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Alagoas

“Viveremos mais um período de estabilidade na parceria Governo do Estado e segmento rural”, afirma presidente da Faeal
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Álvaro Almeida prevê retomada do crescimento para o setor agropecuário em 2019

15 de janeiro 2019

Por: Álvaro Müller (publicado na Gazeta de Alagoas)

O ano de 2019 pode representar a retomada do crescimento para o setor agropecuário. Esta é a perspectiva do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas, Álvaro Almeida. Produtor rural desde os 18 anos de idade, Almeida conhece como poucos o setor e tem experiência de sobra para fazer tal prognóstico. Em entrevista, o dirigente da Faeal fala sobre as dificuldades enfrentadas em 2018, a situação da indústria da cana-de-açúcar, a implementação de novas culturas, a importância da federação e sindicatos na defesa do produtor rural e, claro, a expectativa para o agronegócio com a reeleição de Renan Filho (MDB) a governador.

Como foi o ano de 2018 para a agropecuária alagoana e quais as perspectivas para 2019? Tivemos muitas dificuldades na aquisição do milho, falta d’água em alguns municípios e, diante do problema do endividamento dos produtores, passamos o ano inteiro lutando para que as instituições bancárias cumprissem as leis 13.340/2016 e 13.606/2018, de liquidação de dívidas rurais. O Banco do Nordeste cumpriu a legislação, mas, infelizmente, o Banco do Brasil alegou falta de orçamento. Somente agora, no mês de dezembro, depois de receber inúmeras solicitações, o Banco do Brasil criou uma normativa própria e está chamando os produtores para negociar, não com prazo de sete anos, como havia proposto, mas de até doze anos, com carência de um a três. Nós não vemos perspectivas de melhorias nessas propostas, por isso, orientamos os produtores a procurar imediatamente as suas agências e renegociar suas dívidas. No mais, apesar das dificuldades, não tivemos um 2018 catastrófico. Reagimos e, como as coisas melhoraram no final do ano, com chuvas em diversas regiões, de até 100mm, e com o prognóstico animador de meteorologistas como os doutores Luiz Carlos Molion e Humberto Alves Barbosa, a nossa expectativa para 2019 é muito positiva. Acredito que começaremos a melhorar.

O que representa a reeleição do governador Renan Filho para o setor agropecuário? A reeleição é importante, pois, no primeiro mandato, o governador cumpriu todos os compromissos assumidos com o setor e, naturalmente, honrará os compromissos assumidos para o segundo mandato, diante das nossas solicitações constantes na cartilha elaborada pelas federações da Agricultura, Indústria e Comércio e entregue aos candidatos ao Governo de Alagoas no encontro que aconteceu na Casa da Indústria, no último mês de setembro. Viveremos mais um período de estabilidade na parceria Governo do Estado e segmento rural. Além disso, temos a expectativa de que ele escolha um nome técnico para a nossa Secretaria de Estado da Agricultura, mantenha a estabilidade da Adeal (Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas) e um Emater (Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas) focado na parte técnica, voltado principalmente para os pequenos e médios produtores.

Quais as principais propostas apresentadas ao governador reeleito? Há propostas para melhorar a confiabilidade no sistema de emissão eletrônica da Guia de Trânsito Animal (GTA); reativar os matadouros municipais lacrados para o escoamento da produção de gado de corte; manter e ampliar o programa de incentivo à produção de grãos; transformar o programa do leite em política de estado com verbas próprias; ampliar a disponibilização de máquinas agrícolas para associações e sindicatos rurais; criar um código de defesa florestal, entre outras demandas. Estamos confiantes de que teremos todos os nossos pleitos atendidos, para o bem do estado de Alagoas.

A crise da cana-de-açúcar tem motivado o crescimento de outras culturas. De que forma a Faeal incentiva e apoia os produtores nesta mudança? Primeiro, a gente entende que a cana sempre foi, é e sempre será imprescindível para Alagoas, pela sua importância econômica e por estarmos em uma região propícia ao cultivo. Nós comemoramos quando uma empresa de outro segmento se instala no estado e gera cem empregos. Apenas uma indústria da cana gera mais de três mil empregos diretos, por isso, esperamos que outras usinas não deixem de existir. Neste sentido, a Faeal está reativando a comissão da cana, a pedido dos produtores. Vamos provocar cada vez mais o governo e estimular a discussão focada nessa possibilidade. Já no espaço que a cana deixou, precisamos aproveitar o eucalipto, a soja, milho, já temos um bom exemplo em Anadia, do Grupo Santana, que veio do Rio Grande do Norte e é um sucesso. Portanto, a Federação da Agricultura vai incentivar, cada vez mais, tanto a manutenção da cultura da cana-de-açúcar, quanto a implementação de novas culturas, inclusive, com capacitações viabilizadas pelo Senar.

Por falar em capacitações, o Senar AL oferece um programa pioneiro e exclusivo, o Mais Pasto. O que esta iniciativa representa? Um grande avanço para a pecuária alagoana. O Mais Pasto qualifica a produção, pois difunde conhecimentos sobre utilização racional da pastagem e gestão da propriedade rural, com foco em três tipos de orçamento: alimentar, financeiro e de serviços e mão de obra. Isso permite ao produtor aproveitar ao máximo o potencial da sua propriedade e melhorar os resultados econômicos.

Em 2018, a contribuição sindical deixou de ser obrigatória. Porque o produtor precisa continuar contribuindo com a Faeal e os sindicatos rurais? Porque senão ele não terá sua defesa e representação. A Faeal e o Senar AL serão do tamanho que o produtor quiser, pois dependem da contrapartida dele. Estamos conscientes de que não podemos representar quem não deseja ser representado e disponibilizaremos serviços para os produtores que continuarem recolhendo a contribuição sindical. Vários países já deixaram de ter a obrigatoriedade da contribuição há muito tempo, mas o agronegócio se fortaleceu. Temos a certeza de que ficaremos mais fortes aqui também, pois o produtor sentirá a necessidade de que continuemos fazendo a sua defesa e cuidando da sua qualificação, para que ele possa produzir mais, com maior eficiência, e obter mais lucro, que é o objetivo principal de qualquer negócio.

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