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Seringais voltam a ser negócio atrativo em Minas Gerais
Belo Horizonte / Minas Gerais (15/09/2016) - Ela é originaria da Amazônia, só que foi na África e Ásia que a seringueira, com o seu látex, ganhou o mundo. No século XIX as sementes foram levadas pelos ingleses para as colônias britânicas, e dali para superar a produção brasileira e exportar o produto para todo o planeta.
O consumo mundial de borracha sofreu com a crise imobiliária dos Estados Unidos em 2008 e a crise financeira da Zona do Euro. No Brasil, somado à falta de expansão e de investimentos na heveicultura (cultivo da seringueira), hoje o país fabrica menos da metade da borracha que consome, cerca de 35% - o restante é importado da Ásia. Por outro lado, a boa notícia é que muitos produtores perceberam que esta é uma lacuna a ser preenchida.
“A perspectiva é que em 2021 a produção e consumo se equiparem no país, isso devido à expansão da cultura em vários estados. Além disso, vamos entrar em fase de renovação dos seringais e isso vai abrir espaço para que novos produtores pensem em investir em heveicultura”, explica Henrique Frederico Santos, engenheiro agrônomo e instrutor de cursos do SENAR MINAS (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).
Conforme os últimos dados apurados, em 2014, Minas Gerais ocupa o 4º lugar na produção nacional de borracha, respondendo por 7% das 320 mil toneladas produzidas no país por ano, explica a analista de Agronegócios da Assessoria Técnica da FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais), Ana Carolina Alves Gomes. Ela acrescenta que estes dados ainda apontam que as principais regiões produtoras do estado são Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, respondendo por 93% da produção estadual.
Necessidade de capacitação
Com a expansão das lavouras, outro problema tem afetado quem trabalha com a seringueira: a falta de colaboradores experientes e treinados. Segundo Henrique Frederico, a mão de obra qualificada é um gargalo na heveicultura, pois quase todo trabalho é manual. Além disso, a sangria representa 50% dos custos de produção.
“A qualificação de mão de obra é o meio de suprir a falta dela. Exemplo disso é que geralmente um sangrador inexperiente consegue fazer 400 plantas por dia, já um qualificado pode chegar a 1000 árvores/dia com facilidade. Uma pessoa que não sabe executar o trabalho pode ferir o painel de sangria, abrindo porta de entrada para doenças comprometendo a produtividade. Além disso, o consumo excessivo de casca diminui a vida útil da planta, então, a capacitação é fundamental no cultivo.”
Para atender essa demanda crescente, o SENAR tem um curso específico para os trabalhadores da sangria, pode ser de 24 horas (3 dias de aperfeiçoamento) ou 40 horas (para iniciantes). Apenas na regional de Uberaba do SENAR serão quatro cursos em três semanas e, em Campina Verde, o Sindicato Rural tem demanda para ainda mais.
Perspectivas
Exemplo desta ampliação é Amador Borges Macedo, que tem uma lavoura plantada em sua propriedade, aguardando o tempo da sangria. O trabalhador rural que hoje opera trator não vê a hora tirar o sustento de suas próprias seringueiras. “Em setembro eu já posso começar a abrir os painéis e sangrar o meu plantel, que tem 2.700 pés - com isso espero trabalhar e ter ganho a mais com a minha fazenda. Com o curso, consigo fazer a retirada do látex sozinho e estou bem preparado para trabalhar na lavoura.”
Após análise de mercado, a família Munari, que já tem propriedade no interior de São Paulo produzindo seis mil pés, resolveu investir na região do Triângulo Mineiro – com isso, adquiriram nova propriedade em Campina Verde. Foram plantadas cinco mil mudas a cada ano e hoje eles possuem 120 mil árvores. Com tanto serviço pela frente e a mão de obra em falta, colaboradores vieram de novos estados para suprir a demanda, e o treinamento do SENAR MINAS completou o ciclo.
O empresário rural Marco Antônio de Figueiredo Munari também participou da capacitação. Mesmo tendo algum conhecimento da sangria, ele deseja saber como cobrar a execução do trabalho dos colaboradores para que o trabalho seja perfeito. “Inclusive já repassei para eles que a sangria na nossa lavoura não vai ser paga apenas por produtividade, mas também pela qualidade do painel e da sangria e eles serão bonificados.”
“É de extrema importância quando o produtor acompanha o curso. Com a qualificação, ele conseguirá vislumbrar as perspectivas da mão de obra contratada, fazendo um acompanhamento mais técnico no dia a dia. Ele chegou sem conhecimentos específicos e está saindo com outra bagagem, e isso faz toda diferença, porque produtor e funcionários crescem juntos”, completa o instrutor Henrique Frederico Santos.
Mais informações: (31) 3074- 3209
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais - FAEMG
www.sistemafaemg.org.br