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Expectativa de safra maior pressiona preços do milho
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25 de abril 2017
Por CNA

Por: Revista Globo Rural

As boas expectativas para a safrinha de milho vêm pressionando os preços em diversas regiões do Brasil. Técnicos e pesquisadores afirmam que a comercialização do cereal está mais lenta, mencionando uma inconstância na demanda ou mesmo uma retração do produtor, que evita vender agora à espera de oportunidades melhores.

Em Goiás, a Federação de Agricultura do Estado (Faeg) informou nesta terça-feira (25/4) que a cotação média no mercado disponível está em R$ 23 a saca de 60 quilos. A depender da região, os valores podem chegar a R$ 21 ou R$ 25. Em janeiro deste ano, a saca estava valendo R$ 30.

"Esse contexto se justifica pelas boas expectativas para a safrinha, recondicionamento dos volumes produzidos em relação a 2016 e demanda inconstante”, explica Cristiano Palavro, consultor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), no comunicado.

A área plantada com o milho de segunda safra em Goiás totalizou 1,26 milhão de hectares. A Aprosoja Goiás informa que, de modo geral, o desenvolvimento tem sido positivo. As plantações foram beneficiadas pelas chuvas até março. A expectativa é de uma colheita de 7,72 milhões de toneladas.

A situação é bem diferente da vivida no ano passado, quando uma forte estiagem provocou uma quebra de metade da produção. A safrinha de milho goiana foi estimada em 4,5 milhões de toneladas na safra 2015/2016.

As boas condições das lavouras neste ano está levando a uma queda também dos preços futuros do cereal. Levantamentos da Aprosoja e da Faeg mostram cotações entre R$ 18 e R$ 20 a saca para a entrega em agosto e setembro. A comercialização antecipada está mais lenta.

"O produtor não fica incentivado a travar o milho porque os preços nesses patamares não são remuneradores", afirma Palavro, também conforme a Aprosoja Goiás. “essa queda nos preços é bastante significativa e pode afetar consideravelmente a rentabilidade dos produtores", alerta.

Uma melhora nos preços depende, por exemplo, do início da safra nos Estados Unidos e o fim do período chuvoso no Centro-oeste do Brasil. Confirmados fatores como esses, pode haver uma volatilidade maior do mercado.

Em Mato Grosso, a comercialização da safra que ainda está no campo totalizou 42,9% até este mês, informa o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Em abril do ano passado, os agricultores já tinham vendido antecipadamente 82% da produção prevista.

Na semana passada, a cotação média no Estado chegou a R$ 19,55 a saca de 60 quilos, uma queda de 1,26% em relação à semana anterior. Em abril do ano passado, o preço estava superior a R$ 31 nessa mesma época.

Em algumas praças do Estado, a redução nas cotações do milho variam de 6,2% a 8,5% em um mês, a depender da região. Em Sorriso, a saca de 60 quilos chegou a R$ 18,80 na quinta-feira passada (20/4). Em Sapezal, o milho foi cotado a R$ 18,70 e, em Campo Verde, a R$ 21,05 a saca.

Maior produtor de milho do Brasil, Mato Grosso deve ter uma forte recuperação da produtividade das lavouras, com crescimento de mais de 30% em relação à safra passada. A expectativa do Imea é de uma colheita média de 96,6 sacas em cada um dos 4,5 milhões de hectares plantados (+7,7%), o que resultaria em uma produção total de 26,5 milhões de toneladas, 40,2 % a mais que na temporada 2015/2016.

No Estado, o que traz alguma expectativa de melhora nos preços recebidos pelo produtor é o anúncio de que o governo federal vai entrar no mercado. Foram reservados R$ 500 milhões de apoio à comercialização e previstos outros R$ 300 milhões para contratos de opção de venda.

“A adoção dessas medidas, nesse período, é de fundamental importância para escoar a produção e apoiar o produtor mato-grossense a conseguir comercializar seu produto acima do preço mínimo”, avalia o Imea, em boletim semanal.

Historicamente, Mato Grosso absorve mais de 90% dos recursos liberados pelo governo, diz o Imea. Na avaliação do instituto, a depender do preço e prêmio de escoamento, a abrangência do apoio pode variar de 4,5 a 13,6 milhões de toneladas. Acrescentando as opções de venda, pode variar de 5,5 milhões a 14,6 milhões de toneladas.

No Paraná, os preços também estão menores. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Secretaria Estadual da Agricultura, o valor médio chegou a R$ 20,75 na semana passada, uma oscilação de 0,24% em relação à anterior. Em abril do ano passado, o Departamento havia registrado uma média mensal de R$ 37,18 a saca de 60 quilos.

No Estado, a safra de verão é estimada pela autoridades estaduais em 4,6 milhões de toneladas, um aumento de 39% em relação ao ciclo 2015/2016 (3,31 milhões de toneladas). A estimativa do Deral para a segunda safra do cereal é de 13,66 milhões de toneladas, crescimento de 34% quando comparado com a colheita da safrinha do ciclo 2015/2016 (10,17 milhões de toneladas).

Já em São Paulo, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) registrou uma leve reação nos preços do milho. Entre os dias 13 e 20 de abril, o indicador com base em Campinas subiu 2,9%, chegando a R$ 28,60 a saca de 60 quilos. Na segunda-feira (24/4), o valor chegou a R$ 28,96.

“Essa alta nos valores está atrelada à retração de produtores no mercado spot. Insatisfeitos com o atual patamar de preços, vendedores se afastaram do mercado, à espera de continuidade da recuperação nas próximas semanas, o que, por sua vez, dependerá da necessidade de compradores em adquirir o produto”, diz o Cepea, em nota.

Ainda assim, a variação dos últimos dias não reverte o cenário atual de queda nos preços do cereal. O indicador do Cepea, que também serve de referência para os contratos futuros na bolsa brasileira, acumula desvalorização de 3,85% até o dia 24. Em março, os pesquisadores já haviam contabilizado uma baixa de 16,5%.

A produção nacional de milho, somando primeira e segunda safra, deve chegar a 91,46 milhões de toneladas, estima a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se confirmada a estimativa, seria um aumento de 37,5% em relação à temporada 2015/2016 (66,53 milhões de toneladas).

A primeira safra é estimada em 29,86 milhões de toneladas, 15,9% a mais que no ciclo de verão na safra passada. A “safrinha” pode render 61,60 milhões de toneladas, o que seria 51,5% a mais que no mesmo ciclo na temporada 2015/2016.

No relatório mensal referente a abril, quando a atualizou suas projeções, a Conab avaliou que os números confirmam a tendência de “significativo aumento” no plantio, mesmo com o cenário de baixa para os preços futuros do produto.

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