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“O Brasil do futuro continua sendo o Brasil do agro”
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Novo presidente do IPA, Nilson Leitão, diz que país deve aproveitar o momento político e desburocratizar licenciamentos ambientais e regularização fundiária

2 de março 2021

Por: Comunicação Social – Sistema FAEP/SENAR-PR

Recém-eleito presidente do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), Nilson Leitão tem ampla experiência política e proximidade com o setor rural. No Mato Grosso, foi vereador e prefeito de Sinop e deputado estadual. Por oito anos, entre 2011 e 2019, foi deputado federal, onde desempenhou um papel fundamental junto ao agronegócio, integrando a bancada ruralista e se tornando líder da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

Como presidente do IPA, que representa 46 entidades do agro, Leitão tem como papel justamente subsidiar a FPA com estudos e informações técnicas, para que os parlamentares possam enriquecer sua argumentação e ajudar na sensibilização dos colegas, agilizando, assim, a aprovação de pautas importantes ao setor. Ele tem dois temas prioritários para este ano: a regularização fundiária e o licenciamento ambiental. Veja a entrevista exclusiva ao Boletim Informativo do Sistema FAEP/SENAR-PR.

BI: Qual a dinâmica que o senhor pretende imprimir à frente do IPA?

Nilson Leitão: O IPA é um instituto relativamente novo, fundado em 2011, com intuito de dar retaguarda técnica ao Congresso Nacional, à FPA, para defender os temas do agro no Congresso, haja visto que o Brasil é um país que tem economia rural, mas com população majoritariamente urbana. A grande maioria dos congressistas é eleita pela área urbana e não tem conhecimento das demandas, das peculiaridades do agro. O instituto foi criado para dar informação técnica qualificada, para dar suporte ao Congresso nas nossas demandas, para acelerar o que precisa ser aprovado e desburocratizar o nosso setor. O meu papel como presidente é dar celeridade a esse processo, sempre com informações confiáveis e técnicas.

Quais são as demandas que o senhor considera mais urgentes?

São inúmeras demandas e obstáculos que temos que sobrepor, como o licenciamento ambiental, que está engavetado. O Brasil não pode continuar com essa burocracia, não só na hora de produzir, mas de resolver a nossa logística. Temos rodovias federais que estão há 20 anos com orçamento aprovado e que não se libera o licenciamento ambiental. A maioria da nossa estrutura logística está amarrada nessa burocracia ambiental.

Outra pauta é a regularização fundiária, algo básico. É impossível se discutir qualquer melhoria se você não tem o documento da terra. São temas em que é preciso argumentar com qualidade, com informação técnica, para que possamos convencer o Congresso e a opinião pública das nossas demandas.

Na política externa, começamos 2021 com uma grande novidade nos EUA, que é a saída de Donald Trump e a eleição de Joe Biden. Como essa mudança afeta o agro brasileiro?

É momento de o agro brasileiro não enxergar isso como problema, mas como oportunidade. Temos o maior ativo do mundo e precisamos transformar isso em oportunidade, em riqueza, e não ficar na defensiva. É uma boa oportunidade para o produtor brasileiro, quem mais preserva no mundo. Biden vai nos dar essa oportunidade por sua ideologia de preservar tudo ou quase tudo. É importante o Brasil ter uma boa comunicação externa em relação a isso e dizer: ja somos o país com a legislação mais rígida e que mais preserva. Agora, precisamos do mundo e, principalmente, dos EUA para manter esse ativo vivo. É um momento rico para debater isso com o mundo de forma positiva e propositiva.

Internamente, a política também está de cara nova, com Arthur Lira na presidência da Câmara e Rodrigo Pacheco no Senado. Como o senhor vê essa nova configuração?

Não tenho dúvidas de que o presidente Jair Bolsonaro saiu vitorioso das eleições no Congresso. Mas o agro tem que se beneficiar disso, para que suas pautas sejam resolvidas. Temas indígenas, fundiários, ambientais e de crédito rural precisam ser resolvidos, aproveitando esse embalo dos novos presidentes. Bolsonaro reclamava que as coisas não andavam por causa do Rodrigo Maia [ex-presidente da Câmara]. Agora, o Lira tem essa dívida moral com Bolsonaro. Tem que haver essa pauta em comum. Cabe a nós fazermos uma cobrança sabia e muito clara.

Temos mais dois anos do atual mandato pela frente. O senhor acha que dá tempo de fazer essas mudanças?

Tem que ser tudo em 2021. Regularizações fundiária e ambiental são prioridades. Se fizermos essas duas, já destrava muito o setor. São temas imprescindíveis. Na sequência, é claro, vamos lidando com outros, como a questão dos agrotóxicos e de crédito rural, de forma concomitante. Temos espaço para consolidarmos muitas vitórias ainda neste mandato.

Como ex-parlamentar, a experiência do senhor pode contribuir com esse relacionamento com o Congresso?

O protagonista sempre vai ser a FPA. Mas é claro que minha experiência de ter vivido na Câmara por sete anos como líder, de ter sido presidente da PFA, líder da oposição e partidário ajuda a compreender a linguagem do Congresso. Facilita muito nesse diálogo, que deve ser permanente.

Então as perspectivas são boas?

São maravilhosas, mas temos que fazer acontecer. Não podemos ficar comemorando o futuro. Temos que fazer o futuro acontecer. As palavras de ordem são trabalho, convencimento e argumentação técnica de qualidade. O Brasil do futuro continua sendo o Brasil do agro. O que precisamos fazer é que o outro lado do balcão, que é a área pública, entenda e desburocratize. Não significa liberar geral, significa ter leis claras e permanentes, que não mudem conforme os ventos de quem entre. Precisamos de segurança jurídica e direito à propriedade.

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