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Assistência técnica do SENAR-MT leva mudanças para sítio em Pontes e Lacerda
Com o SENAR Tec Leite a produção passou de dois para seis litros de leite por animal
É escuro e o relógio ainda não marca quatro horas da manhã, mas Deocleciano Francisco Feliciano, que já comemorou 70 aniversários, e o filho Marcosoney Feliciano Souza já estão na sala de ordenha. Há 18 meses, o processo era feito manualmente e a produção não passava de dois litros de leite por vaca. Com o ingresso da família no programa SENAR Tec Leite e a implantação da ordenha mecânica, esse número chegou a seis litros por vaca, ou seja, houve um aumento de mais de 130% na produção de leite por animal em lactação.
Nesses 18 meses muitas mudanças aconteceram no Sitio Boa Esperança. Desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (SENAR-MT), O SENAR Tec Leite leva assistência técnica e gerencial para cerca de 120 produtores na região de Pontes e Lacerda, oeste do Estado. Os cinco técnicos envolvidos no programa fazem visitas mensais aos produtores, orientando, fazendo anotações e ajudando a analisar e tomar decisões sobre as ações realizadas dentro da propriedade.
No sitio Boa Esperança quem acompanha a família Feliciano é a zootecnista e técnica do SENAR Tec Leite, Leticia Carvalho. Mensalmente ela se reúne com Marcosoney para, juntos, analisarem as anotações e alinharem as ações para os próximos 30 dias. Além da melhoria na higiene da sala de ordenha, parte do pasto está passando por uma reforma e a capineira também já está pronta, o que vai garantir a alimentação dos animais para o período da seca.
Marcosoney conta que, após a ordenha, tudo, especialmente o transferidor, é lavado com água quente e com um detergente adequado para os equipamentos utilizados na bovinocultura de leite. A assistência técnica do SENAR-MT também orientou algumas mudanças na linha de ordenha, colocando primeiro as vacas saudáveis e, por último, as que apresentam sinais de mastite.
Com estas pequenas mudanças houve uma melhoria muito grande na qualidade do leite. “Tanto que passamos a receber R$ 0,06 a mais por litro de leite em função da melhoria de qualidade”, conta Marcosoney. “Além disso, também estamos melhorando o rebanho por meio de inseminação artificial. Temos 47 novilhas inseminadas”, complementa o produtor.
O rebanho do sitio Boa Esperança é composto atualmente por 260 animais. Além das 47 novilhas que já estão inseminadas, tem ainda 52 vacas em lactação, 24 “secas”, 14 animais destinadas ao descarte, 28 bezerras e mais 24 bezerros em aleitamento.
Em 2015 o fogo queimou boa parte do pasto do sitio Boa Esperança e a família Feliciano perdeu 16 animais. Foi um ano de muito prejuízo, mesmo assim, não deixaram de ajudar os vizinhos que também sofreram com o fogo. Recuperação das pastagens, divisão de pasto e implantação da rotação dos animais nas pastagens também foram sugestões levadas pelo SENAR Tec Leite para a propriedade Boa Esperança.
Na mão de obra feita apenas pela família também houve uma melhoria de 130% na qualificação dos serviços realizados. Isso significa que Deocleciano e Marcosoney passaram por treinamentos do SENAR-MT, o que contribuiu muito para as mudanças feitas na propriedade e a melhoria na qualidade do leite.
A história da família faz qualquer um se emocionar. Professor de matemática, concursado pelo Estado de Mato Grosso, Marcosoney começou a observar que a propriedade poderia dar mais dinheiro que as aulas. Deixou a escola e junto com o pai Deocleciano, que herdou o gosto pela bovinocultura de leite do pai - o avô de Marcosoney -, começou a investir nas melhorias da propriedade.
A família toda acaba envolvida no trabalho do dia a dia. Com apenas três anos, Davi de Freitas Feliciano, junto com o irmão Lucas Vitor de Freitas Feliciano, de 12 anos, participam das atividades da propriedade. Vestido de calça jeans comprida, camisa xadrez de manga comprida e botina, Davi está sempre com o pai Marcosoney. Tem todas as respostas na “ponta da língua” e sabe quase tudo sobre a atividade leiteira. Assim, com seu jeito de criança, conta muitas histórias que ouviu do pai, que ouviu do avô, que ouviu do bisavô.
Só não vai para a sala de ordenha todos os dias porque a mãe, Marcia Feliciano de Souza, não deixa. E é ela que dá o suporte para os trabalhadores fazendo a comida e cuidando dos trabalhos rotineiros diários como a criação doméstica de galinhas e outros pequenos animais. Ela conta que trabalho é o que não falta. Além disso, é Márcia que acompanha mais de perto a educação dos meninos. É de encher os olhos a união da família, a educação das crianças e o amor que une todos à atividade da bovinocultura de leite.
Mato Grosso é o oitavo produtor nacional de leite, com uma produção anual de 618 milhões litros, o que representa 3% da produção brasileira. Apesar disso, nos últimos 10 anos a produção de leite cresceu 154,29%. Mesmo com as dificuldades, a cadeia produtiva está em expansão no Estado. Em Mato Grosso, a região oeste, onde está localizada Pontes e Lacerda, é responsável por 43% da produção, ou seja, 264.914 milhões de litros/ano.
Dados do Instituo Mato-grossense de Pesquisa Agropecuária (Imea) apontam que 84% das propriedades produtoras de leite contam com mão de obra familiar. A média da produção é de 5,9 litros por dia e apenas 2,9% contam com assistência técnica. Deste total, 2,6% recebem orientação dos laticínios e 0,3%, assistência técnica do setor público. “É uma cadeia produtiva formada por pequenos produtores e muito carente de assistência técnica”, enfatiza o superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (SENAR-MT), Otávio Celidonio.
O SENAR Tec Leite tem 18 meses e já conquistou muitas mudanças nas propriedades que produzem leite na região de Pontes e Lacerda. Um dos objetivos do programa é transformar o negócio em algo empresarial. “Sabemos que a maioria dos produtores de leite está inserida na agricultura familiar e não tem acesso à assistência técnica. O trabalho consiste em orientação, levantamento de informações e, a partir disso, planejamento da produção. Assim, é possível transformar a produção em um negócio lucrativo e sustentável”, destaca.
Assessoria de Comunicação do SENAR-MT
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