Mas faltava capacitação. Conseguimos isso com os cursos do SENAR-PR”, observa o extensionista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) , Eder Frozza, um dos responsáveis pelo fomento da atividade na região. “Depois que trouxemos o curso do Sistema Faep/Senar-PR [para a região], eu mesmo comecei a produzir”, complementa o profissional, que obteve uma produção de duas toneladas de mel no ano passado.

Eder Frozza, do IDR-Paraná: fomento à apicultura nas escolas

Renda extra

De acordo com a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) , o número de apiários cadastrados no Paraná em 2023 aumentou 20% em relação a 2022, totalizando mais de 9,5 mil estabelecimentos. Muitos apiários vêm crescendo de forma exponencial na região nos últimos anos.

“A região Sudoeste tem um grande potencial. Os produtores sabem da importância da apicultura e da meliponicultura como alternativas de renda e suas contribuições social e ambiental. Estamos atentos às necessidades dos produtores e, juntamente com parceiros locais, estamos elaborando estratégias de capacitação e aperfeiçoamento”, detalha o supervisor da Regional Sudoeste do Sistema FAEP/SENAR-PR, Eduardo Marcante.

Na esteira da capacitação veio a organização da atividade, com a formalização de associações de apicultores em vários municípios da região: Salto do Lontra, Nova Prata do Iguaçu e Nova Esperança do Sudoeste.

A Associação Lontrense de Apicultores e Meliponicultores (Alamel), formalizada no ano passado, hoje conta com 20 associados. Entre eles, Carina Berkembroch, produtora e tesoureira da entidade, que ingressou na atividade nos últimos anos por incentivo do Sistema FAEP/SENAR-PR e IDR-Paraná. “Antes a gente atuava em um sistema extrativista, não sabia cuidar das abelhas. Com os cursos do Sistema FAEP/SENAR-PR, aprendemos”, afirma Carina, que produz 400 quilos de mel por ano. Na propriedade dela, que conta com produção de grãos e leite, a apicultura entrou como fonte de renda extra.

Recentemente, a Alamel conseguiu, por meio de parceria com a Prefeitura de Salto do Lontra, um local para instalar a Casa de Mel, local onde serão alocados equipamentos para a extração do produto. “Temos desde o pequeno associado, com duas caixas, até o pessoal com mais de 100 caixas, entre abelhas com ferrão e sem ferrão. O único pré-requisito para entrar na associação é fazer um curso do Sistema Faep/Senar-PR”, explica Carina.

Carina Berkembroch, da Alamel: curso do Sistema Faep/Senar-PR é pré-requisito

Também em Nova Prata do Iguaçu, a Associação Pratense de Apicultura e Meliponicultura (Pratamel) está finalizando o processo de criação. Segundo Alceni Vanazi, produtor e secretário da entidade, já são mais de 25 membros. No seu caso, a opção pela apicultura se deu por conta dos benefícios para o meio ambiente e para outras culturas comerciais.

“Eu sempre quis trabalhar com abelhas, pois sei da importância delas para a polinização dos pomares e até da soja e do feijão. Também queria aproveitar melhor minha área de reserva legal”, afirma Vanazi. “Eu comecei na atividade de apicultor por conta do curso do Sistema Faep/Senar-PR, pois é preciso ter conhecimento”, completa.

Arranjo institucional

Responsável por grande parte dos cursos na área de apicultura na região, o instrutor do Sistema Faep/Senar-PR Joel de Almeida Schmidt destaca a organização dos produtores do Sudoeste e o papel das instituições no desenvolvimento econômico. “A apicultura precisa ter incentivo e isso está acontecendo no Sudoeste. O Sistema FAEP/SENAR-PR, o IDR-Paraná, as prefeituras e os sindicatos rurais têm participado ativamente”, avalia. Até então, muitos produtores atuavam na apicultura sem a qualificação necessária para o negócio despontar. “O pessoal conhecia alguma coisa [de apicultura], mas não dava valor para a qualidade. Ainda temos muito a fazer com o mel, precisamos dar uma alavancada, preparar o produtor para se tecnificar mais. Mas estamos no caminho”, conclui Schmidt.

Abelhando nas escolas

Em 2022, o IDR-Paraná, em parceria com a Prefeitura de Salto do Lontra, por meio da Secretaria Municipal de Educação e o Fundação Banco do Brasil, desenvolveu o projeto “Abelhando na Escola”, voltado aos alunos do programa AABB Comunidade, que envolve jovens do município.

A proposta é aproximar o universo das abelhas do conhecimento das crianças, trabalhando temas como abelhas nativas da região, a importância social, ambiental e econômica dos insetos polinizadores, entre outros temas, sempre com foco na conscientização.

“Havia crianças que nunca tinham experimentado mel. Como trabalhar abelha com uma criança que não conhece o gosto de mel? Mobilizamos os produtores, entramos em contato com a Associação dos Apicultores do Sudoeste do Paraná (Aspar) e conseguimos que os membros doassem o alimento para distribuir aos alunos. Cada criança recebeu meio quilo de mel”, relembra o extensionista do IDR-Paraná, Eder Frozza, responsável pela ação no município.

O projeto contou com eventos teóricos e práticos, permitindo que o público escolar pudesse conhecer a importância dos insetos polinizadores, confeccionar iscas, capturar um enxame e visitar um meliponário.