CNC orienta que cafeicultores não abram novas lavouras no Brasil
Depois de reiteradas informações sobre a crise hídrica capixaba e o aperto no fornecimento de café interno no Brasil, o mercado externo parece já ter precificado o impacto dos acontecimentos no maior país produtor do mundo. No início de abril, a Organização Internacional do Café (OIC) avaliou que com estoques cada vez maiores nos países importadores e perspectivas favoráveis para a safra de 2017/2018, no Brasil principalmente, abrandaram um pouco as preocupações com a oferta.
A OIC pontou, ainda, que “esse panorama, combinado com perspectivas cada vez mais positivas para a safra 2017/2018, indica que não haverá uma inversão do declínio gradual dos preços no mercado observado no presente momento”. O dado refletiu no posicionamento do Conselho Nacional do Café (CNC), que teme a queda de preços contínua nos próximos meses.
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Um dos escritórios de maior renome do país, o Escritório Carvalhaes, também se posicionou sobre a queda recente nos preços do café. “Ainda esta semana uma liderança das indústrias brasileiras de torrefação declarou que o abastecimento de café verde para o setor é crítico. O abastecimento é crítico, mas os preços caem”.
Renovação do Parque Cafeeiro
Em seu Balanço Semanal, o CNC reprovou “em pleno início da colheita de robusta e às vésperas dos trabalhos de cata do arábica, o crescimento da instalação de viveiros de mudas de café e a preparação do solo para novos plantios”. Para a entidade, o fato é extremamente preocupante, uma vez que vai na contramão das sinalizações do mercado mundial e acabará por ocasionar a expansão da área e o aumento desregrado da produção.
O texto foi divulgado na última quinta-feira (20/4) e nele o CNC afirma que “a renovação do parque cafeeiro precisa e deve ser feita com sensatez, com a revitalização das lavouras antigas em áreas já destinadas ao cultivo do fruto e não com a abertura de novas lavouras”.
O objetivo é não estimular excesso de oferta e, consequentemente, aviltamento dos preços. O CNC afirmou que está desenvolvendo um projeto de renovação do cinturão produtor que permita que as safras futuras atendam à crescente demanda, mas de maneira sustentável através do aumento da produtividade, que se dará por meio do plantio, em espaçamentos melhores, de novas variedades mais resistentes a pragas e doenças, mais produtivas e precoces, rendendo colheita a partir do segundo ano.
Os próximos passos desse projeto, de acordo com o CNC, devem envolver visitas a campo para contatos com nossas cooperativas e suas diretorias, de forma que identifiquemos as principais necessidades e as áreas que precisam de renovação de maneira mais pontual. A orientação do CNC é que a renovação deve ser feita de forma escalonada, não ocasionando impactos substanciais nas safras e nos preços, que atualmente se encontram nos mesmos níveis praticados em 1982.