Análise semanal do mercado do trigo
Por: CEEMA / UNIJUI
As cotações do trigo em Chicago igualmente recuaram nesta semana, fechando o dia 23/03 em US$ 4,21/bushel, após US$ 4,36 uma semana antes. Também aqui há expectativas quanto ao relatório de intenção de plantio do dia 31/03 nos EUA. Talvez o aumento na área de soja possa reduzir um pouco a área de trigo, além do forte recuo esperado na área de milho.
A pressão baixista veio do clima, que neste momento está favorável nos EUA para as lavouras do cereal. Nem mesmo as melhores exportações semanais conseguiram reverter o quadro negativo da semana. No Mercosul, a tonelada FOB para exportação se manteve entre US$ 170,00 e US$ 190,00.
No Brasil, os preços estacionaram, com viés ainda de baixa. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 28,19/saco, enquanto os lotes, em termos nominais, continuam entre R$ 31,00 e R$ 32,00/saco. No Paraná, os lotes igualmente estacionaram entre R$ 36,00 e R$ 38,00/saco. No balcão, o Paraná está pagando a média de R$ 32,30/saco, enquanto em Santa Catarina o valor é de R$ 32,00/saco.
Os moinhos brasileiros possuem estoques para até 60 dias e a demanda pelo produto nacional é fraca. Os próprios produtores, que podem segurar o produto, estão aguardando preços melhores. Com isso o mercado praticamente está paralisado. Além disso, muitas importações feitas anteriormente estão ainda chegando nos portos brasileiros.
Por sua vez, como já havíamos destacado em outra oportunidade, os leilões de Pepro não resultaram em efeito altista no mercado. O máximo que se pode dizer é que os mesmos seguraram recuos mais expressivos dos preços do trigo nacional. Afinal, as importações continuam muito importantes e abafando qualquer possibilidade, por enquanto, de melhoria nos preços internos brasileiros.
Em termos de leilões, dos 10 realizados pelo governo brasileiro, o Rio Grande do Sul apresentou demanda para 62% das 1,21 milhão de toneladas ofertadas via Pepro. Já o Pep registrou demanda para apenas 16,6% do total ofertado em oito leilões realizados no país, sendo o Rio Grande do Sul demandante de 19,3% das 308.000 toneladas disponibilizadas (cf. Safras & Mercado).
Enfim, no atual contexto de mercado, somente uma desvalorização do Real poderá reverter o quadro baixista do trigo. Como já destacado em outros comentários, o mercado considera que um câmbio ao redor de R$ 3,30 por dólar já daria competitividade ao produto nacional perante o importado (cf. Safras & Mercado). Isso, obviamente, se as cotações mundiais não recuarem dos atuais patamares.