União Europeia e EUA importam 2/3 dos cafés em nível mundial
Por: Embrapa
A União Europeia e Estados Unidos têm adquirido em média 2/3 dos cafés verdes exportados em nível mundial. No ano de 2015, os quatro maiores exportadores de café verde foram Brasil, Vietnã, Colômbia e Indonésia. No continente asiático, os principais importadores foram Japão, Filipinas, China, Coreia do Sul e Malásia. Esses e outros destaques, como o sequenciamento do genoma do café arábica feito pela Universidade da Califórnia, em Davis – EUA, e ainda que houve infestação da broca-do-café no Havaí, fazem parte do Relatório do Bureau de Inteligência Competitiva do Café, o qual analisou, dentre vários assuntos pertinentes a cafeicultura, dados de exportação do Brasil e de seus principais competidores no período de 2006 a 2015.
Com relação às importações de café pelos principais compradores da Ásia, o Bureau destaca que no período citado, as compras totais dos cinco países asiáticos mencionados anteriormente tiveram incremento de 27,95%. Contudo, o Japão importou mais da metade de todo o café desse grupo de países em 2015, mas seu crescimento em relação especificamente a 2006 foi de apenas 3,27%. Dessa forma, em termos de crescimento, os destaques da importação de cafés ficaram para China e Malásia, com aumentos de 217,81% e 139,90%, respectivamente. Filipinas e Coreia do Sul também apresentaram crescimento expressivo, próximo de 60%.
Com relação ao Vietnã, segundo maior produtor mundial, principalmente de café robusta, em termos de crescimento percentual, as exportações para os cinco países analisados aumentaram 54,79%. O Brasil, maior produtor mundial, aparece em seguida com 24,84% de incremento; a Colômbia, depois, com 13,28% de aumento; e a seguir vem a Indonésia, com redução nas exportações de 5,54%. De acordo com o Relatório do Bureau de Inteligência Competitiva do Café (Vol. 6/Nº 01/28-2-17), que está disponível na íntegra no Observatório do Café do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, esses dados demostram de forma cabal que o Vietnã se beneficiou da proximidade geográfica, por também se encontrar na Ásia, e da grande demanda por café robusta, que é o mais utilizado pela indústria nesse continente.
Entretanto, conforme indica o Relatório, o desempenho do Brasil pode ser considerado satisfatório, pois as exportações brasileiras de café aumentaram quase na mesma proporção do aumento das importações do grupo asiático analisado. Isso indica que o café brasileiro não perdeu mercado, embora a maior parte das exportações nacionais continua sendo direcionada para a Europa e Estados Unidos. Assim, o Bureau alerta que é importante o País consolidar e abrir mais mercado na Ásia, região na qual as estimativas indicam que ocorrerá grande parte do aumento da demanda mundial por café nas próximas décadas.
Genoma do Café
O Relatório do Bureau também destaca que pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Davis – EUA, divulgaram a primeira sequência pública do genoma de Coffea arabica, a qual está postada no site do ‘Phytozome.net’, um banco de dados público sobre o genoma de plantas. Com esse sequenciamento, segundo o Bureau, essa espécie de café, que é a mais cultivada no mundo, poderá ter novas variedades com melhores características de adaptabilidade e qualidade.
Transcrevendo a fala de um dos geneticistas responsáveis por esse projeto - Juan Medrano, da Faculdade de Ciências Agrícolas e Ambientas dessa Universidade -, o Bureau salienta: “Esta nova sequência genômica para C. arabica contém informações cruciais para o desenvolvimento de variedades de café de alta qualidade, resistentes a doenças e que podem se adaptar às mudanças climáticas, esperadas como ameaça para a produção global de café nos próximos 30 anos”. Para esse cientista, os cafeicultores do mundo todo enfrentam ameaças constantes, como doenças e variações climáticas que prejudicam a produção e plantas mais resistentes podem mitigar essses danos. Além disso, conforme o Relatório, tal sequenciamento poderá ainda permitir identificar novas fórmulas e matérias-primas para a criação de bebidas de café com maior valor agregado.
Boca-do-café no Havaí
Outro destaque do Relatório do Bureau (Vol. 6/Nº 01/28-2-2017) é que está havendo infestação da broca-do-café (Hypothenemus hampei) no Havaí, EUA, pequeno estado produtor com cerca de 950 propriedades cafeeiras. Segundo o Relatório, a primeira infestação dessa praga ocorreu em 2010 e causou prejuízos aos cafeicultores havaianos. E que a atual infestação foi detectada pelas autoridades locais em novembro de 2016. Contudo, medidas fitossanitárias já foram adotadas, como a quarentena, que passou a ser exigida no transporte dos grãos, plantas ou partes dessas, assim como dos sacos de armazenagem de café, além de outras complementares para mitigar o problema, que está sendo difícil de ser controlado. Por fim, o Bureau informa que o College of Tropical Agriculture and Human Resources, do Havaí, juntamente com os órgãos estaduais e federais, realizará Workshops sobre a broca-do-café com o intuito de minimizar a proliferação dessa praga nas suas lavouras cafeeiras.
Leia na íntegra o Relatório do Bureau de Inteligência Competitiva do Café (Vol. 6/Nº 01/28-2-17), da UFLA:
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