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Maricultura: plantando no mar
Santa Catarina é pioneira em Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) na cadeia produtiva
Além de ser destaque nacionalmente com elevado número de produtores rurais participando da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), o Sistema FAESC/SENAR-SC coloca Santa Catarina em evidência como o primeiro Estado brasileiro a ofertar ATeG em Maricultura. “A metodologia iniciou em novembro de 2016 e conta com a participação de 24 maricultores divididos entre os municípios de Florianópolis, Palhoça e Biguaçu”, informa o presidente do Sistema, José Zeferino Pedrozo.
O técnico da ATeG Rafael Luiz da Costa acompanha os maricultores colaborando com a gestão das fazendas marinhas, tendo em vista que o setor da aquicultura apresenta baixo conhecimento gerencial, dificultando a tomada de decisões dentro da atividade. “Alguns produtores não realizavam anotações relacionadas as despesas e receitas e, a partir das visitas, iniciamos o levantamento de dados das fazendas marinhas para que seja feita o controle gerencial”, explica.
Segundo Costa, os maricultores estão na etapa de análise de custos de produção e ainda não apresentam resultados em decorrência de não existir um software específico para a atividade. “Estamos elaborando uma planilha de cálculo que seja objetiva e de fácil aplicação, pois na aquicultura, especificamente a maricultura, diferente da agricultura e pecuária, os animais ficam submersos e diretamente dependentes das variações ambientais”, observa.
A atuação da ATeG em Maricultura tem sido desenvolvida gradativamente, resultado da especificidade da cadeia produtiva. “Os produtores assistidos pela ATeG sofreram adversidades na produção em 2016, dentre elas a proibição da comercialização dos moluscos devido a proliferação de algas nocivas, conhecidas como ‘maré vermelha’. Outro agravante foi o ciclone subtropical que atingiu diversos produtores com ventos de até 118km/h”, explica o presidente do Sindicato Rural de Florianópolis, Pedro Cavalheiro de Almeida.
De acordo com o presidente, a ATeG em Maricultura é bem recebida pelos produtores que conseguem visualizar suas propriedades em números e tomar decisões mais confiáveis. “O trabalho é lento, mais já revela muitos avanços no setor gerencial, diferente de outras atividades agropecuárias, a ATeG da Maricultura deve caminhar de forma suave, mas objetiva, mudando a visão do produtor em cada visita e procurando atender de maneira específica cada maricultor. Essa é a chave para o sucesso do programa na maricultura”, frisa.
O superintendente do SENAR-SC, Gilmar Antônio Zanluchi, salienta que durante as visitas é possível desenvolver o levantamento de dados junto aos maricultores e, a partir disso, promover o inventário dos recursos além de trocar informações técnicas relacionadas a produção e comercialização dos moluscos. “O Sistema FAESC/SENAR-SC incentiva o desenvolvimento da maricultura em Santa Catarina, demonstrando a sua importância e relevância para o Estado. A ATeG auxiliará na organização da produção trazendo, futuramente, maior retorno financeiro e, também, dando o destaque que o setor merece”, esclarece.
INCENTIVO À MARICULTURA EM SANTA CATARINA
Adécio R. da Cunha, de 64 anos é aposentado e há 17 anos trabalha no cultivo de ostras e mariscos. Junto com a esposa são proprietários da Fazenda Marinha Cia das Ostras, localizada no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis. “Quando me aposentei, procurei meios de complementar a renda familiar. Em 2000, com a proposta de um amigo, me tornei sócio de uma fazenda marinha, sociedade que durou três anos. A produção iniciou com 30 mil sementes de ostras e algumas pencas (assim chamadas as cordas com mariscos) de mexilhão. Aos poucos a família foi se envolvendo no negócio. Hoje somos considerados produtores familiares”, conta.
Com um projeto alternativo de utilizar conchas de ostras, a esposa de Cunha participou de cursos de artesanato e passou a fabricar peças de decoração, reconhecida com a carteira nacional de artesã, participando de feiras e exposições. A família possui uma loja em casa onde vende, além do artesanato, ostras e mexilhão.
O produtor é um dos atendidos pela ATeG em Maricultura do Sistema FAESC/SENAR-SC, com o apoio do Sindicato Rural de Florianópolis. Segundo ele, as visitas ajudam no planejamento e gestão da fazenda marinha. “Estamos sempre buscando maneiras de melhorar nosso trabalho, participando de cursos, palestras, seminários, pesquisando materiais, tudo que possa facilitar e agilizar a produção”, relata Cunha. Há dois anos consecutivos que a fazenda marinha da família coloca no mar 600 mil sementes de ostras e sete coletores de mexilhão com 100 metros cada e 80 pencas de mexilhão.
O maricultor Ademir Dario dos Santos tem 62 anos e há mais de 25 trabalha com maricultura em Santa Catarina. É um dos pioneiros no Estado. Segundo ele, a maricultura surgiu como um incremento de renda para os pescadores. “A atividade oportuniza emprego e renda para muitas famílias do litoral catarinense gerando a auto sustentabilidade e suprindo necessidades de muitos pescadores”, avalia.
Lourival de Carvalho Pereira tem 46 anos, é pescador e há 15 anos aderiu a maricultura como mais uma fonte de renda para sua família. “Eu amo o que faço, trabalhar com o mar é a minha vida e encontrei na maricultura a oportunidade de ter sustentabilidade sem deixar de fazer o que gosto”, conta ele. A fazenda marinha de Pereira é localizada em Ponta de Baixo, em São José, na Grande Florianópolis e produz anualmente cerca de 30 mil dúzias de ostras e 5 toneladas de mexilhão. “A capacidade de produção do litoral catarinense é uma das maiores do mundo, o que falta é incentivo e apoio para expandir”, avalia o maricultor.
Segundo ele, as visitas do técnico estão auxiliando na elaboração de um plano de trabalho novo. “Fizemos o levantamento da propriedade e agora iniciamos o controle de custos do zero. Antes eu já tinha a noção de quais eram os meus investimentos, mas não fazia uma anotação detalhada. Acredito que muito mais do que auxiliar na organização da fazenda marinha, o programa auxiliará para que a maricultura seja cada vez mais conhecida tanto em Santa Catarina como no País e isso é muito importante para que nossos produtos sejam valorizados no mercado”, acrescenta.
A fazenda marinha Paraíso das Ostras de Vinicius Ramos localizada em no extremo sul da ilha de Florianópolis, há 900 metros do mar aberto, tem uma produção anual de três milhões de sementes de ostras e vieiras. Ao contrário da grande maioria de maricultores, Ramos efetua o controle de custos por meio de um software em que também são emitidas notas fiscais e boletos.
“São raros os maricultores que efetuam a gestão financeira de suas fazendas, isso porque muitos têm a maricultura como uma segunda renda e não como a principal. Acredito que a ATeG servirá como um divisor de águas para conscientizar os produtores sobre a importância do acompanhamento técnico e gerencial”, considera.
Para Vinicius, a cadeia produtiva da maricultura é muito específica e precisa de planilhas que se encaixem nessa realidade. “O técnico está nos auxiliando no levantamento de todos os dados necessários para que tenhamos uma base dos números e possamos, a partir disso, organizar melhor a nossa produção e, consequentemente, trazer maior retorno. Eu, que já faço esse acompanhamento, poderei ter como base o trabalho da ATeG para verificar se estou no caminho certo no que diz respeito a gestão da minha produção”, complementa.
A MARICULTURA EM SANTA CATARINA
De acordo com dados da Epagri, Santa Catarina é o maior produtor nacional de moluscos, respondendo por cerca de 95% da produção brasileira de mexilhões e ostras. Com 589 produtores espalhados ao longo de 12 municípios costeiros, a atividade gera cerca de 1.500 empregos diretos no processo produtivo. Estima-se ainda o envolvimento de mais 5.000 postos de trabalho ao longo de toda a cadeia produtiva, desde a produção de equipamentos e insumos até a distribuição e venda para milhares de consumidores finais. Segundo a Síntese Informativa da Maricultura, divulgada pela Epagri/CEDAP (Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca), a produção de moluscos comercializados em 2015 por Santa Catarina foi de 20.438 toneladas.
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Assessoria de Comunicação Sistema Faesc/ SENAR-SC
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