O município de Linhares, no Espírito Santo, é modelo na produção de mamão no País
Brasília (27/06/2016) – Linhares, no norte do Espírito Santo, é conhecido como a capital nacional de exportação do mamão. Quem passa pelas estradas da região pode ver milhares de mamoeiros, muitos deles alternados com outras culturas, como café e eucalipto. A importância desta cultura para a cidade pode ser comprovada nos números. O município tem o segundo Produto Interno Bruto (PIB) do estado. Só a agropecuária local contribuiu, em 2015, com um PIB de R$ 238,8 milhões e 20% deste total vêm da cadeia produtiva da fruta.
Mas por trás de todo o status do mamão em Linhares, há um trabalho criterioso para que o município continue sendo destaque com a exportação da fruta. Para conferir de perto o que é feito para atender às exigências dos consumidores, integrantes da Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Fruticultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) visitaram duas unidades produtivas da região na semana passada.
Na primeira propriedade, pertencente à empresa UGBP ( Union of Growers of Brazilian Papaya Ltda ), a placa que certifica que aquela fazenda está apta para exportar fica na entrada do pomar. Nesta fazenda, o controle de doenças e pragas é rigoroso, exigência dos norte-americanos, que estão entre os principais consumidores do papaya brasileiro. “Se não tivermos esse cuidado, perdemos tudo muito rápido”, explica José Roberto Fontes, responsável técnico da propriedade.
A UGBP exporta boa parte de sua produção para os Estados Unidos, por isso todo o rigor na prevenção e combate a doenças e pragas, com práticas de manejo adequadas. Quando um pé é infestado, deve ser cortado para não contaminar toda a lavoura. Esta prática é conhecida como roguing. Todo cuidado é pouco para impedir a manifestação da meleira, do mosaico e de outras viroses que afetam os mamoeiros e provocam sintomas como manchas nas frutas e folhas e a falta de coagulação do látex que serve para proteger os mamoeiros.
Alguns quilômetros adiante, também em Linhares, fica uma unidade de packing house, pertencente à Frutmel, onde é feito o trabalho de industrialização do mamão produzido na propriedade da mesma empresa. No local, a fruta passa pelas etapas de lavagem, embalagem e resfriamento, de acordo com as exigências dos mercados consumidores. “Vendemos para a Europa, Estados Unidos e para o mercado interno e as caixas são separadas de acordo com o destino do mamão”, explica Rodrigo Pessotti, proprietário da unidade.
Desafios e problemas – O Brasil é o segundo maior produtor e exportador mundial de mamão, atrás de México e Índia, respectivamente. Entre os principais consumidores da fruta brasileira, estão Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e Portugal. A produção brasileira é de 1,5 milhão de toneladas, em uma área de 32 mil hectares, o que gera produtividade próxima de 50 toneladas por hectare. Além do Espírito Santo, destacam-se na atividade a Bahia, maior fornecedor nacional, e o Rio Grande do Norte. Apesar da importância da cultura para algumas regiões, como o norte capixaba e o sul baiano, alguns fatores ainda são entraves para um maior crescimento.
“Ainda há algumas barreiras comerciais e fitossanitárias para que o país exporte ainda mais o mamão”, ressalta o presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex), Rodrigo Martins. A questão da liberação e defensivos para as pequenas culturas, as minor crops, é outro entrave a ser resolvido. “Quem produz mamão e outras frutas tem esse problema. Porque posso aplicar em uma cultura e na cultura do lado não?”, questiona Ulisses Brambini, produtor de mamão no sul da Bahia.
Este ano, especificamente, a atividade enfrenta a estiagem prolongada e a falta de água, que inviabilizou a produção. “Foi um fator atípico, que não escolhe região ou cultura”, acrescenta Martins. “O déficit hídrico é uma questão que afetou todo o país e precisamos estar preparados para isso com técnicas que permitam o uso racional da água”, afirma o presidente da Abrafrutas, Luiz Roberto Barcelos.
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