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Empreendedorismo da cidade ao campo
Ex-dona de confecção de sucesso se muda para fazenda para acompanhar o marido e transforma propriedade em uma empresa rural promissora na área de gado de corte
Empreendedora determinada, aos 70 anos, Carmélia Lúcia Noronha está à frente da Fazenda Ilha Bela, que fica a 60 quilômetros da cidade de Goiás, transformada por ela nos últimos cinco anos em uma empresa rural. “Eu analiso bem tudo que me proponho a fazer e se vejo que tenho possibilidade, quero fazer direito”, conta.
Antes de se tornar pecuarista de corte, ao se casar, Camélia mudou de Itapirapuã para Goiânia. Na capital, nos anos 80, montou uma confecção de jeans, com fabricação de 25 mil peças por mês. O negócio foi um sucesso. Até que em 1996, o esposo, Deize Rodrigues Noronha, decidiu que gostaria de voltar a viver no interior. Eles venderam a empresa e começaram a comprar as terras de uma família da região. Adquiriram 200 alqueires e começaram a trabalhar nela. Cada um tinha uma atividade preferida.
“Meu marido gostava de gado de leite e eu de gado de corte. Assim, a gente se dividia. Ele sempre foi conservador com os métodos de inovação. Eu já gostava de coisas que agregassem. Até que em 2018, ele infelizmente veio a óbito e eu fiquei sozinha com a fazenda. Muita gente achava que eu iria vender e acabar com tudo. Mas foi justamente o contrário. Eu decidi que iria modernizar as formas de trabalho e focar na produção que eu sempre gostei: o gado de corte com foco na venda de bezerros”, destaca.
Para ajudar nessa reformulação da propriedade, a pecuarista contou com a ajuda do Senar Goiás. “O Ítalo, que é técnico de campo da instituição, foi até a minha propriedade e explicou como funcionava a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG). Eu aceitei. Logo ele coletou amostra do solo e levou para análise. Me indicou colocar calcário e adubo nas minhas pastagens. Eu confiei. Vendi um lote que eu tinha em Itapirapuã e consegui fazer a calagem em 50 alqueires. Deu muito certo. A diferença do capim que foi tratada é muito grande. Nós também fizemos piquetes, plantei capim diferente como o Mombaça. Consegui levar água em todas as pastagens com minha represa, poços artesianos e usando bombas com energia solar”, detalha.
Ítalo Machado começou o atendimento na propriedade em um momento de transição. "O rebanho estava desorganizado com relação ao número de matrizes. Os índices de reprodução e índices de desmama estavam baixos. Então vendemos as matrizes mais velhas, trocamos os touros por animais mais jovens e de melhor genética. Com isso, os resultados da fazenda foram aparecendo, aumentando a lotação, melhorando o rebanho. Um ponto crucial que trabalhamos como prioridade foi a reforma das pastagens. Lá havia pastos extensos e muito degradados. Fizemos ainda uma área de piquete rotacionado, que a gente chega a trabalhar nas águas até com 4.5 unidade animal de 450 quilos por hectare. O objetivo nosso e para esse próximo período de chuva é reformar mais um outro pasto. Atualmente os bezerros estão sendo vendidos com sete meses. Para esse bom desenvolvimento, fizemos casinhas de suplementação nas pastagens”, detalha Ítalo.
A propriedade está na terceira etapa da ATeG, que começou em 2018. Atualmente, a produtora conta com mais de mil reses e está orgulhosa do trabalho. “Minha fazenda se transformou em uma empresa rural. É tida por muitos da região como exemplo de organização. Meus animais são todos registrados, de ótima qualidade. Infelizmente os atuais preços de mercado não estão mais rentáveis para o pecuarista como há dois anos. Então estou priorizando a qualidade ao invés da expansão. E assim vamos trabalhando de acordo com o planejamento feito pelo técnico do Senar, para que tenhamos custo de produção e lucro todos muito bem claros”, afirma Carmélia.
Ítalo considera a produtora assistida uma referência. “Os filhos dela trabalham em outras áreas na cidade. Tudo que é implantado e desenvolvido na propriedade é por decisão dela. A dona Carmélia é uma mulher inovadora e usa seu potencial empreendedor com a mente aberta às novas tendências, escuta e segue as orientações com vontade de ver os resultados e felizmente estamos vendo muitos resultados positivos”, elogia.
O acompanhamento do Senar Goiás, por meio da ATeG, é oferecido de graça aos produtores rurais e pode ser solicitado nos Sindicatos Rurais.
Comunicação Sistema Faeg/Senar