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Resgate cultural e conhecimento compartilhado
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Úrsula Adair Depetris foi pioneira, levando ao SENAR-SP as primeiras orientações na aplicação de cursos de Artesanato Rural que, hoje, é um sucesso e conta com vários instrutores em todo o Estado.

12 de julho 2022

Por: SENAR-SP

Fonte: Comunicação do Sistema FAESP/SENAR-SP

Os projetos oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-SP) são reconhecidos e elogiados por milhares de alunos em todo o Estado de São Paulo. Por trás deles há toda uma estrutura, com conteúdos, metodologia e materiais didáticos acessíveis que facilitam a aprendizagem dos alunos, e com profissionais capacitados, os instrutores, que alcançam os mais diferentes públicos, em inúmeras modalidades de cursos. O que muita gente não sabe é que também existe um intercâmbio de conhecimentos constante entre os técnicos do SENAR-SP e os instrutores que aplicam os cursos para os alunos, o que dá riqueza aos trabalhos, adequando-os às realidades rurais.

Eles estão em todos as localidades, nos municípios mais distantes dos grandes centros. Percorrem distâncias, se “multiplicam” para atender uma intensa agenda de projetos. Mas não é só isso que torna esses profissionais especiais, e sim o valor dos conhecimentos que agregam à construção de conteúdo pelos técnicos, pois todos eles são especialistas nas áreas em que atuam. E não é raro que eles próprios tragam para o SENAR-SP a base do conhecimento que irá se transformar em um novo curso.

Este é o caso de Úrsula Adair Depetris, instrutora de diversos cursos de Artesanato Rural na região de Apiaí. É o que relata Claudete Morandi, chefe da Promoção Social do SENAR-SP. “Quando iniciamos as atividades técnicas em São Paulo desconhecíamos o que vinha a ser o ‘artesanato rural’. E foi ela, a querida e admirada artesã de Apiaí, quem nos ensinou. Com toda a sua expertise trouxe-nos o conceito, as características, a cultura que permeia o artesanato rural. A partir daí abriram-se as possibilidades de criação de diversos cursos nesta área, o que possibilita ao público da área rural o resgate cultural, a confecção dos artefatos utilitários e decorativos para uso nas propriedades e para a geração de renda extra. Além de contribuir para a economia circular cujos pilares são: Inovar, Renovar, Reutilizar e Reciclar”, lembra Morandi.

Artesanato Rural: resgate de tradições familiares

O artesanato rural é uma arte em constante transformação, que remete à memória ancestral no ato de transformar materiais em peças únicas e com identidade regional. A produção permite o fortalecimento da identidade cultural, conhecimento de suas origens e sensação de pertencimento àquela localidade, o que torna possível manter a família unida na região, conhecendo e preservando suas raízes, além de permitir renda extra aos produtores e aos trabalhadores rurais e familiares. Dependendo da área rural, há maior ou menor diversidade de materiais, como argila, lã, sementes, madeira, fibras, couro e outros. São aproveitados os subprodutos da agricultura e da pecuária para a confecção de artefatos, respeitando-se as questões ambientais.

A proposta vai ao encontro de um dos principais valores agregados aos cursos do SENAR-SP, que é trazer à tona os valores e tradições do homem do campo. Em um Estado que mistura diferentes povos, oriundos de vários países, formou-se ao longo de décadas um caldo cultural inigualável, que precisa ser preservado e transmitido às novas gerações.

Descendente de italianos que se instalaram na região de Apiaí, Úrsula Adair Depetris, se tornou uma referência na história do artesanato e da cultura do município. Como em muitas famílias de imigrantes, também na sua, as mulheres aprendiam a costurar, bordar, pintar e cozinhar, até mesmo para garantir a subsistência de todos. A jovem Úrsula não fugiu à regra, aprendeu com a avó, com as tias e com a mãe as artes que vinham sendo transmitidas umas às outras por gerações. Fazia delicados bordados e até mesmo suas próprias bonecas, durante uma infância humilde, mas cheia de alegrias.

Na adolescência, passou a ajudar o pai no armazém e a mãe a cuidar dos serviços de casa. Casou-se muito jovem, aos 16 anos, tornou-se mãe e também trabalhou no Hotel Apiaí, na prefeitura e na Casa do Artesão, mas jamais deixou de fazer arte. E assim começou ela mesma a passar adiante tudo o que aprendeu. Deu aulas de artesanato na região e foi reconhecida de tal modo que recebeu homenagem do governador Mário Covas no Dia Internacional da Mulher pelo seu trabalho de artesã. Além de organizar várias atividades culturais para diferentes públicos, ela se tornou presidente da Casa dos Artesãos, que reúne artistas do Alto Vale do Ribeira.

E lá se vão mais de 25 anos desde que a equipe da Promoção Social do SENAR-SP desenvolveu o Concurso de Presépios, com a inigualável orientação técnica e colaboração da Úrsula Adair Depetris, reunindo e premiando os melhores trabalhos do Estado de São Paulo. “Dona Úrsula foi a nossa primeira instrutora da área de artesanato a que temos a honra de compartilhar todos esses anos de trabalho e os avanços. Rendemos a ela, neste momento, nossa homenagem e aproveitamos para agradecer por seu empenho, dedicação, profissionalismo e, acima de tudo, seu espírito humanitário. Uma pessoa ímpar, com o olhar para o social em toda a sua trajetória. Seu legado é deixado em nossas memórias, ações e gestos. Muito obrigada e parabéns pelo significado que nos deu sobre esta atividade que se tornou um dos destaques do SENAR-SP e de reconhecida significância no meio rural, que vem mudando vidas e valorizando a arte rural”, declara a chefe de Promoção Social.

Para outras informações acesse o Portal FAESP/SENAR-SP

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