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Veja o passo a passo de como usar EPIs nas atividades agrícolas
EPI

Uso correto de EPIs durante aplicação de agroquímicos previne riscos e traz tranquilidade para empregadores e trabalhadores rurais

18 de dezembro 2020

Por: Comunicação Social – Sistema FAEP/SENAR-PR

A FOTO DESTA MATÉRIA FOI FEITA ANTES DO INÍCIO DA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS

Os produtos agroquímicos são ferramentas, muitas vezes, indispensáveis na atividade agrícola. Para que seu uso não traga consequências para a saúde dos usuários, é necessário atentar para as regras de segurança no manejo destes produtos, principalmente quanto ao uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).

Desde que estas tecnologias passaram a fazer parte do dia a dia da produção rural, existe uma grande preocupação em orientar produtores e trabalhadores para a utilização destes equipamentos, bem como para a atenção a outras regras de segurança. Neste quesito, o SENAR-PR tem importante papel, uma vez que, há anos, o curso “Aplicação de Agroquímicos” é o mais requisitado entre as capacitações da entidade.

Porém, uma vez cumprido este requisito de segurança (a utilização do EPI), o risco da utilização destes produtos não é maior do que o risco que existe ao consumir um medicamento ou dirigir um automóvel, por exemplo. “É um agente químico? Sim. É perigoso? É. Assim como é perigoso o consumo de bebida alcóolica, como é perigoso manipular combustível ou tecnologia automotiva, que mais mata hoje em dia. Se a pessoa toma muito remédio [que mais intoxica hoje no Brasil] também terá problema. Então, se utilizar corretamente [o produto agroquímico], o risco de um efeito agudo a curto prazo, ou crônico a longo prazo, é praticamente inexistente”, afirma o professor Angelo Zanaga Trapé, médico toxicologista com mais de 40 anos de atuação nesta área.

Ao longo destas quatro décadas que andou pelos quatro cantos do país, Trapé não encontrou efeitos crônicos por exposição ou intoxicação aguda ocupacional [aquelas que ocorrem durante o trabalho] pelo uso desses produtos. “As intoxicações ocupacionais no Brasil têm caído drasticamente, por uma série de fatores, como, por exemplo, comunicação maior, acesso à informação, trabalho das empresas, das secretarias e das universidades no sentido de orientar os agricultores a utilizar o EPI e outras tecnologias adequadamente”.

De acordo com Trapé, as intoxicações por defensivos químicos não estão relacionadas com o trabalho na terra. “Dos óbitos que são registrados, 99% são de origem intencional, ou seja, tentativa de suicídio ou de homicídio. O óbito ocorre quando o indivíduo ingere um produto destes, que não é feito para ser ingerido obviamente”, observa.

Regras de segurança

Para que o uso desta tecnologia ocorra de forma segura, é indispensável que as regras de segurança sejam observadas. Neste contexto, uma contribuição importante veio por meio da Norma Regulamentadora (NR) 31, que tem como objetivo estabelecer os preceitos de segurança no ambiente de trabalho.

A normativa estabelece, dentre outros pontos, que é de responsabilidade do empregador fornecer gratuitamente os EPIs aos seus empregados e exigir que os mesmos utilizem o equipamento de proteção. Na visão de Trapé, houve um avanço significativo nas tecnologias utilizadas na confecção destes equipamentos de segurança. “Os EPIs hoje estão muito mais confortáveis e sua utilização impede a absorção e qualquer produto. O uso do EPI veda a principal via de absorção desses produtos, a via dérmica. 95% da absorção são pela pele”, afirma.

“A NR 31 foi fundamental para melhoria desta condição. Não temos um quadro perfeito. Ainda encontramos gente que não usa o EPI, mas estes casos devem ser avaliados”, afirma o professor Marco Antônio Gandolfo, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp). Na sua opinião, mesmo que ainda exista uma parcela que resiste à utilização dos EPIs, a imensa maioria dos agentes da agricultura utiliza. “Se fosse para arriscar um chute, diria que mais de 80% dos aplicadores usam, considerando os equipamentos que não são fechados”, diz.

Segundo Gandolfo, é preciso estabelecer uma distinção entre diferentes níveis de exposição. “Quando você tem equipamentos [de aplicação de agroquímicos] autopropelidos e tratorizados com cabine fechada e pressurizada, não é necessário o uso de EPI. Já quem prepara a calda corre um alto risco, pois manipula um produto concentrado. É fundamental que esse indivíduo use EPI”, observa.

“Temos que considerar níveis diferentes de risco. Se eu disser que 100% das pessoas que operam máquinas com cabine fechada não usam EPI isso está errado? Não. Porém se eu disser que 50% daqueles que manipulam a calda não usam EPI, é um número muito alto”, compara.

Gandolfo observa três entraves principais na utilização dos EPIs na atividade rural. O primeiro problema é a aquisição do equipamento. “Trata-se de uma questão cultural. O agricultor, principalmente os mais antigos, não entende a necessidade daquilo, não acredita no perigo dos agroquímicos, então não compra”, aponta. O segundo é a não utilização. “O sujeito compra, mas não usa, pois pensa ‘vou fazer uma atividade simples, não precisa’”, acrescenta Gandolfo. O terceiro problema é a limpeza do EPI.

Limpeza do EPI

Neste último caso, alguns cuidados devem ser observados. O primeiro é lavar o EPI individualmente, sem nenhuma outra peça de roupa junto. Outro ponto que merece atenção é passar o EPI com ferro quente após a lavagem. “A superfície do EPI é hidro-repelente. Após a limpeza com sabão, a função hidro- -repelente se recupera com a passada de ferro quente”, ensina.

Apesar de ainda ser necessário vencer algumas questões culturais para que o uso de EPIs chegue a 100% dos casos, Gandolfo observa uma melhoria geral no uso destes equipamentos.

“Quando nos deparamos com funcionários da propriedade e operadores profissionalizados, vemos que seguem à risca (as regras para o uso correto de EPIs), pois sabem que se acontecer algo, vai ter multa da justiça do trabalho. Percebemos nas grandes propriedades que isso está resolvido. O proprietário fiscaliza, pois se acontecer alguma coisa a propriedade terá uma consequência catastrófica. Em função dos problemas trabalhistas, as duas partes (empregador e empregado) respeitam muito”, avalia.

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