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INFLAÇÃO ACUMULADA DOS ALIMENTOS EM QUEDA
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou aumento geral dos preços de 0,31%
em abril de 2021. Conforme divulgado hoje pelo IBGE. O mercado tinha 0,30% como expectativa para
abril, no início do ano, aumentando para 0,47% ao longo do ano e retornando para 0,30% no início de
maio. A expectativa para 2021 continua sendo revisada para cima, começando em 3,32% nos primeiros
dias do ano e alcançando 5,06% no início de maio, um mês antes era 4,85%.
No mesmo mês do ano passado ocorreu deflação de 0,31%. Observa-se em abril um retorno da inflação para patamares abaixo da média para os meses de abril desde o Plano Real, que é de 0,60%, como tem ocorrido desde 2017.
O resultado de abril interrompe a tendência de desaceleração da inflação dos alimentos iniciada em novembro de 2020 e que durou até março de 2021, quando alcançou o patamar negativo (deflação). Alimentação e bebidas registraram alta de 0,40% e o subgrupo alimentação no domicílio teve queda de 0,47%.
Os combustíveis, que estavam pressionando os custos de transporte de insumos e produtos, dificultando a queda mais expressiva dos preços dos alimentos para o consumidor final no período novembro de 2020 a março de 2021, tiveram queda de 0,94%. Contudo, os preços dos combustíveis ainda exercem pressão sobre os preços dos alimentos, principalmente o óleo diesel que teve queda de apenas 0,11%. Sendo assim, é necessário que haja quedas mais expressivas para compensar a fortes altas anteriores, já que no acumulado do ano a alta é de 20,52% nos combustíveis em geral e 17,79% no óleo diesel. Outros insumos agrícolas, como é o caso dos fertilizantes, somado à desvalorização da moeda, também estão exercendo o mesmo efeito sobre os preços dos alimentos.
A inflação geral acumulada no primeiro quadrimestre do ano é de 2,37%, resultado muito superior ao do mesmo período de 2020 (0,22%), contudo, os alimentos tiveram altas menores que em 2020, aproximadamente metade do que foi observado naquele ano. Percebe-se no gráfico 3 que a inflação acumulada dos quatro primeiros meses do ano vem caindo desde 2019.
No acumulado dos últimos 12 meses o índice geral foi de 6,76%, 12,31% em alimentação e bebidas e 15,54% em alimentação no domicílio.
As tabelas 1 e 2 mostram os principais alimentos consumidos no domicílio que tiveram maior impacto, tanto em termos de alta como de baixa, levando em consideração a ponderação de cada item no IPCA de abril, e suas respectivas variações mensais de preço.
As razões para os resultados das tabelas 1 e 2 são apresentados em mais detalhes a seguir:
Principais Altas de Preço no mês de Abril/2021:
Tomate – O aumento dos preços ao consumidor se deve ao fim da safra de verão, início ainda lento da safra de inverno e temperaturas amenas que retardaram a maturação dos frutos e, por consequência, a oferta de tomate no mercado.
Leite longa vida – O movimento dos preços pode ser explicado pelas restrições da oferta no campo, caracterizadas pelo início do período de entressafra. A captação da matéria prima vem caindo sistematicamente desde janeiro, sendo decrescida mensalmente em 4,2% na média até março, conforme o Índice de Captação de Leite do CEPEA mais atual disponível. O cenário é agravado pelos altos custos de produção em 2021, onde milho e farelo de soja, principais insumos da ração, seguem 113% e 46% mais valorizados que abril do ano passado, respectivamente, conforme o Deral/SEAB/PR. Nesse contexto, as margens do produtor seguem pressionadas, reduzindo ainda mais a produção no campo.
Frango em pedaços – O aumento no preço do frango em pedaços sinaliza o início do repasse do aumento do custo do campo ao consumidor uma vez que, por se tratar de uma cadeia totalmente integrada, o aumento do custo de produção reflete diretamente nos custos da indústria, que repassa o valor ao varejo. Somado a isso, houve queda de alojamento de pintos de corte no final de fevereiro/início de março, diminuindo a oferta do produto. Por fim, o aumento do preço refletiu o aumento do preço das carnes bovinas e suínas, pois, como são substitutos diretos, com a manutenção dos preços das demais carnes em patamares mais elevados, resultou em aumento da demanda pela carne de frango e, consequentemente, aumento de preços ao consumidor.
Principais Quedas de Preço no mês de Abril/2021:
Maçã – O comportamento de preço da maçã segue a sazonalidade de produção. Com a colheita intensificada nas regiões produtoras do sul do país e a demanda ainda reprimida, as cotações da maçã seguiram pressionadas.
Cenoura – Os preços mantiveram pressionados no mês de abril em função da demanda bastante limitada pela pandemia de Covid-19, dificuldade de escoamento da produção do Triangulo Mineiro, pela demanda menor, e a maior oferta da safra de verão, principalmente, na região de Cristalina-GO.
Batata-inglesa – Mesmo com a redução da oferta da safra das águas, o tempo firme permitiu a colheita
plena da batata do Sul de Minas, mas a demanda ainda restrita e a qualidade e calibres inferiores, desta
região, têm afetado os preços do tubérculo no mercado, sendo os responsáveis pelo recuo de preço
vivenciado no mês de abril.
Mamão – Mesmo com a sinalização de aumento gradual da oferta no mês de abril no Rio Grande do Norte, Ceará, Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo, as restrições ao comércio e, por consequência, a menor demanda foram os principais fatores de redução de preço.
Banana-prata – Apesar da oferta ainda restrita, a maior oferta da nanica – que oferece concorrência à prata - e demanda limitada afetou os preços da banana-prata, principalmente nas regiões sul e sudeste do país.