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Sergipe

Planejamento no campo reduz impactos diante da possibilidade de escassez hídrica em Sergipe
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Técnicos de campo do Senar Sergipe e especialista orientam como enfrentar os períodos mais secos. Para este ano, a previsão indica redução no volume de chuva o que pode impactar na produção agrícola

15 de maio 2023

Por: Ascom Faese/Senar

O produtor rural José Barros Silva, do município de Poço Redondo, no Sertão do estado, está se preparando para estiagem, já fez o plantio do milho, mas também arou a terra para plantar palma.

“Estou com medo do milho não nascer por conta da falta de chuva. Se isso acontecer, a saída vai ser plantar palma mesmo”, disse. A realidade do produtor José Barros também é a de outros milhares, que estão buscando estratégias para enfrentar a falta de chuva.

O Nordeste e o Norte do Brasil podem enfrentar redução das chuvas a partir de junho deste ano. A informação foi confirmada pela meteorologista Wanda Tathyana de Castro Silva, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente Sustentabilidade e Ações Climáticas de Sergipe (Semac).

Segundo ela, técnicos da área estão monitorando periodicamente esta situação e há probabilidade de 80% do fenômeno El Niño ocorrer no trimestre de Maio, Junho e Julho.

“O El Nino costeiro está em atuação na costa leste do Oceano Pacífico, este tipo de El Niño não afeta no regime de chuvas de Sergipe, mas há previsão que o El Niño clássico floresça e comece a interferir no regime de chuvas do Norte e Nordeste do país a partir de junho e há grandes probabilidades do fenômeno se estender para próximo ano”, alertou.

Ainda segundo ela, na agricultura em Sergipe, os impactos devem ser sentidos principalmente pelos produtores de milho, a depender do plantio, já que no momento em que normalmente acontece a floração, é justamente quando o volume de chuva deve ser reduzido.

Wanda Tathyana também fez algumas recomendações para redução dos impactos diante da possibilidade da escassez hídrica.

“O ano de 2023 é atípico, visto que, houve a antecipação das chuvas já em fevereiro e devem continuar volumosas até maio. Nesse período, é importante que produtores usem estratégias para acumular água no solo. Devido as altas temperaturas, é necessário o uso de matéria seca sobre as culturas para evitar a evapotranspiração”, disse.

Segundo ela, a Gerência de Meteorologia e Mudanças Climáticas da Semac realiza monitoramento constante sobre as probabilidades de ocorrência do fenômeno climático El Niño e mensalmente divulga relatório para alertar produtores e gestores para que adotem medidas que reduzam impactos negativos.

Planejamento

A engenheira agrônoma e técnica de campo do Senar Sergipe, Paula Yaguiu, orienta produtores rurais quanto à necessidade de se prepararem para o período menos chuvoso. Segundo ela, existem algumas estratégias que podem ser utilizadas para minimizar os impactos da falta de chuva.

“O produtor que vai iniciar uma produção agora, pode optar por raízes e tubérculos, que tem menos necessidade hídrica. Já os que estão em plena produção, precisam ficar atentos ao controle do uso da água, optando pela irrigação por gotejamento. É preciso manter os reservatórios e ainda fazer uso da multching, que é a cobertura do solo com um filme plástico, ou ainda usar palha seca para cobrir o solo. Isso preserva a água na terra e evita a evaporação.

A médica veterinária e supervisora da Assistência Técnica e Gerencial do Senar Sergipe, Pábola Nascimento, lembrou que a estocagem de alimentos para os animais é uma boa saída para o período de pouca chuva.

“Os produtores devem estocar palma e silagem, que pode ser feita com capim-açu, sorgo, capim-elefante, milho e outras matérias-primas. Além disso, podem se planejar, se organizar e fazer compras antecipadas de ração, para garantir a alimentação dos animais. Com essas estratégias, é possível enfrentar os períodos mais secos sem grandes problemas”, finalizou.

O técnico de campo do Senar Sergipe, Pablo Jonata, também reforçou que a chave para enfrentar o período de escassez hídrica é o planejamento.

“Seja na produção de palma ou silagem, é preciso se programar. É preciso calcular qual o volume de alimento necessário não somente para este ano, mas para o próximo, já que a chegada da chuva é incerta, fazendo isso, é possível minimizar os impactos nutricionais no rebanho”, destacou.

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