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Cotações elevadas estimulam o plantio

4 de junho 2018
Por CNA

Por: DCI

A escalada da cotação do dólar, que elevou os preços do trigo no mercado interno, incentiva os produtores nacionais a ampliar a área cultivada na safra 2018/2019. No norte do Paraná, principal estado produtor do cereal, a tonelada atingiu R$ 1 mil, avanço de 66,6% em um ano.

Apenas na última semana, a cotação aumentou 29,6% na região. “Desde que o dólar passou de R$ 3,30, as importações deixaram de ser vantajosas, o que abriu espaço para a valorização do trigo no mercado interno”, explica o analista da Safras & Mercado, Jonathan Pinheiro.

O Brasil depende do trigo importado, especialmente do argentino, para atender à demanda dos moinhos. O consumo interno é de aproximadamente 11 milhões de toneladas. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a Argentina deve ampliar em 7% a área cultivada, para 6,1 milhões de hectares. “Ainda assim, os preços estão elevados para a importação.”

A produção estimada pela consultoria para a safra 2018/2019 no Brasil, que está em fase de plantio, é de 6,2 milhões de toneladas, alta de 44,1% em relação ao ciclo 2017/2018. Vale a ressalva de que a temporada passada foi prejudicada pelo clima, que reduziu em 35% a produção ante o ciclo anterior.

A área cultivada na nova safra, por sua vez, deve aumentar 4% em relação ao ciclo passado, para aproximadamente 2 milhões de hectares, devido ao bom preço da commodity . A elevação mais significativa deve ocorrer no Paraná, que deverá semear um milhão de hectares, avanço de 7%.

“Muitos produtores que estavam em dúvida sobre investir na atividade estão optando pelo plantio do cereal, aproveitando os preços e a perspectiva de clima favorável”, avalia o analista de mercado.

Pinheiro ressalta que, embora o Paraná tenha registrado períodos de seca no começo do plantio, ainda há tempo para que as lavouras se recuperem. Até o dia 28 de maio, 68% da área prevista para a cultura havia sido semeada no estado, segundo o Departamento de Economia Rural do Paraná.

Diante deste cenário, as indústrias avaliam reajustar preços ao consumidor. “Sabemos que o aumento de preços inibe o consumo, mas como o valor dos produtos é baixo, a diferença não deve pesar tanto”, avalia o diretor comercial do Pastifício Selmi, responsável por marcas como Renata.

Reversão

Segundo maior produtor do cereal no País, o Rio Grande do Sul deve ampliar a área para 720 mil hectares nesta temporada, estima Pinheiro.

O presidente da comissão do trigo da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim, porém, aposta na repetição dos 700 mil hectares cultivados no ano passado. “A expectativa inicial de uma produção menor foi se revertendo com o aumento dos preços”, explica. No estado, a tonelada de trigo está cotada a R$ 850, alta de 46,5% em um ano e de 8,9% no último mês.

Conforme Jardim, a valorização da soja também tem sido um componente favorável ao aumento do cultivo. “Como estão mais capitalizados, os produtores da metade norte do estado têm maior disponibilidade para arriscar no trigo antes da próxima safra de soja.”