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PIB da Agropecuária cresce 0,4% no 3° trimestre/2020 e acumula alta de 2,4% até setembro
Divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no 3° trimestre de 2020 apontou queda de 3,9% frente ao mesmo período do ano anterior e crescimento de 7,7% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Já o desempenho do setor agropecuário foi de crescimento de 0,4% comparativamente ao 3° trimestre de 2019, levando o setor a um crescimento acumulado de 2,4% nos 9 primeiros meses de 2020[1].
A divulgação dos resultados do 3° trimestre de 2020 veio acompanhada da revisão dos indicadores do PIB relativos a 2019 e aos 2 primeiros trimestres de 2020. Essa revisão mostra que a retração da economia brasileira no 2° trimestre/2020 foi ligeiramente menor (-10,9%) do que a inicialmente divulgada (-11,4%), refletindo em uma queda mais amena do PIB brasileiro no acumulado dos 9 primeiros meses do ano, conforme mostra a tabela 1 a seguir.
A tabela 1 acima mostra o desempenho da economia brasileira ao longo de 2020 e nos 3 últimos trimestres de 2019. Os dados mais recentes, referentes ao 3° trimestre/2020, sugerem que o pior momento da crise brasileira parece ter ficado para trás já que o desempenho do 3° trimestre é significativamente melhor que o do trimestre imediatamente anterior. Comparativamente ao 2° trimestre (que havia retraído 9,6%), a soma de bens e serviços produzidos no Brasil apresentou crescimento de 7,7% no 3°tri/2020, revelando a recomposição de parte das perdas em termos de atividade econômica. Na comparação com o mesmo período de 2019 (3° trimestre de 2019), a retração foi de 3,9%. E nos últimos 12 meses de -3,4%.
Especificamente com relação aos dados do 3° trimestre/2020, o gráfico 1 traz a comparação de desempenho entre os subsetores de atividade que, agregados, levaram à retração de 3,9% no PIB brasileiro. Os resultados são referentes à comparação com o mesmo período do ano anterior (3°tri/2019). Além da agropecuária com crescimento de 0,4%, também apresentaram resultado positivo no 3° trimestre/2020 frente ao 3° trimestre/2019, as seguintes atividades econômicas: Atividades Financeiras, de Seguros e Serviços relacionados (6%), Eletricidade, água e esgoto (3,8%), Atividades Imobiliárias (2,7%) e Indústrias Extrativas (1%). Todas as demais atividades apresentaram retração: Indústria de Transformação (-0,2%), Comércio (-1,3%), Informação e Comunicação (-1,3%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-5,4%), Construção (-7,9%), Transporte, armazenagem e correio (-10,4%), Outras atividades de serviços (-14,4%).
Gráfico 1 – PIB e Subsetores no 3°trimestre/2020 (Taxa no 3° trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior)
Em linhas gerais essa melhora relativa quanto à intensidade da retração da economia brasileira em 2020 já vinha sendo captada, desde meados de julho, nas divulgações semanais do boletim Focus, conforme o gráfico 2 a seguir.
Gráfico 2 – Expectativa de Mercado para o Crescimento do PIB Brasileiro em 2020
Ainda assim, pela ótica da despesa os indicadores revelam que o processo de retomada da atividade econômica deve ser lento e que os componentes da demanda agregada continuam com retrações significativas. Desses, talvez o mais importante seja a retração de 6% observada no 3° trimestre/2020 no Consumo das Famílias, comparativamente ao mesmo trimestre do ano anterior, quando a retração já havia sido 12,2% (antes da revisão era de -13,5%). Mesmo no primeiro trimestre de 2020, o consumo das famílias brasileiras já apresentava retração de 0,7%. Esse resultado poderia ter sido ainda pior não fosse o auxílio emergencial que minimizou os impactos econômicos na parcela mais vulnerável da população brasileiro, garantindo alguma sustentação de demanda, particularmente de alimentos e outros bens de consumo básicos. Apesar dessa menor demanda doméstica – derivada do impacto negativo da crise do Covid-19 no poder de compra do brasileiro - a produção agropecuária nacional segue trajetória expansionista.
Destaque também para a retração de 25% na importação de bens e serviços, refletindo a perda de renda do brasileiro, tanto pela menor atividade econômica (queda do PIB), quanto pela perda do poder de compra do Real frente às moedas estrangeiras, particularmente ao Dólar.
Similarmente ao impacto nos resultados para o Brasil, a revisão por parte do IBGE dos indicadores do PIB relativos a 2019 e aos 2 primeiros trimestres de 2020 também afetou significativamente o desempenho observado pelo setor agropecuário. Essa revisão mostra que o crescimento da agropecuária no primeiro semestre de 2020, comparativamente ao mesmo período de 2019, foi significativamente superior ao inicialmente divulgado, refletindo na alta de 2,4% no acumulado do ano, conforme mostra a tabela 2 a seguir.
Especificamente quanto ao desempenho do terceiro trimestre de 2020, o setor agropecuário apresentou crescimento de 0,4% frente ao mesmo período de 2019, um ritmo de crescimento menor que o observado no 3° trimestre/2019 quando o crescimento foi de 1,6% frente ao mesmo período de 2018. Os destaques da produção agrícola brasileira no 3° trimestre de 2020, segundo o IBGE, foram o café (21,6%), cana (3,5%), algodão (2,5%) e o milho (0,3%).
Apesar dos efeitos adversos da pandemia, e do impacto que a desvalorização cambial tem imposto aos custos de produção agropecuária, o setor vem apresentando indicadores consistentes de desempenho em 2020. Ao crescimento de 2,4% do seu produto interno bruto nos 9 primeiros meses do ano, até outubro o setor acumula criação líquida de mais de 102 mil novas vagas, segundo dados do CAGED, e incremento de 5,7% nas receitas com exportações.
[1] Na comparação com o trimestre imediatamente anterior a agropecuária apresenta recuo de -0,5%, dentro do esperado dadas as sazonalidades típicas do setor.