Especialistas destacam protagonismo brasileiro na produção sustentável de alimentos
Debate promovido pela CNA abordou o Acordo de Paris e as ações do agro para mitigação dos gases de efeito estufa
Brasília (05/10/2021)
Em debate técnico na terça (5), durante o evento COP26: Agropecuária Brasileira no Acordo de Paris, especialistas convidados pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) reafirmaram o protagonismo brasileiro na produção sustentável de alimentos.
No evento, a CNA entregou ao governo o posicionamento do agro que será levado para a Conferência de Mudanças Climáticas que está marcada para ocorrer de 1º a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia.
Rodrigo Lima, sócio-diretor da Agroícone, falou sobre o panorama para a agropecuária brasileira frente ao Acordo de Paris e afirmou que a adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono é um dos grandes diferenciais do setor para adaptação e enfrentamento das mudanças climáticas.
Ele citou os resultados do Plano ABC até 2018 que alcançou 52 milhões de hectares com tecnologias de baixa emissão de carbono e a mitigação de 170 milhões de toneladas de CO2 equivalente, e disse que o ABC+, recentemente lançado pelo Ministério da Agricultura, será a estratégia do agro brasileiro no Acordo de Paris.
“A agropecuária brasileira é parte da solução para o enfretamento do aquecimento global. O ABC+ reflete uma década de aprimoramento de uma política que mostrou a importância de fomentar investimentos em tecnologias e práticas para os sistemas produtivos.”
O Plano ABC + tem o compromisso de alcançar 72,68 milhões de hectares com adoção de tecnologias ABC com potencial de mitigação de mais de 1,1 milhão de CO2eq.
Para Lima, o ABC+ não deve ser compreendido como uma política em função do Acordo de Paris, mas sim, como uma estratégia de desenvolvimento usada pelo Brasil em várias frentes.
“Estamos vivendo o momento oportuno para trazer a agricultura como uma estratégia dentro da agenda climática. Com o ABC + temos uma força não só no Acordo de Paris, mas na convenção do clima.”
O pesquisador da Embrapa Gustavo Mozzer, falou da relevância do Brasil nos processos de negociação na Conferência do Clima e no importante engajamento do setor produtivo que tem levado o País a uma posição de liderança mundial.
Ele argumentou que a partir do Acordo de Paris se abre um novo ciclo onde o Brasil precisa se preparar ainda mais.
“É extremamente importante que um país agrícola e tropical como o nosso identifique com clareza a necessidade de nos planejarmos e adaptarmos e daí a necessidade estratégica do ABC+. Entendemos que a questão climática não é um problema que será equacionado de maneira simples e tão pouco a implementação plena do Acordo de Paris.”
Mozzer falou sobre as negociações no Grupo de Trabalho de Koronovia e enfatizou que o Brasil tem influenciado outros países a adotarem suas tecnologias de baixa emissão de carbono.
“Koronivia é uma vitrine para o Brasil e a CNA tem sido um player extremamente importante mostrando o engajamento do setor privado brasileiro. Estamos desenvolvendo políticas como o ABC + porque são estratégicas para o Brasil e sinérgicas com nossos interesses internacionais e cooperam com a discussão e melhoram a imagem do Brasil”.
O pesquisador da Embrapa afirmou ainda que é importante o País construir um planejamento para cumprir sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), além de estar preparado para os impactos que virão com o aquecimento do planeta.
Também destacou o mercado de carbono, que segundo ele é um “desafio enorme e complexo”, mas que o produtor rural pode ser protagonista e levar ao mundo uma visão de excelência do produto agropecuário brasileiro.
“Estamos entrando em um novo tipo de economia mundial menos dependente do carbono e precisamos a assegurar a competitividade do Brasil nesse processo de transição, para que não se torne um país pouco relevante no comércio internacional por ter seu produto caracterizado como um produto de alto teor de carbono”.
Mozzer ressaltou que o mercado de carbono é um processo, não vai acontecer de forma rápida, mas em quatro ou cinco anos. “Porém, se fizermos nossa parte, o Acordo de Paris será a melhor vitrine para mostrar a qualidade da tecnologia brasileira”.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea) e da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA, Muni Lourenço, encerrou o debate técnico e defendeu a atuação da confederação que estará em Glasgow, na Escócia, acompanhando as negociações da COP26 em novembro.
“Essa será uma COP histórica, com estabelecimento de marcos e esse evento de hoje reitera mais uma vez o elevado grau de prioridade da CNA e dos produtores rurais com a agenda da sustentabilidade ambiental e das mudanças climáticas. Acompanharemos de perto para auxiliar nas negociações e defender a imagem do produto agropecuário brasileiro.”
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