Produção orgânica aumenta rentabilidade dos participantes do programa Do Rural à Mesa
Visita de integração aproximou produtores atendidos pelo SENAR e estudantes de gastronomia do Senac
Em novembro do ano passado, o programa Do Rural à Mesa entrou numa nova fase e passou a atender também produtores de hortaliças orgânicas. Doze integrantes da Associação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar da Chapadinha (Astraf), de Sobradinho (DF), já estão fornecendo alimentos para os restaurantes do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), em Brasília, graças a parceria entre o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e o Senac.
Nesta quarta-feira (19/4), uma atividade de integração aproximou os principais atores envolvidos nessa cadeia: cozinheiros e produtores rurais. Um grupo de estudantes do Curso de Aperfeiçoamento em Cozinha do Senac visitou três associados da Astraf. Nas propriedades, eles conheceram o funcionamento de um sistema agroflorestal, como é feito o manejo de hortaliças orgânicas e também participaram de uma prática de plantio.
O técnico de campo da Assistência Técnica e Gerencial do SENAR (ATeG), responsável pelo Do Rural à Mesa, Thiago Campos, destaca a importância de aproximar os envolvidos no programa. Para ele, os cozinheiros têm a oportunidade de conhecer novos produtos enquanto os agricultores passam a entender melhor as exigências e tendências da cozinha. Atualmente, 10 itens são entregues para os estabelecimentos do Senac – berinjela, beterraba, batata-doce, repolho verde, repolho roxo, quiabo, limão, jiló, abóbora e cenoura -, mas a previsão é ampliar para 25 em breve.
“Além das hortaliças tradicionais, os estudantes experimentaram plantas alimentícias não convencionais (PANCs), como a capuchinha, caraduá e taioba. Isso aumenta a demanda para os produtores e faz eles elevarem o seu padrão de qualidade. Como consequência, ajudam a ampliar o programa, conseguem atender outros mercados e passam a receber mais. Por serem produtos orgânicos, em alguns casos eles recebem o dobro do valor em comparação com o convencional”, ressalta Campos.
A assessora técnica do Senac Gastronomia, Talita Lins, conta que o impacto das visitas é percebido claramente quando os alunos retornam para a cozinha e passam a manusear melhor os insumos e a evitar desperdícios. Ela considera a produção de orgânicos dentro do programa um novo nicho que trará benefícios para todos.
“É um ganho pela qualidade e pelo frescor dos produtos. A maioria dos nossos restaurantes está instalada no Congresso Nacional e somos muitos exigidos. O nosso padrão é elevado e isso acaba sendo um desafio para os produtores. Eles sabem que se conseguirem entregar para a gente também poderão vender os seus produtos em outros lugares e por um preço melhor”, analisa Talita.
“Passamos a ter mais respeito pelo que a gente compra e vai usar. Pretendo fazer uma “cozinha de reaproveitamento” no negócio que estou montando e agora tenho certeza que podemos aproveitar melhor os alimentos. Também conheci coisas novas e a diversidade de produtos que existe. Me sinto limitada usando sempre os mesmos ingredientes e, nessa visita, descobrimos novas possibilidades de surpreender”, garante a estudante de gastronomia Zaira Fernandes Souza.
Benefícios já são percebidos
Vizinhos, os três produtores da Astraf visitados pelo grupo possuem um modelo de produção orgânica semelhante: todos trabalham com sistemas agroflorestais em áreas de até dois hectares. Apesar de ainda estarem se adequando ao formato de entrega previsto pelo Do Rural à Mesa, eles já percebem os benefícios que o programa está trazendo para suas famílias. Os principais são o aumento da produção proporcionado pela Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do SENAR e a garantia de uma renda melhor com a venda direta para o Senac.
“Contratei um funcionário novo há duas semanas. A produção está aumentando e preciso atender o programa. O Thiago é muito presente aqui, porque lidar com orgânico não é tão fácil. Não é simplesmente usar um produto e resolveu. É preciso ir fazendo tentativas. Mesmo assim acho que é a melhor para mim e para meus clientes. Estou feliz de participar desse programa e poder mostrar a qualidade e o sabor dos nossos produtos, que são limpos e “zero” defensivos”, declara Ivone Ribeiro Machado.
“É melhor entregar para o Senac do que vender na feira. Através do programa, a gente vende uma quantidade maior e o dinheiro é garantido no final do mês. Agora, nós temos um comprador certo e isso está me ajudando a motivar os meus dois filhos a plantarem ainda mais. O Thiago é um grande incentivador também. Às vezes a gente não sabe fazer, mas ele incentiva e a gente dá conta. Não temos tempo para parar e pesquisar e ele faz isso por nós”, revela Maria do Carmo Pereira.
“Para mim é melhor do que vender na feira, pois geralmente volta produto demais. Com o Do Rural à Mesa é direto e sai mais produto. A gente planta já sabendo que vai ter comprador. A ATeG também é muito importante, pois falta conhecimento e acompanhamento no campo. Hoje, eu tenho um funcionário que me ajuda e ganha por produção. Quanto mais a gente puder entregar, melhor”, acredita Antônio Neto Alves dos Santos.
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Assessoria de Comunicação do SENAR
Fotos: Marcos Giesteira
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