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Equoterapia revela um campeão
As sessões de equoterapia ajudaram Osmary Souza dos Santos a se tornar medalhista em Jiu-Jitsu
Acidente de carro mudou a vida de Osmary e a equoterapia ajudou no tratamentoCom força de vontade e empenho nos exercícios, Osmary Souza se tornou esportista e conquistou título de campeão mundial de Jiu-Jitsu
Há três anos, Osmary Souza dos Santos, de 30 anos, viu sua vida mudar repentinamente. Ele sofreu um acidente automobilístico e teve uma lesão medular, comprometendo a sensibilidade do corpo e o movimento do tronco e das pernas. Por causa do acidente e da lesão, Osmary ficou paraplégico. Mas o acidente não foi motivo para tirar a vontade de viver. Osmary conta que após o acidente mudou de Goiânia - onde recebia tratamento médico inicial de fisioterapeutas - para o município de Itumbiara. Ele teve receito de não poder dar continuidade ao acompanhamento. Porém, um amigo que mora na cidade falou sobre o Centro de Equoterapia Crescer, instalado no Parque de Exposição do município.
Esse mesmo amigo viu na internet que a equoterapia era indicada para pessoas com lesão medular. Sem perder muito tempo, Osmary procurou o Centro e começou a frequentar as sessões de equoterapia. Os resultados logo surgiram. “Hoje considero que evolui muito, já recuperei sensibilidade e agora consigo ter certo controle do tronco. Não consigo ficar sem frequentar a equoterapia. Tem um ano e meio que venho aqui toda semana. Além do trauma físico, as pessoas acidentadas chegam com traumas psicológicos, mas com a ajuda da equipe de profissionais fica mais fácil superar”, conta.
Agora, uma vez por semana, Osmary troca a cadeira de rodas pela égua Bolinha, por pelo menos 40 minutos do dia para sessões equoterepêuticas. Superação e determinação têm sido os objetivos de vida do jovem. “A gente chega no Centro desacreditado. Mas aqui o lema é provar que nenhum diagnóstico é definitivo. Por isso, provamos o contrário. Depois que sofri o acidente entendi que mesmo tendo limitações é possível ser feliz”, ressalta.
Antes de sofrer o acidente, Osmary não tinha contato nenhum com cavalos. A rotina mudou e hoje o momento da sessão de equoterapia é um de seus maiores prazeres. “Quando subo no cavalo, me sinto realizado. É um momento especial, onde tenho contato direto com o animal e volto a sentir movimentos. Isso me dá muita alegria”, explica.
Estímulo ao esporte
O amigo que mostrou a equoterapia para Osmary também lhe apresentou algo que ele nunca imaginava praticar, por causa da lesão medular: o esporte. A modalidade escolhida foi o Jiu-Jitsu. Após seis meses de treino, as medalhas vieram. Depois, ele se tornou campeão no estado de Goiás, Uberlândia e São Paulo, sendo que o último título é o de campeão mundial de Jiu-Jitsu, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. “Antes do acidente eu não montava em cavalos e nem praticava nenhum tipo de esporte. Depois que passei a frequentar a equoterapia, também passei a treinar o Jiu-Jitsu. Hoje sou bicampeão brasileiro, bicampeão mundial e recentemente primeiro cadeirante mundial do estado de Goiás a receber prêmio nos Emirados Árabes. Eu só tenho a agradecer a toda a equipe de profissionais da equoterapia. Jamais teria conseguido tudo isso sozinho”, diz.
Quem também comemora essas conquistas é a equipe de profissionais do Centro de Equoterapia Crescer, já que a fisioterapeuta Marcela Pereira Paganuccei acompanha Osmary desde o início. “A equoterapia é um trabalho físico, emocional e intelectual muito importante para todos que praticam. Conseguimos trabalhar na parte física, a correção de postura e na parte emocional, por exemplo, o exercício de dominar o cavalo faz muito bem ao praticante”, descreve a fisioterapeuta.
No Centro de Equoterapia, em Itumbiara, a equipe é formada por duas fisioterapeutas, um fonoaudiólogo, uma psicóloga e um professor de educação física. O paciente pode ser encaminhado para o local pela rede de saúde ou alguma entidade que atenda pessoas com algum tipo de deficiência. A busca por atendimento no Centro vai desde a correção da fala, postura, crianças encaminhadas por escolas por apresentar algum distúrbio de aprendizagem e acidentados como foi o caso de Osmary.
A evolução do tratamento de quem pratica a equoterapia vai de acordo com cada paciente. No caso de Osmary, a força de vontade e o empenho superaram as expectativas da equipe e surpreenderam a fisioterapeuta Marcela Pereira, que lembra que nas primeiras sessões ele não conseguia segurar as rédeas do animal.
O projeto de Equoterapia, desenvolvido no local, tem a parceria do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás), que nos últimos dois anos apresentou uma proposta moderna de integração para todos os Centros de Equoterapia do estado. Marcela Pereira explica que hoje as equipes são interligadas para a troca de conhecimento. O Senar Goiás também promove encontros anuais, consultorias de instrutores, além de uma rede de comunicação para orientar sobre parte organizacional e gerencial das unidades para implantar e manter os atendimentos. “Nos comunicamos por grupos de whatsapp, reuniões, encontros. Esse trabalho é pioneiro no país e tem feito a diferença na vida de muitas pessoas sem duvidas”, finaliza. Segundo a coordenadora do Programa Equoterapia do Senar Goiás, Pollyana Ferreira, atualmente estão em pleno funcionamento 29 centros ativos, 6 centros em fase de estruturação e 14 interessados em aderir ao programa.
Programa Equoterapia
Com o programa, o SENAR Goiás busca apoiar os Sindicatos Rurais rumo à realização de ações de responsabilidade social por meio da implantação de Centros de Equoterapia, contribuindo para a aceleração da reabilitação de pessoas deficientes e/ou com necessidades especiais diversas, tais como: paralisia cerebral, acidente vascular cerebral (derrame), lesões medulares, síndromes, TEA (Transtorno do Espectro Autista), psicoses, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), deficiência visual, deficiência auditiva, fobias, estresse, dependência química, entre outros. Para tanto, as articulações de parcerias locais são essenciais, destacando-se prefeituras municipais, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), Escolas Pestalozzi, universidades e centros de reabilitação e empresas em geral.
A parceria do SENAR Goiás, também foi estabelecida com a Associação Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil), para a qualificação da equipe multidisciplinar para atendimento equoterápico interdisciplinar a pessoas, especialmente do meio rural, que sejam deficientes e/ou com necessidades especiais utilizando o cavalo como ferramenta facilitadora. O Senar incentiva e promove a capacitação de recursos humanos para atendimento equoterápico e norteia, junto a Ande-Brasil, as diretrizes e preceitos do método Equoterapia em todo estado de Goiás, nos mais rígidos padrões de ética, como previsto em sua missão.
Assessoria de Comunicação do Sistema FAEG/SENAR-GO
http://www.senargo.org.br
Texto
: Francis Telles
Fotos: Larissa Melo