Realidade da Nova Zelândia na produção de leite pode ser aplicada com sucesso no Brasil
Técnicos do SENAR conheceram fazenda de um produtor neozelandês no interior de Goiás
A qualidade e a eficiência do modelo de produção de leite da Nova Zelândia já é uma realidade no Brasil. Um grupo de técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) pode comprovar isso nesta quarta-feira (13/7), durante um dia de campo realizado na Fazenda Kiwi, no município de Silvânia (GO), a 200 quilômetros de Brasília. A atividade fez parte da programação do workshop “A produtividade da pecuária: a experiência da Nova Zelândia na qualidade do leite”, um evento realizado pelo Sistema CNA/SENAR em parceria com a embaixada da Nova Zelândia.
A propriedade pertence a um grupo de produtores rurais neozelandeses e investidores brasileiros e, juntamente com outra fazenda da empresa, localizada em Gameleira de Goiás, chega a produzir uma média de 27 mil litros de leite por dia. As duas propriedades contam com, aproximadamente, 4.000 animais em uma área de quase 400 hectares. A base do rebanho é gado comercial inseminado com a genética das raças Holandesa e Jérsey. A meta é padronizar o rebanho como “Jersolando” nos próximos anos.
“Eles mostram a possibilidade e a efetividade de se aplicar essas tecnologias aqui, de forma simples, eficiente e acessível aos produtores brasileiros. Essa visita permite que nós, enquanto gestores do Sistema, possamos levar para os estados e para os produtores essa experiência e mostrar para todos a possibilidade de ampliar o uso das tecnologias que estamos conhecendo aqui. O Brasil tem condições de se tornar um país de produção de leite bastante significativa, muito além do que nós já fazemos hoje”, declara o coordenador de Formação Profissional Rural do SENAR Minas, Luiz Ronilson Araújo Paiva.
A experiência proporcionou uma verdadeira aula para o grupo sobre como funciona o modelo da Nova Zelândia para produzir leite a pasto. Guiados pelo casal de proprietários e administradores das fazendas – Owen Williams e Beatriz Reis -, os técnicos do SENAR visitaram a área de pastagens com pivôs de irrigação, tiveram contato com os animais, conheceram como é feita a divisão dos piquetes rotacionados com cercas elétricas móveis e a preparação da silagem, além de visitarem a área de criação de bezerras e de ordenha. Um dos pontos que mais chamou a atenção dos visitantes foi a rentabilidade alcançada com simplicidade.
“Quando a gente vê o interesse de um neozelandês em vir produzir no Brasil e que demonstra ganhos superiores aos que tem no seu país isso, para nós, mostra que nós temos o grande desafio de levar informação e tecnologia para que os nossos produtores possam compartilhar desses mesmos ganhos”, destaca o coordenador nacional de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do SENAR, Matheus Ferreira.
As vantagens são confirmadas por Owen Williams. Natural da Nova Zelândia e com vasta experiência em pecuária de leite, ele afirma que a região de Goiás onde estão localizadas as propriedades do grupo é uma das melhores do mundo para se conseguir produtividade e rentabilidade. Não é por acaso que a perspectiva é expandir o projeto. A meta é produzir 45 mil litros de leite por dia nas duas fazendas até 2018 e alcançar a marca de 80 mil litros em 2025.
“Eu viajo por todo o mundo - Estados Unidos, Europa, Austrália, Nova Zelândia e África - e não vejo uma região melhor do que esta região produzindo leite com lucratividade. O clima aqui é fantástico, muito bom para o gado, com bastante água e excelentes solos para produzir leite a pasto com suplementos. Não tem nenhuma região no mundo como o Cerrado do Brasil. A produtividade que nós temos nessas fazendas é quatro ou cinco vezes maior do que alcançamos nas nossas fazendas na Nova Zelândia”, garante.
Benefícios para o mundo
O representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Alan Bojanic, elogiou a iniciativa e disse que parcerias como essa podem aumentar a produção de leite e trazer benefícios para o mundo todo. “O mais importante desse evento é estarmos procurando uma forma de como podemos produzir mais alimentos. E é bom que o Brasil possa compartilhar com outros países da América Latina, da África, que possamos investir mais em outros países e fazer o que se está fazendo aqui: investimentos da Nova Zelândia no Brasil. É isso que a FAO promove: a cooperação entre países que tem uma tecnologia que funciona com outros países que ainda não têm desenvolvido isso, mas que pode dar certo. O importante é mapear essas práticas e promove-las para que, justamente, o mundo do futuro seja um mundo sem fome.”
A embaixadora da Nova Zelândia, Caroline Bilkey, destacou a importância da troca de conhecimentos entre produtores dos dois países. Para ela, a oportunidade foi “valiosa” para que os visitantes pudessem conhecer uma experiência de sucesso de aplicação da tecnologia neozelandesa na realidade do Brasil. “A Nova Zelândia é o maior exportador de leite no mundo, então os nossos produtores têm compromisso com a qualidade e com a eficiência. O Brasil tem recursos e um potencial imenso na produção de leite. Compartilhar experiências como essa será útil para os técnicos do SENAR”, acredita.
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