ALIMEN T AN D O O B R A SILEIRO

Rio Grande do Sul

Farsul debate proposta de reforma tributária do Governo do RS

Apesar de concordar com diversos itens, entidade vê sacrifício do setor

24 de julho 2020

Fonte: Imprensa Sistema Farsul

A proposta de reforma tributária apresentada pelo Governo do Rio Grande do Sul está sendo amplamente debatida pela Farsul. Naa quarta-feira (22/7), a entidade promoveu uma reunião com os Sindicatos Rurais e participou de outra com o próprio Executivo, representado pelo secretário de Governança e Gestão Estratégica e de Planejamento, Orçamento e Gestão, Claudio Gastal e pelo secretário da Fazenda Marco Aurelio Cardoso. A mobilização acontece porque a Federação entende que a revisão do sistema tributário gaúcho é necessária, porém, o projeto sobrecarrega o agronegócio, ferindo um princípio básico da economia que é de não taxar produção.

O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, ressalta que a entidade, como principal representante do setor, tem a obrigação de debater a proposta. "Passamos o final de semana analisando e ela está nos preocupando imensamente. Toda proposição, como tudo na vida, tem coisas boas e ruins. O problema é que o nosso setor está sendo chamado para o sacrifício", afirma Gedeão.

A entidade destaca que a avaliação feita da proposta foi técnica e a reforma tributária é necessária. Atualmente, em um ranking de competitividade, organizado pelo Banco Mundial, o Brasil ocupa a 184ª posição entre 190 países. Em relação ao Índice de Solidez Fiscal no país, o Rio Grande do Sul está em último lugar. "O Brasil é um dos piores sistemas tributários do planeta e o Rio Grande do Sul é o pior do país. Isso coloca o estado entre os três piores lugares do mundo", ressalta o economista-Chefe da Farsul, Antônio da Luz.

Para a análise da proposta do governo, foram utilizados, pela Federação, os critérios essenciais para sistemas tributários eficientes no mundo. Assim, foram considerados os itens: ter uma estrutura simples, neutralidade, transparência, não acumulativo e isonomias horizontal e vertical. Conforme avaliação da entidade, a atual estrutura não possui nenhuma dessas características.

Embora aprove boa parte do projeto, a Farsul discorda de dois pontos em especial. O primeiro está na tributação de insumos agrícolas, que terá a redução de 10% do benefício dado pelo governo. "O cálculo do impacto nos custos de produção está equivocado. O governo usa como referência custos de baixa tecnologia que não contemplam 70% da produção do estado. A estrutura de cálculo está subestimada", explica Luz.

A Federação considera um erro grave em economia, porque tributa a produção. Nas demais cadeias, quem paga o imposto é o consumidor. "A indústria tem sistema de débito e crédito, o produtor não, por ser pessoa física, ele absorve esse imposto. Na proposta, os insumos agropecuários são os únicos que perdem benefícios e o produtor paga sozinho", descreve o economista.

O outro ponto de crítica da Farsul está no aumento da alíquota do ITCD (Imposto sobre a Transmissão "Causa Mortis" e Doação de Quaisquer Bens e Direitos). Para entidade, um sistema progressivo seria justo e alinhado com o cenário internacional. O presidente Gedeão Pereira lembra que uma propriedade rural é bem de capital, não de consumo. "É para produção, não para consumir", reforça.

Atualmente, 2/3 das heranças de propriedades rurais não são legitimadas no estado. A proposta da Federação é a redução da alíquota para 4% e a possibilidade de parcelamento. Conforme Luz, isso faria com que os inventários em abertos fossem regularizados e os futuros não seriam protelados, gerando maior arrecadação.

A entidade também reforça que reformas tributárias tem o objetivo de simplificar a forma de arrecadação, não o seu aumento. "O aumento ou redução da carga tributária está relacionado aos gastos públicos. Quem defende a redução deve cobrar reforma administrativa", explica Luz.

A proposta ainda não foi encaminhada para a apreciação do Legislativo. A Farsul trabalha pela correção dos itens antes que sejam enviados para plenário, mas também já está atuando junto aos parlamentares. Na quinta-feira, dia 23, realizou uma reunião com os deputados para debater a questão.