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Aprendizado como prêmio
Vencedores do PER 2016 viajam à Argentina para conhecer os sistemas produtivos do país vizinho
Os vencedores do Programa Empreendedor Rural (PER) de 2016 do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do paraná (SENAR/PR) tiveram uma rotina diferente. Entre 8 e 15 de julho, os três primeiros colocados no programa, Gustavo Freyhardt, de Porto Vitória (Sudeste); Hezion Eduardo Naiverth, de Paula Freitas (Sudeste); e Carolina Porto, de Maringá (Noroeste) estiveram na Argentina, onde puderam conhecer o sistema produtivo daquele país, com direito a visitas a propriedades rurais e agroindústrias. A viagem é a premiação aos melhores projetos de empreendedorismo na agropecuária paranaense.
O roteiro teve como primeiro destino Buenos Aires, onde assistiram às apresentações da cooperativa AFA (Agricultores Federados Argentinos) e do Instituto Nacional de Associativismo e Economia Social do Ministério de Desenvolvimento Social da Nação Argentina. Na ocasião, os três vencedores puderam conhecer mais sobre o sistema de produção argentino e a situação econômica do país vizinho, que sofre atualmente com a inflação alta.
No segundo dia na capital argentina, os produtores do Paraná visitaram o Mercado Central, onde é feita comercialização de olerícolas direto dos agricultores. Também puderam conhecer mais sobre a famosa carne bovina argentina e a preocupação dos nossos vizinhos com a qualidade deste produto.
Depois a equipe seguiu viagem para a região de Mendoza, conhecida pela produção de uvas, azeitonas e vinhos. Ao longo dos dias, os produtores conheceram vinícolas, parreirais e plantações frutíferas.
Os sistemas de irrigação que tornam a região desértica altamente produtiva chamaram a atenção dos visitantes. Segundo a médica veterinária Carolina Ferreira Porto, de Maringá, alguns dos sistemas de irrigação visitados na viagem podem ser instalados em seus pomares de noz pecã. Ela possui atualmente 200 árvores e está plantando mais 200 mudas. “Ano que vem pretendo dobrar de novo”, adiantou. Seu projeto no PER 2016 teve como eixo principal a geração de renda na propriedade por meio da diversificação, que já está ocorrendo.
Carolina também obteve conhecimentos valiosos na visita a uma propriedade que produz pistache, na qual conheceu sistemas diferentes de irrigação e podas de inverno.
A irrigação também chamou a atenção do produtor de frutas e hortaliças, Hezion Naiverth. “Lá eles têm escassez de água, mas conseguem uma grande produtividade”, observou. A água é um tema central no seu negócio.
Seu projeto, que levou o segundo lugar no PER 2016, consistia no investimento de um sistema móvel de irrigação para plantação de melancia. Depois de colocar seus planos em prática, ele contou que o resultado superou as expectativas. “Planejei um aumento na produtividade de 25%, mas já passou de 30%”, comemorou. Segundo ele, o conhecimento adquirido na visita à Argentina levará para a vida. “Vai ser difícil fazer outra viagem igual.”
O produtor Gustavo Freyhardt também se surpreendeu com o que viu no país vizinho. “As soluções que eles encontram para a falta de água me chamaram a atenção. É uma realidade bem diferente da nossa”, observou o jovem, que está terminando este ano o curso de Medicina Veterinária. Seu projeto, que levou o primeiro lugar no PER 2016, refere-se à produção de leite, o que não tem relação direta com o que foi visto durante a viagem. Mesmo assim, Freyhardt considerou as experiências adquiridas bastante valiosas para o dia-a-dia na propriedade. “A viagem mostrou para gente como a produção pode ser intensa mesmo em uma região desértica como a de Mendoza”, afirma.
Semelhanças
É curioso perceber que quando conhecemos realidades diferentes, muitas vezes o que acaba se destacando são nossas semelhanças mais do que as nossas diferenças. Um dos aspectos que mais marcou os produtores brasileiros ao conhecer os sistemas de produção argentinos foi a importância da sucessão familiar, que também é um problema para o país vizinho; as dificuldades em conseguir mão de obra adequada para as atividades rurais; e o caminho inevitável da mecanização (que já é uma realidade no manejo de uvas).
“Eles têm um programa para jovens agricultores bem parecido com o Empreendedor Rural, e também estão preocupados com a sucessão rural”, observou Hezion Naiverth.
Segundo o supervisor do SENAR/PR da região de Mandaguaçu, Salvador Stefano, que acompanhou e deu suporte ao grupo durante toda viagem, na Argentina, como no Brasil, a agricultura só é viável quando conduzida de forma profissional. “Saber os custos do seu negócio na ponta do lápis é fundamental, por isso o PER é importante”, avalia.
O PER
Anualmente, o SENAR/PR, em parceria com o SEBRAE-PR e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Paraná (Fetaep), premia os melhores projetos de empreendedorismo no agronegócio do Estado. Ao longo do ano, os produtores que realizam o curso Empreendedor Rural, do SENAR-PR, aprendem a estruturar um projeto na sua propriedade. O objetivo é que os participantes coloquem na ponta do lápis todas as suas contas e estudem o ambiente econômico onde estão inseridos, de modo a orientar suas atividades empreendedoras de acordo com os estímulos do mercado. A gestão e o planejamento são ferramentas-chave neste processo. Depois de estruturados os projetos, os produtores podem inscrevê-los no concurso que premia as melhores iniciativas no final do ano, durante o Encontro Estadual de Empreendedores e Líderes Rurais, realizado em Curitiba. Os três primeiros lugares recebem como prêmio uma viagem técnica internacional.
Assessoria de Comunicação do Sistema FAEP/SENAR-PR
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